Crítica | The Umbrella Academy – 2ª Temporada
Série original da Netflix, “The Umbrella Academy” viaja no tempo para uma segunda temporada excêntrica e emocionante. Significantemente mais impactante que a primeira, a nova aventura da família de heróis desajustados impõe obstáculos cada vez maiores aos seus personagens e oferece uma narrativa selvagem que excede todas as expectativas.
“The Umbrella Academy”, adaptada da saga homônima dos quadrinhos – criada por Gerard Way e ilustrada por Gabriel Bá – retorna às telas do streaming apostando, mais uma vez, nas peculiaridades que a tornaram um sucesso. Revisitando o drama familiar dos heróis mais imprevisíveis da Terra, a segunda temporada oferece doses ainda maiores de ação e de viagens no tempo – ao mesmo tempo que aposta em uma trama inteligente e elegante – e encontra êxito ao aprofundar a narrativa alucinante que provocou, literalmente, o fim do mundo.
Assombrados pelo apocalipse que devastou a Terra em 2019, os 6 irmãos da Academia Umbrella, e o fantasma de Ben – em uma tentativa desesperada de salvar o planeta – se perdem no tempo e acabam em Dallas, no Texas. Dispersos em épocas diferentes, os heróis, sozinhos nos anos 60, descobrem que o dia do juízo final os “seguiu” e que uma guerra nuclear arrasará toda a vida em menos de dez dias. Agora, procurando maneiras de se reunir, enquanto são caçados por assassinos cruéis, a família extraordinária deve desvendar as causas da iminente catástrofe e retornar para a sua linha do tempo original a fim de impedir outro apocalipse.
“The Umbrella Academy”, após uma estreia empolgante, porém irregular, em 2019, abraça as críticas que a classificaram como um entretenimento medíocre e agridoce e, sob o comando de Steve Blackman, criador da série, investe em uma remodelagem inventiva e promissora para transformar a sua segunda temporada em um deleite audiovisual. Confiante e, definitivamente, atraente, a aventura temporal sobre a instável família de heróis oferece uma narrativa fresca e detalhada, ao mesmo tempo que carrega consigo plots interessantes e performances fortes que se encarregam de, finalmente, mostrar o lado humano de seus personagens e de desenvolver os laços afetivos entre os membros da Academia. A construção da mitologia da saga é bem feita e, dessa vez, é interessante o suficiente para atrair todos os olhares.
A segunda temporada da série abre espaço para a visão ousada de Gerard Way e ultrapassa os limiares do gênero de super-heróis. Longe de qualquer convenção, os dez novos episódios da Netflix são apaixonantes e proporcionam momentos encantadores e excitantes que conjuram a melhor das experiências. Subvertendo as expectativas, “The Umbrella Academy” sabe o que quer ser – e é magnífica. Desde o início, o objetivo da produção é bem traçado e, enfim, dá a chance de os personagens principais desfilarem os seus extensos poderes – completamente controlados e desenvolvidos – em uma cena de ação incrível contra o exército soviético. Batalhando contra o fim do mundo, nada atiça mais a curiosidade do que a dimensão de suas habilidades. E então, todos morrem em uma explosão nuclear.
“The Umbrella Academy” mantém o charme enérgico que atraiu diversos olhares em fevereiro de 2019 e mantém aceso o humor seco – combinado com drama – que determinou o tom a ser explorado pela produção na adaptação dos quadrinhos de Gerard Way. Cativante, a segunda temporada da série excede qualquer expectativa e bombardeia o público com sequências arrepiantes e personagens fantásticos – enquanto os protagonistas são devidamente aprofundados, os secundários se destacam como surpresas fascinantes (destaque para Ritu Arya). Inclinando-se para o lado emocional, os desajustados da Academia têm o que merecem e dão mais do que o esperado.
Ambientada nos Estados Unidos dos anos 60, a segunda temporada aprofunda a sua narrativa e adapta às telas momentos históricos notáveis – assim como pautas importantes e significativas para discussão. Contextualizando o movimento dos direitos civis e o assassinato de John F. Kennedy na sua trama de viagem do tempo, a série tem a oportunidade de desenvolver as suas premissas e conferir um senso de gravidade maior à obra – que amadurece e acerta em cheio na abordagem dos temas. Tirando proveito do argumento original, a produção dá um salto de qualidade e conquista o espectador em uma trama viciante que nunca cai na monotonia – e usufrui de sua posição privilegiada para tratar do racismo, do machismo e da homofobia de maneira brilhante e necessária. A evolução da série de Steve Blackman é apreciável e rende frutos inesquecíveis.
“The Umbrella Academy” transcende o comum no gênero dos super-heróis e, ajustando os erros imperativos de sua primeira temporada, encontra o caminho certo para o sucesso. Capaz de percorrer, a passos largos, uma trilha de narrativas refinadas e de reviravoltas envolventes, o público se sentirá parte da família de heróis desajustados e vibrará a cada nova experiência. Se em 2019 vimos rachaduras, agora vemos união – e muita harmonia. Empolgante, a série da Netflix arranja uma roupagem completamente nova e, finalmente, entrega uma peça digna de nota que nos faz ansiar pela terceira temporada.
A segunda temporada de “The Umbrella Academy” estreia no dia 31 de julho.
Nota: 4,5/5
Assista ao trailer:
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