Oscar 2021 | Bela Vingança — O jeito “Emerald Fennell” de colocar o dedo na ferida!
O cinema também é experimental, uma tela em branco capaz de projetar diferentes pinturas, despertando sentimentos variados como desconforto, medo e repulsa. Ainda que cheio de cores, Bela Vingança, dirigido e roteirizado por Emerald Fennell, usa desse artifício para transformar sua temática em um “soco bem forte”. Com um desfecho difícil de digerir, mas realista, a diretora cumpre seu papel: botar na dedo na ferida.
Atriz, diretora e escritora. Emerald Fennell tem um currículo gigantesco na indústria. Recentemente, ela escreveu a 2ª temporada de Killing Eve, entregando um texto “perigoso” e “afiado”. Aliás, esses são dois atributos maximizados na criação de Bela Vingança. Aqui, ela cria uma narrativa que flerta com a imprevisibilidade, sem filtros ou meias palavras. Com uma mensagem ácida, regada a suspense, drama e muitas reviravoltas, Fennell tem uma assinatura que se apega aos pequenos detalhes, tornando-os grandes.
Falar sobre o filme é como andar no “campo minado dos roteiros”. Tem que tomar muito cuidado para não pisar em uma bomba de “Spoilers“. Entretanto, assim como a diretora, que se apegou aos detalhes, tentarei ir pelo mesmo caminho.
Ao digitar “Promising Young Woman” (título em inglês) na caixa de pesquisas do Google Imagens, os resultados mostraram que no filme há uma grande predominância de três cores: Rosa, Azul e Vermelho. Veja:
Mas, o que cada cor tem a dizer sobre Bela Vingança e sua protagonista?
A Psicologia das Cores é um estudo que compreende as sensações que cada cor passa para o nosso cérebro. Vermelho está associado a intensidade, revolta, agressividade e força. Palavras que estão no cerne da narrativa, refletidas na paleta de cores do filme.
Azul está intrinsecamente ligado a “verdade”, principal elemento que move a jornada da protagonista Cassie (vivida pela excelente, e talvez ganhadora do Oscar, Carey Mulligan).
E quanto ao Rosa? Bom, essa é uma cor que representa cortesia, amabilidade e charme. Mas, quando misturado a outros tons, pode imprimir sedução, oscilando entre a imoralidade e a paixão. E qualquer semelhança com o roteiro de Bela Vingança não é coincidência. Rosa também simboliza a doçura das sobremesas, dos confeitos em vitrines recheadas de doces. E adivinhem quem trabalha numa confeitaria, cercado por guloseimas?
Há um significado mais preciso para o Rosa. Além de inspirador, quente e reconfortante, é uma cor calmante e não ameaçadora. Talvez, aqui tenha entrado o sarcasmo de Emerald Fennell ao subverter tais significados em seu roteiro, visando explorar as reviravoltas no terceiro ato. Falar mais sobre isso, seria o mesmo que entregar algum “Spoiler“.
Para muitos, as tonalidades serão apenas um detalhe em segundo plano, mas na verdade elas gritam mais coisas na tela do que podemos imaginar. A temática não é apenas dissecada no texto, na fotografia e no arco de personagens. Ela também é explorada através das cores, desde o primeiro frame até o último.
Detalhes. Esse é jeito “Emerald Fennell” de colocar o dedo na ferida. Com cinco indicações ao Oscar, Bela Vingança concorre a Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Direção, Melhor Roteiro Original e Melhor Edição.
Assista ao trailer:
Clique AQUI e fique por dentro dos indicados ao Oscar 2021 na categoria de Melhor Filme.
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.