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Meu Pai - Oscar 2021

Oscar 2021 | Meu Pai — Qual é o propósito de uma Montagem “caótica”?

No cinema, não é somente os heróis que possuem habilidades especiais. Filmes também têm superpoderes! Alguns, por exemplo, têm o dom de continuar conosco depois que os créditos acabam. Esse é o caso de Meu Pai, estrelado por Anthony Hopkins e Olivia Colman. Indicado ao Oscar de Melhor Filme, o drama é baseado em uma peça de teatro.

Chorar, sorrir, gritar e muitos outros verbos nascidos dos nossos sentimentos são produzidos quando estamos diante da tela, assistindo um filme. Essa semana, o indicado ao Oscar, Meu Pai, me despertou um amontoado de emoções. A maior de todas foi a “Confusão”. Isso mesmo! Você não leu errado. No entanto, isso não é um ponto negativo, muito pelo contrário, essa é a grande força do filme. Prometo que isso fará sentido antes do último ponto final desse texto.

Meu Pai - Oscar 2021
Meu Pai / Lions Gate / California Filmes

Um longa-metragem, antes de tudo, é uma história com começo, meio e fim. Essa é a explicação mais simples quando falamos de estrutura narrativa. Antes de ser comercializado, ele passa por uma série de “ajustes”. É nessa parte que entra a Montagem (também conhecida como Edição), com a função de selecionar e organizar os planos filmados. Assim, a história ganha ritmo e o conjunto de cenas se transformam em um filme.

A montagem é “quase” uma arte difícil de enxergar, mas fácil de sentir. Graças a ela somos transportados para uma cena de suspense, sufocados pela tensão. Através dela acompanhamos o caos presente em roteiros de ação (Matrix está aí como prova). E nos emocionamos com a “jornada do herói” em tramas de distopia, tal como a Katniss em Jogos Vorazes.

Em suma, esse processo cinematográfico, quando bem feito, fisga a nossa atenção, nos fazendo mergulhar dentro da história. Titanic, Forrest Gump e Tubarão são clássicos condecorados com a estatueta de Melhor Edição, e não é para menos. Esses são exemplos vivos de que a montagem é responsável para que o público se sinta dentro do filme.

Meu Pai - Oscar 2021
Meu Pai / Lions Gate / California Filmes

E o que há de tão especial na montagem de Meu Pai? Sinceramente, tudo! A trama do filme fala sobre um senhor de idade (Anthony Hopkins) que sofre de demência senil. Além da perda de memória e desorientação, um dos principais sintomas é a “confusão“. É nessa palavra que o Montador desenvolve todo o trabalho de edição, nos colocando para vivenciar a confusão mental que assola o protagonista. O que é verdade? Onde estamos? O que aconteceu? Quem é você? São tantas indagações feitas pelo personagem principal, que também sentimos essas questões dentro de nós.

Recentemente, escrevi sobre o filme O Som do Silêncio (Leia AQUI) e falei um pouco sobre como o “Design de Som” criou imersão usando a ausência de qualidade sonora. E a obra Meu Pai tem a mesma finalidade, visto que o propósito de sua montagem “caótica” é passar para o público uma experiência sensorial através das imagens. Ficamos perdidos entre verdades e achismos. Poderia ser o meu pai, ou o seu pai, ou de algum conhecido. Isso não é um balde de pessimismo que estou jogando sobre sua cabeça. Estou apenas fazendo você se imaginar nessa situação, pois é isso que o filme do diretor Florian Zeller faz!

Meu Pai - Oscar 2021
Meu Pai / Lions Gate / California Filmes

O longa recebeu 6 indicações: Melhor Design, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Ator, Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição. Uma certa intuição me diz que se O Som do Silêncio levar o Oscar de Melhor Som, Meu Pai ganhará a estatueta de Melhor Montagem.

Confira a crítica do filme AQUI.

Assista ao trailer:

Veja também: Nomadland — Cada imagem de Chloé Zhao vale mais que mil palavras.

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