Há 18 anos, “X-Men 2” hipnotizava os fãs com uma cena de abertura insana!
Quando o assunto são filmes de super-heróis, muitos lembram da icônica cena inicial de Batman: O Cavaleiro das Trevas, lançado em 2008. No entanto, cinco anos antes, Bryan Singer ousou ao extrapolar os limites da ação na abertura para o segundo capítulo do filme dos mutantes, em X-Men 2.
Há um elemento que cabe em qualquer gênero cinematográfico, a “curiosidade”. Terror, ação, drama e outras vertentes do cinema; todas possuem espaço para a criação de uma atmosfera densa, lapidada pela expectativa. Enquanto o público fica na beira da poltrona, ansioso, o filme injeta tensão e doses de mistério. A primeira cena, fala ou som, quando combinados em perfeita sintonia, são capazes de atrair a atenção das pessoas como um ímã. Portanto, o princípio de uma história é o contato mais importante com o espectador.
O começo de Titanic, por exemplo, leva o público a se perguntar: o que estão procurando nos destroços do navio? Matrix desperta diversas indagações acerca de Trinity e O Show de Truman usa a imagem para brincar com o nosso interesse. Todas essas cenas despertam curiosidade por um motivo bem simples: elas criam pontos de interrogação na nossa cabeça. É isso o que acontece nos cinco minutos e dezessete segundos iniciais de X-Men 2!
No começo do segundo filme dos mutantes, nossa curiosidade é alimentada a cada “frame”. Não sabemos o que está acontecendo, não sabemos quem está conduzindo o ataque (até certo ponto), não entendemos as motivações e tampouco o contexto. Nossa atenção é usurpada para dentro da cena porque o xeque-mate já foi dado: estamos entregues ao filme.
E o que configura a abertura de X-Men 2 como um marco na história dos filmes de heróis? Existem quatro pontos-chave que tornam esse começo um “abre-alas” histórico: A curiosidade (já citada), a trilha sonora, a coreografia e a presença de poucos diálogos.
Não é de hoje que a 1ª e a 7ª Arte se encontram para compor uma mistura sonora e visual difícil de esquecer. Passaríamos dias contabilizando a quantidade de trilhas sonoras do cinema que são embaladas por músicas clássicas. A sonoridade de Mozart atravessou as barreiras do tempo e sua composição “Dies Irae” — Requiem foi uma escolha de mestre que adicionou mais potência à abertura de X-Men 2. Uma espiada na letra da composição e podemos traçar algumas semelhanças com a cena: “Dias de ira, aquele dia. Em que o mundo se dissolverá em cinzas, como predito por Davi com Sibila. Como é grande o terror que está para vir. Quando o juiz vier para julgar todas as coisas severamente“.
Uma cena de luta, antes de tudo, é como uma dança. Todos os passos precisam ser milimetricamente estudados e decorados para que o confronto transpareça verdade, força e outras emoções ligadas às cenas de ação. Esse conjunto é levado como um lema e a equipe técnica responsável pela coreografia do filme ousou ao se arriscar em acrobacias e golpes aéreos. A gravidade não estava na equação e o resultado foi o personagem Noturno mostrando todo o perigo em potencial ao usar seus dons como “teleportador”.
A presença de poucos diálogos também é um fator determinante. A única frase que apresenta um contexto que será subvertido está nas falas da “Guia da Casa Branca” ao replicar o discurso de Abraham Lincoln: “Não somos inimigos, somos amigos”. Uma clara alusão ao conflito Humanos X Mutantes. Os demais personagens secundários estão ali para adicionar mais à camada contextual, como o grupo de seguranças gritando comandos que alavancam a ansiedade causada pelo risco iminente. Alan Cumming, o ator por trás da maquiagem e performance convincente, precisou apenas de um sibilo animalesco para ditar o tom da sua presença em cena.
No encerramento da abertura, uma mensagem poderosa, que se fortalecerá durante todo o filme, está escrita no objeto que por pouco não tirou a vida do Presidente dos Estados Unidos: “Liberdade já para os mutantes”.
Em suma, o pai de todas as pesquisas, vulgo Google, pode levar você a infinitas listas que enumeram as melhores cenas de aberturas dos filmes. Talvez, você encontre algo citando 2001: Uma Odisséia no Espaço, Halloween — A Noite do Terror ou Up — Altas Aventuras. Existem divergências, de fato, mas a cena de X-Men 2 fez por merecer seu local nesse rol de aberturas emblemáticas do cinema.
Assista a cena:
Veja também: Crítica | Vozes e Vultos.
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