Crítica | Expresso do Amanhã – 1ª Temporada
Expresso do Amanhã (Snowpiercer no nome original) é uma série da Netflix que adapta a obra Le Transperceneige, uma graphic novel francesa. Ambientado em uma distopia pós-apocalíptica onde o mundo está tomado de gelo, a produção mostra os conflitos existentes em um trem que abriga os últimos sobreviventes do planeta. Divididos em classes sociais, os passageiros a bordo do trem Snowpiercer lidam diariamente com desigualdades e corrupções, o que gera diversas revoltas entre a população do mesmo. Ainda mais marginalizados, existem os ”fundistas”: um grupo de pessoas pobres que vivem literalmente no fundo do trem, pois não receberam o ”ticket” para entrar quando ele foi fundado.
A engrenagem da ”Locomotiva Eterna” foi projetada inteiramente por Mr Wilford, um homem misterioso que se torna uma espécie de messias para os passageiros. Como dito anteriormente, só adentrava no trem quem possuía tickets, e sob essa justificativa, os fundistas são forçados ao trabalho escravo, e sofrem diversos tipos de punições e torturas se não cumprirem com esta obrigação. É aí que a história começa. O protagonista do enredo é o fundista Andre Layton (Daveed Diggs), que já havia liderado diversas revoluções contra a elite do trem, todas sem êxito e com inúmeras mortes de aliados. Layton quer armar uma estratégia, que tem início quando Melanie Cavill (Jennifer Connelly), uma maquinista e porta-voz de Mr Wilford, o chama para resolver um assassinato na Terceira Classe.
Diante de tanta ação, a atuação de certa parte do elenco impressiona em alguns momentos. Daveed Digs se torna um líder nato, e é interessante ver a evolução de sua atuação ao longo dos episódios. Cabe destacar também a performance de Mickey Summer como Bess Till e Alison Wright como Ruth Wardell, ambas representando características opostas: Till faz parte dos operadores, seguranças que avaliam e investigam as atividades do trem, e ao longo da trama, ela começa a desconfiar da justiça exercida por Mr Wilford. Por outro lado, Ruth é cegamente seguidora de Wilford, chegando a considerá-lo como um ídolo inabalável, um verdadeiro salvador do mundo e mantenedor da ordem social. Annalise Basso também surpreende na pele da sociopata L.J Folger, filha de uma família rica e ambiciosa da Primeira Classe do trem, que por sua vez, possuem um importante papel no desenrolar da história de Expresso do Amanhã.
Um ponto positivo de Expresso do Amanhã, de fato, é a ótima dinâmica de seu enredo. São poucas as situações em que uma subtrama é arrastada, com pontas soltas ou sem sentido. Ela possui um início bem definido, meio consistente e um fim. Claro que, alguns twists são clichês, assim como a morte de seus personagens é amplamente previsível. Contudo, isso é deixado de lado por causa de suas consequências: Em Expresso do Amanhã, cada ação tem uma reação, que será abrupta e sem precedentes. Apesar de não ter um roteiro perfeito, a série cumpre o ”arroz com feijão” com facilidade. A variação no tom, de um drama, para um suspense inquietante, e até mesmo um suspense investigativo. Obviamente, não é a série mais violenta ou pesada da Netflix, porém existe uma forte tensão que é mantida constante ao longo da temporada.
A série nos ensina algo valioso: nada é o que parece ser. Cada detalhe, cada momento, pode ser revertido em um piscar de olhos, até mesmo o que parece impossível. Quando a série parece se encaminhar para um final de temporada comum, eis que surge o famoso ”gancho” para a próxima temporada. Este, que é surpreendente (de certa forma), demonstra que há muito o que descobrir sobre o Snowpiercer, o trem de 1.001 vagões.
Expresso do Amanhã está disponível na Netflix.
Nota: 4/5
Assista ao trailer:
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