Crítica | A Bolha – Comédia alfineta problemáticas da indústria cinematográfica mas é menos engraçada do que pretendia ser
O filme A Bolha aborda, com muito humor, a situação de muitas produções cinematográficas realizadas em época de pandemia ao contar a história de um grupo de atores que foram contratados, durante o período pandêmico sem vacinas, para filmar a sequência de uma franquia de sucesso, enquanto estivessem confinados em um hotel, nomeado pelo produtor da produção como “A Bolha”. Mas o que parecia ser uma boa ideia se torna um verdadeiro caos, o que leva a equipe e os atores a se perguntar se é mesmo possível que o filme seja finalizado. A pergunta transcende o enredo do filme e chega ao telespectador que pode até se perguntar: esse filme foi finalizado?
No material de divulgação da comédia A Bolha muitos se questionavam sobre o que seria o filme. Trechos de cenas com dinossauros e títulos evocando um provável sexto filme de uma franquia conhecida chamada Cliff Beasts eram veiculados e confundiam os telespectadores, que aguardavam um novo filme de dinossauros. Isso até confunde no início, levando-nos a questionar se essa franquia realmente existe. Mas, apesar do material promocional de trailers fictícios e de alguns posteres com o elenco, devo alertar: não existem! A franquia é fictícia, mas com inspirações bem conhecidas, já que o próximo filme da franquia real Jurassic Park demorou para ser finalizado pelas constantes paralizações nas filmagens em tempos de covid.
Ao utilizar o contexto pandêmico de fundo para apresentar a história, o ambiente, ou “A Bolha” como eles próprios definem passa a se tornar não apenas um ambiente de trabalho , mas uma espécie de Big Brother, acarretando problemas de convivência, conflitos de egos, condições abusivas de trabalho e constantes reclamações sobre o roteiro péssimo do novo filme. Esses assuntos sendo tratados com certos toques de ironia e humor nos faz refletir sobre a similaridade daquele ambiente com o ambiente de estúdios de gravação pelo mundo afora e essa sacada faz o filme ser considerado mais interessante do que diretamente engraçado. Embora tenha seus momentos de humor inseridos na narrativa de forma espaçada.
O elenco é digno de blockbuster, característica comum dos últimos lançamentos da Netflix. Nomes como Pedro Pascal( The Mandalorian), Karen Gillan ( Guardiões da Galáxia/Doctor Who), Maria Balalova( Vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por Borat 2), David Duchovny( Arquivo X) são alguns dos destaques, mas conta também com participações de Daisy Ridley( Star Wars), Benedict Cumberbatch(Doctor Strange) e James McAvoy(Fragmentado). Podemos dizer que todos tem boletos a pagar, pois certamente não aceitariam fazer parte de um filme assim em circunstâncias normais. Ou talvez só quisessem se divertir. Certamente os bastidores foram divertidos para os atores, o que nem sempre resulta em um filme excelente.
Dente o elenco de estrelas, um dos que mais se destaca é Pedro Pascal e seu desvairado Dieter Bravo. É impressionante que o Pascal sempre consiga entender o papel quando lhe é dado, seja em uma comédia pastelão, seja em uma série spin off de Star Wars, seja como vilão de filme de super heroína. E em cada um deles ele consegue entregar tudo de si. No filme A Bolha ele mais uma vez deixa sua marca nas cenas mais absurdas possíveis. E ele sempre está ali, encarando aquilo como se fosse o papel da vida dele.
Boas notícias para os temerosos com o futuro trabalho dele como Joel no filme live action do jogo The Last Of Us: não se preocupem, ele com certeza vai encarnar o papel como deve ser.
Entre os atores não tão conhecidos pelo público, o destaque é do ator Harry Trevaldwyn( Gunther), que no filme é o responsável por se certificar que todos que estivessem confinados n’ A Bolha estiverem seguros e em perfeito estado de saúde. Ele sozinho e complementando a atuação dos demais foi responsável por cenas cômicas memoráveis.
Apesar da contextualização bem atual e das tiradas cômicas sarcásticas sobre diversos temas da indústria cultural, cinematográfica ou não, o filme é relativamente longo e poderia cortar metade de algumas cenas desnecessárias à continuidade da narrativa para que pudesse manter o telespectador interessado na história. Mas compensa os excessos fazendo piada de si mesmo e não se levando tão a sério. No final da história os personagens até comentam: um final bom às vezes compensa o meio do filme ser ruim. Sim, eles mesmos dizem isso. Admitiram o erro, mas entregaram o filme. Se a moda pegar, teremos discursos assim com muita frequência, não só em lançamentos de streamings mas em filmes de grandes estúdios.
O filme A Bolha está disponível na Netflix.
Nota 2/5
Assista ao trailer:
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