Oscar 2021 | Nomadland — Cada imagem de Chloé Zhao vale mais que mil palavras
O mundo é maior do que imaginamos. Dentro da bolha que residimos, nosso campo de visão não alcança todas as pessoas e suas diferentes experiências de vida. Então, um “viva ao cinema!” por oferecer esse alcance, pois sem a 7ª arte não existiriam filmes como Nomadland, que pegam na nossa mão, conduzindo-nos para uma viagem.
Comentar sobre o Oscar nos leva a falar sobre filmes, que por sua vez nos leva a falar dos diretores. Diretores nos fazem pensar em Oscar. E tudo se repete em um ciclo vicioso, que pode variar de pessoa para pessoa. Creio que os mais velhos, exploradores da extinta rede social chamada “Orkut”, se lembrarão do seguinte bordão: “O que falar dessa pessoa que mal conheço e já considero ‘pakas’?“. Pois bem, essa é a melhor forma de apresentar Chloé Zhao! Ela é a responsável pelo vindouro Os Eternos, filme que apresentará uma nova equipe da Marvel.
Agora que temos o contexto, vamos ao filme. De acordo com o dicionário, a palavra “lar” significa “a casa de habitação; domicílio familiar”. Mas, a vida não é tão simples assim e tal conceito pode não se aplicar a todos. “Lar” pode ser subjetivo para alguns. É isso o que Nomadland retrata: a vida dos nômades do século 21. Pessoas cujo lar está sobre quatro rodas, viajando em busca de “bicos” (empregos esporádicos). Fern, interpretada por Frances McDormand, é uma figura que não é representada pelo significado de lar que está no dicionário. Ela é a nossa carona para uma jornada sem destino. Aqui, o propósito é o Agora e as pessoas que estão ao redor.
Mas, o que de tão especial há em Nomadland? Será a fotografia que parece um conjunto de quadros? A montagem paciente? As atuações? Quem sabe, a temática? Muitos pontos de interrogação, eu sei. Pode ser tudo isso, sim. Talvez outros aspectos mais “pessoais”. No entanto, uma coisa é certa: Nomadland é uma grande viagem, literal e metaforicamente. Impossível não se encantar pela beleza natural das estradas. Uma montanha, uma onda, árvores e outros produtos da natureza. É aqui que entram as imagens.
Se tem algo que está na ponta da língua dos brasileiros são os ditados populares. A maioria cresceu cercado por ensinamentos condensados em poucas palavras. Hoje, a pessoa em questão não reside no Brasil. Mas, sua obra cinematográfica é um conjunto de imagens que valem mais que mil palavras. Chloé Zhao fala muito com pouco, expõe um contexto socioeconômico e cultural sem parecer que está “panfletando”. É a arte da sutileza.
O Diretor de Fotografia Joshua James Richards também merece os aplausos pelo seu retrato poético. Basicamente, o que ele faz são pinturas. A única diferença é que Joshua faz isso sem usar tinta, quadro ou pincel. Sua ferramenta é a lente da câmera.
Voltando para a pessoa que está no título desse artigo. Chloé Zhao faz tudo! E quando eu digo “tudo”, é tudo mesmo! Ela dirigiu, roteirizou, produziu e trabalhou na montagem de Nomadland. Isso sim é um trabalho autoral merecedor de cada conquista. Ouso dizer que Zhao é “gente como a gente“. Sorridente, simpática e tímida com as próprias conquistas. Basta rever suas reações ao conquistar o Globo de Ouro e o Critic’s Choice Awards. Mas, acima disso, essa característica se refletem no trabalho dela, pois Nomadland fala sobre pessoas, sem jamais estereotipá-las, longe de julgar o estilo de vida que poucos conhecem.
Ah! Vale ressaltar mais uma justificativa para ver esse filme. Uma razão que dispensa explicações: Frances McDormand.
Com meia dúzia de indicações, Nomadland concorre a Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Edição e Fotografia (com imagens que falam tanto, é justo a vitória nessa categoria!).
Anota aí. O Oscar acontecerá dia 25 de abril, domingo, a partir das 20h. A transmissão ficará por conta da TNT (TV a cabo) e Rede Globo.
Assista ao trailer:
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