Crítica | 3 Toneladas: Assalto ao Banco Central – documentário da Netflix detalha como foi o furto mais audacioso do Brasil
O documentário 3 Toneladas- Assalto ao Banco Central é mais um lançamento da Netflix do gênero ” true crime” baseado em um crime real que movimentou os noticiários e a polícia brasileira no ano de 2005 e nos meses seguintes ao acontecimento. Através de um túnel, ladrões invadiram o cofre do Banco Central do Brasil localizado em Fortaleza, no Ceará, e roubaram mais de 160 milhões de reais. Com depoimentos inéditos, inclusive de alguns integrantes do grupo de ladrões, esta série documental detalha como foi o assalto histórico , bem como os passos da polícia a desvendá-lo e mostra as consequências reais de um furto cinematográfico.
A plataforma de streaming Netflix já conta com variados títulos próprios de produções baseadas em crimes reais, a grande maioria em forma de documentários. Esse gênero instiga variadas discussões e atrai muitos telespectadores, alguns que já são fãs do gênero e outros por se mostrarem interessados por alguns crimes em específico.
O furto ao Banco Central de Fortaleza, mostrado no Documentário 3 Toneladas pode ser considerado um acontecimento digno de atenção e da repercussão tanto na época, como agora quando o documentário está disponível aos telespectadores por duas razões: os moldes do crime se assemelham bastante ao enredo de uma famosa série da Netflix chamada La Casa de Papel e o fato dessa semelhança inspirar certos sentimentos conflituosos de admiração e censura.
E a semelhança é tanta que desde a estreia de La Casa de Papel, em 2017, as pessoas já comentavam em tom brincalhão que a inspiração tinha sido o Assalto ao Banco Central de Fortaleza, ocorrido em 2005. O interessante da plataforma de streaming ser a responsável pela série L a Casa de Papel e por voltar a comentar sobre o crime real do Assalto, relatado em “3 Toneladas” é a facilidade de acesso às duas produções e a inevitável comparação de comportamentos entre uma situação hipotética fictícia e um caso real e todos os seus personagens e desdobramentos.
Após conhecer as duas histórias e analisar as motivações dos personagens principais desse enredo real, bem como acompanhar o trabalho incansável da polícia, percebemos que a a arte nem sempre imita a vida. E que o Brasil definitivamente não é para amadores.
O documentário cumpre seu papel ao seguir cada passo dos responsáveis pelo furto e de detalhar a participação de cada um a cada captura após meses de muita investigação e caçada. Um dos integrantes do bando até aceitou prestar depoimento para que seu relato constasse nos registros do documentário, preservando a sua identidade na hora da fala ao mesmo tempo em que a produção revela a identidade de todos os envolvidos no decorrer do documentário. E é interessante analisar as falas deste integrante para contrapor e até complementar com o relato minucioso dos responsável pela investigação e pelas prisões, que também acrescentam seus relatos à narrativa documentada.
E o cuidado com a narrativa foi tanto que a produção do documentário 3 Toneladas ainda se preocupou com a veracidade cenográfica para filmar simulações enquanto a história é contada. O túnel foi reconstruído em parte para poder mostrar a verdadeira dimensão de como eram as intalações e a passagem do túnel original, respeitando até as métricas originais. Nesta parte de recompor parte da atmosfera do túnel a produção também se preocupou com a cenografia, pondo nos lugares certos objetos que os policiais relataram ter encontrado enquanto percorreram o claustrofóbico caminho do cofre do Banco Central de Fortaleza até o esconderijo dos assaltantes. Tudo muito bem pensado para auxiliar na narrativa e na imersão do telespectador ao evento ali narrado.
Em alguns momentos, ao assistir o documentário, o telespectador pode se encontrar elogiando e até admirando a esperteza inicial do plano. Uma das pessoas chamadas a compor o quadro de profissionais a contar a história até menciona o quanto isso é extravagante. Mas estamos acostumados a assistir situações assim em séries com narrativas dispostas a nos conectar com o responsável e de certa forma entender a necessidade dele em cometer aquilo. No Documentário 3 Toneladas, por mais que tenham vezes em que a esperteza dos responsáveis é digna de admiração, assistir a história ser contada por quem ajudou a desvendá-la e participou da prisão dos envolvidos nos faz voltar à realidade. Não há glamourização do crime, há consequências.
O documentário “3 Toneladas- Assalto ao Banco Central” se divide em três episódios e não se resume em apenas detalhar o que aconteceu no Assalto ao Banco Central de Fortaleza, como também detalha os passos dos assaltantes antes e depois do crime, as operações policiais e as consequências jurídicas que cada envolvido sofreu, dando ao telespectador não só um documentário interessantíssimo sobre um crime nacional mas um retrato do crime organizado, um recorte de como ocorrem as operações policiais brasileiras e uma certa noção de Direito Penal.
Vale a pena assistir. O Documentário 3 Toneladas- Assalto ao Banco Central já está disponível da Netflix.
Nota 5/5
Assista ao trailer:
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