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Crítica | Pureza – Filme baseado em história real faz uma denuncia ao trabalho escravo no Brasil

O longa, estrelado por Dira Paes, é um chamado de ação para que o público se torne um aliado na luta abolicionista no país.

Para falar “Pureza”, que estreia nos cinemas dia 19 de maio, é preciso abordar o contexto do filme, a escravidão moderna. O longa, antes de mais, é uma denuncia às condições precárias que trabalhadores rurais ainda enfrentam no Brasil. Além disso, a obra é um chamado para que o público se junto a luta contra o sistema escravocrata, que persiste em vários locais do país. A ideia principal do diretor Renato Barbieri ao misturar a ficção e o documentário foi fazer uma denuncia, contando uma história real.

O longa nacional acompanha a jornada de Pureza Lopes Loyola, mulher que vai em busca de seu filho, Abel (Matheus Abreu), que desapareceu enquanto seguia rumo ao garimpo no Pará, na década de 1990. Dona Pureza (Dira Paes), como é chamada, se emprega em uma fazenda como cozinheira na intenção de encontrar Abel. A mulher descobre, então, que seu filho e muitos outros, estavam trabalhando de forma análoga à escravidão em grandes propriedades rurais no estado. A personagem passa a presenciar a forma brutal como os trabalhadores eram tratados por seus superiores. Após ver torturas e mortes, Pureza ingressa em um movimento abolicionista para libertar pessoas que ainda estavam presas em um sistema escravocrata no Brasil.

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Foto: Divulgação

O filme ainda retrata a negligencia das autoridades politicas com relação às denuncias feitas por Pureza e outros ativistas. Na obra, fica claro que não é do interesse de todos que a escravidão seja abolida no país, principalmente nas regiões periféricas. Por isso, a mãe angustiada precisa ir à busca de provas concretas para comprovar que ainda existem trabalhadores escravizados no Brasil.

Crítica Pureza

O elenco faz um belíssimo trabalho, com um destaque especial para Dira Paes, que entra na pele da protagonista e atua perfeitamente bem. A atriz capta o sentimento de amor de uma mãe por seu filho, sem perder sua doçura e, com o perdão do trocadilho, sua pureza. Além de demonstrar a revolta e a luta necessárias para a composição de uma personagem humana, que via atrocidades acontecendo ao seu redor. Vale destacar também que Dona Pureza acompanhou o processo de produção do filme e deu seu aval para tudo que as câmeras capturaram. Além disso, Barbieri foi a campo para conversar com os trabalhadores que foram escravizados e resgatados, com a intenção de ter contato com mais relatos reais.

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Dira Paes e Pureza Lopes (Foto: Reprodução/Internet)

No geral, Renato Barbieri faz um bom trabalho como diretor e leva o espectador a uma reflexão maior após ver o filme. É uma obra para se emocionar com uma história de amor e luta de uma mãe por seu filho, mas também para se revoltar. É quase impossível que o público não se comova com todo o drama real que é representado nos 101 minutos de tela. O longa, inclusive, tem uma boa fluidez, na qual, o telespectador mal vê o tempo passar. A crítica que pode ser feita à obra é justamente essa, ela poderia ser maior, se aprofundando um pouco mais na história, que já é muito envolvente. O diretor poderia ter dado uma atenção especial ao reencontro da mãe com seu filho e detalhado um pouco mais esse momento. O filme deixa uma expectativa sobre o que vem depois do final, o que poderia ter sido mais explorado na tela.

Contudo, “Pureza” traz junto com sua biografia uma denuncia contra a escravidão moderna, que ainda faz vitimas em todo o país. Não há como desvincular o filme da realidade brasileira e tudo que a obra representa, um chamado para o abolicionismo da escravidão. O longa passa com muita clareza sua mensagem de que a Lei Aurea ainda não é real na prática, mesmo tendo sido assinada 133 atrás.

Nota: 4/5

Confira o trailer oficial:

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