Crítica | Doutor Estranho no Multiverso da Loucura acerta em alguns pontos mas ressalta os erros da fase 4
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura finalmente está chegando aos cinemas mas assim como muitas das produções dessa fase 4 do UCM deve dividir opiniões.
Sinopse: “Em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, do Marvel Studios, o MCU liberta o multiverso e explora seus limites como nunca foi feito antes. Viaje pelo desconhecido com Doutor Estranho, que, com a ajuda de novos e velhos aliados, atravessa insanas e perigosas realidades do Multiverso para confrontar um misterioso novo adversário”
Um dos magos mais poderosos da Marvel está ganhando seu segundo filme solo após cinco anos de participações espaciais ao longo de lançamentos da Marvel Studios. Dessa vez ele não vem só, e traz consigo a Feiticeira Escarlate para co-protagonizar o filme. Com a saída de Scott Derrickson da direção do projeto solo do mago, o candidato da vez foi Sam Raimi, mesmo diretor da trilogia do Homem-Aranha protagonizada por Tobey Maguire. Com total liberdade criativa, Raimi consegue inserir novos conceitos para o UCM e confirmar que a casa das ideias pode sobreviver ao dar controle criativo para seus cineastas.
Assinando a direção, o veterano do terror traz as suas características mais fortes para o projeto e é impressionante o quanto a temática casa com o que Sam Raimi tem pra entregar. Apesar de ainda trabalhar sob a famosa fórmula Marvel, o diretor consegue transformar Doutor Estranho no Multiverso da Loucura em algo seu, transbordando “Raiminismo” na tela. Com toques de terror, suspense, muitos jumpscares e violência gráfica, a sequência de Doutor Estranho se sobressai por sair da curva em diversos aspectos técnicos e criativos.
A trilha sonora de Danny Elfman para Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é um dos pontos centrais do filme e que também merece a atenção do espectador. O trabalho musical do filme compõe as cenas com perfeição e em certo ponto se torna a estrela. já o trabalho sonoro como um todo pode parecer estranho mas vem em uma pegada mais de filme de terror para casar com o tom mais sério e macabro que Sam Raimi decidiu para a produção.
Ainda nos pontos altos estão as atuações que servem como um catalizador para prender a atenção do público. O destaque sem sombra de dúvidas fica para Elizabeth Olsen que consegue desmembrar as camadas de sua personagem e nos apresenta uma Wanda completamente surtada e tomada pelo poder do Darkhold. Em certos pontos chega a ofuscar o protagonismo de Benedict Cumberbatch, esse, que por sinal, também não está nada mal.
Mas partindo para os coadjuvantes, Benedict Wong e Xochitl Gomez, ultrapassam o limite do carisma com Wong ganhando ainda mais espaço para mostrar todo o seu potencial e America Chavez numa introdução que pode agregar demais na abordagem do multiverso mais para frente no UCM. O mais interessante talvez seja a volta de Rachel McAdams, que aqui não está solta como no filme anterior.
Em relação ao elenco, as participações especiais podem frustrar um pouco com quase todas tendo sido mostradas nos materiais promocionais. Se aproveitando da onda do Multiverso, a Marvel Studios está esbanjando nostalgia para engajar suas novas produções e pelo que parece atender as ideias dos fãs como algo descartável.
Ao mesmo tempo em que o roteiro de Michael Waldron inova em aspectos que se adequam a direção de Sam Raimi e traz novidades para o UCM, ele erra em continuar seguindo uma trama reciclada que já ficou batida após 9 episódios de WandaVision. Talvez esse nem seja um erro específico do filme, mas sim de planejamento dos engravatados e “embonezados” da casa. Dar uma redenção para a personagem em seu programa de TV e agora trazê-la como vilã novamente tornou a ideia do filme menos interessante e a constante sensação de “eu já vi algo parecido há pouco tempo”. Essa ideia poderia ter ficado facilmente para um filme da própria personagem ou uma segunda temporada da série.
Waldron foca tanto em se manter em cima da narrativa de Wanda que diversos outros personagens ficam devendo em desenvolvimento, como é o caso do próprio Doutor Estranho. Tal decisão prejudicou o andar da trama e até mesmo a abordagem mais significativa do Multiverso, com pequenas passadinhas aqui e alí, na verdade o filme se mantém em apenas dois universos. Diferente de Homem-Aranha: Sem volta para Casa, que trazia visitantes de outros universos, Multiverso da Loucura tinha a missão de transportar os personagens recorrentes do universo regular para outros mundos e mostrar mais possibilidades do que de fato mostrou.
O desenrolar da trama, mesmo que batido, ainda vai bem mas algumas motivações, justificativas, conveniências e saídas fáceis só reforçam que esse é um erro comum de todas as produções dessa fase até agora, incluindo séries e filmes; talvez o único que tenha se saído bem tenha sido a própria WandaVision e Eternos.
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é bom, mas isso está longe de ser suficiente para um filme que deveria ter proporções muito maiores e consequências permanentes. O conceito de Multiverso no geral, tema dessa nova fase, é incerto e confuso. até aqui tivemos três produções que abordaram o conceito, mas as produções em sí não se conectam realmente para dar uma resposta definitiva de quem é o responsável pelo caos multiversal. Mesmo que algumas declarações dadas por Kevin Feige revelem a origem, é necessário mostrar essa conexão em tela e fazer jus a fama de bom planejador. No fim fica parecendo que querem concertar furos de roteiro com entrevistas e apresentações em painéis de festivais.
Ainda sim, assim como Eternos, o longa de Sam Raimi é a prova de que a Marvel já pode trazer uma nova fórmula para seu universo e focar em diferentes gêneros para tonar a experiência do espectador mais diversificada e fazer valer as idas ao cinema.
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