Crítica | Pedro e Inês, O Amor Não Descansa
Baseado no romance “A Trança de Inês”, de Rosa Lobato de Faria, “Pedro e Inês, O Amor Não Descansa” é uma coprodução entre Portugal, França e Brasil sobre a trágica história de amor entre o rei D. Pedro I e a sua amante Inês de Castro. Dirigido por António Ferreira, o longa é inicialmente cativante e rende boas sequências, mas a partir do momento que investe em uma narrativa previsível, torna-se desgastante e não preserva a atenção do público.
Lançado em Portugal no dia 18 de outubro de 2018, tornando-se o filme mais visto do ano no país, “Pedro e Inês” foi exibido na World Competition do Festival Internacional de Cinema de Montreal, bem como na competição “Novos Diretores” da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no Festival do Rio, também em 2018. Retratando a história real de duas personalidades históricas da Corte Portuguesa – à medida que experimenta doses tempestivas de ficção -, o filme traz às telas a lenda do amor proibido que transcendeu o tempo, o espaço e a própria vida.
Em “Pedro e Inês, O Amor Não Descansa”, internado em um hospital psiquiátrico por dirigir com o cadáver de sua amada – na intenção de transformá-la em uma rainha depois de morta -, Pedro (Diogo Amaral) começa a recordar os acontecimentos de suas vidas passadas junto a Inês (Joana de Verona). Deslumbrado, ele descobre como foram todas as suas existências, que passam da Idade Média, até o presente e um futuro distópico. Durante as três épocas distintas da sua vida, Pedro e Inês se encontram e reencontram, vivendo aquela que pode ser considerada uma das maiores histórias de amor de Portugal.
Servindo como base para a fábula de Rosa Lobato de Faria, a Lenda de Pedro e Inês é, até hoje, conhecida como a versão lusitana de “Romeu e Julieta” (William Shakespeare), com a diferença que os protagonistas do romance português realmente existiram. Na cronologia dos fatos, Dom Pedro I, de casamento arranjado com Constança, se apaixona perdidamente por Inês de Castro e decide viver um romance proibido com ela, virando as costas para as suas obrigações matrimoniais. Indignado com as atitudes do próprio filho, o Rei Afonso IV, pai de Pedro, procura dar um fim às desventuras do jovem casal e acaba por ordenar o assassinato da amante, que é esfaqueada até a morte.
No entanto, quando Pedro se torna rei, ele desenterra o corpo de Inês e a coroa rainha de Portugal, protagonizando um dos momentos mais trágicos e marcantes da lenda. A partir de então, a história do amor que “superou a morte” tornou-se parte do imaginário e da cultura do povo português. Dessa forma, quando a lenda virou livro e o livro virou filme, o público lusitano pôde se reaproximar de uma herança importante e bastante singular, o que explica o sucesso doméstico de “Pedro e Inês, O Amor Não Descansa“. Além disso, graças à releitura do clássico literário, parte da história de Portugal tornou-se mais acessível para todo o mundo e colocou ainda mais luz sobre os locais onde se passaram os principais fatos desse conto, como o Jardim de Pedro e Inês e a Ponte Pedro e Inês, por exemplo.
Na adaptação dessa história, fazendo parte de uma “licença poética” para “remodelar” o romance entre Pedro e Inês, Rosa Lobato de Faria expandiu a mitologia da lenda portuguesa e a dividiu em três tempos: passado, presente e futuro. A ideia inicial seria desenvolver a relação do nobre casal por diversos períodos da História, dando a entender que o amor entre os dois foi “além-vida” e perdurou por diversas encarnações. No livro, e posteriormente no filme, o espectador é guiado por essas três “versões” do casal e, inicialmente, é totalmente cativado pela atmosfera sóbria e contemplativa do longa, que ainda entrega uma direção de arte notável e uma cenografia precisamente compatível à narrativa.
Porém, apesar das qualidades técnicas e de um elenco forte, a incessante exploração de três linhas temporais com, basicamente, a mesma história, transforma “Pedro e Inês, O Amor Não Descansa” em um filme previsível e bastante repetitivo. Em todas as situações, o casal vive um romance proibido e um fim trágico põe fim à sua relação. A única mudança realmente marcante é o cenário em que os atos se desenvolvem. Dessa forma, no decorrer das 2 horas de filme, o público acaba perdendo o interesse inicial e sente que não precisa assistir até os créditos finais. Finalmente, se tratando de uma história real, a adaptação de um dos maiores romances de Portugal é muito bem-vinda, contudo, à medida que peca no desenvolvimento e na estrutura, o longa desperdiça grande parte do seu potencial e se torna simplesmente esquecível..
Pedro e Inês, O Amor Não Descansa já está em cartaz nos cinemas do Brasil.
Nota: 2,5/5
Assista ao trailer:
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