Crítica | Jurassic World: Domínio – Final de franquia medíocre com boas cenas de ação
Jurassic World: Domínio se encarregou de finalizar sua trilogia traçando conexões mais fortes com Jurassic Park de forma mal trabalhada, com participações gratuitas e com inconsistências de roteiro da própria trilogia e a franquia como um todo.
Sinopse: Jurassic World: Domínio acontece quatro anos após a destruição da Ilha Nublar. Os dinossauros agora vivem – e caçam – ao lado de humanos em todo o mundo. Esse frágil equilíbrio remodelará o futuro e determinará, de uma vez por todas, se os seres humanos continuarão sendo os principais predadores em um planeta que agora compartilham com as criaturas mais temíveis da história.
Pra deixar claro, a sinopse acima vende o filme mais pela expectativa do público do que público quer ver do que pela própria trama em si. Jurassic World: Domínio limita o coexistência de humanos e dinossauros em um mundo moderno e como isso os afeta de fato. O roteiro de Emily Carmichael e Colin Trevorrow opta por explicações fáceis como uma narração e manchetes de jornais que atualizam o espectador sobre a situação mundial causada pelo domínio global dos dinossauros e suas incontáveis espécies.
Essa é uma técnica muito usada para enxugar a trama e ainda manter o espectador ciente de acontecimentos que ocorrem fora da tela mas que ainda geram impacto para a trama. Quando bem trabalhada, esse artifício beneficia o desenvolvimento do filme trazendo respostas necessárias. Em Jurassic World: Domínio o método se encaixa de maneira positiva, mas tira todo o impacto dos acontecimentos deixados por “Reino Ameaçado”, praticamente ignorando de certa uma continuidade para a trama do segundo filme da nova trilogia da franquia, algo muito parecido com o que aconteceu com a nova trilogia de Star Wars.
Colin Trevorrow reabriu a franquia Jurassic Park de forma coesa inserindo o grande clássico na cultura pop para toda uma nova geração. No segundo filme, tivemos a saída do diretor, que foi substituído por Juan Antonio Bayona, que optou por decisões criativas diferentes. Agora com o retorno de Trevorrow, ‘Domínio’ deixa claro que os planos do cineasta eram bem diferentes, tirando o peso da trama de Bayona, que por sinal era mais interessante, causando uma incoerência e inconsistência para a trilogia Jurassic World, finalizando a história de maneira decepcionante e medíocre, diferente do que foi feito no início.
A impressão que fica é de que Jurassic World: Domínio trata a coexistência de humanos e dinossauros como algo do tipo “não posso ignorar porque é algo que já não dá pra remover, mas também não precisamos torná-la a trama central”. Trevowrroy e Carmichael decidem focar numa trama humana e familiar desinteressante com toques de “O Clone” de Glória Perez, que teria potencial se o filme não fosse sobre dinossauros.
Apesar dos pesares, a direção do cineasta é satisfatória para o que o filme se propõe, mesmo que de forma errada pela sua prticipação no roteiro do longa. O diretor consegue extrair o máximo da tensão em ótimas cenas em que dinossauros perseguem humanos e o pavor e claustrofobia quando não há escapatória dos dentes e das garras dessas criaturas.
O destaque fica pra trilha sonora de Michael Giaccino que dá o tom pro filme com uma sonoridade marcante que muitas das vezes se sobressai, atraindo mais o espectador pra imersão do filme. Por diversas vezes o filme é cansativo, mas a trilha sonora de Giaccino reacende a vontade de quem fica plantado na poltrona pelas longas duas horas e vinte e sete minutos.
A volta do elenco original segue o péssimo padrão do que a Marvel Studios vem fazendo em suas atuais produções (a nível de comparação), querendo garantir bilheteria em cima de nostalgia para abafar a má qualidade e incoerência da fase atual de sua franquia. A volta de Jeff Goldblum, Laura Dern e Sam Neill é meramente gratuita e a trama de seus personagens toma tempos preciosos para desenvolver a escala global de ‘Domínio’, reduzindo a trama mais uma vez para um ambiente limitado com poucas explorações, tomando o posto de trama principal. De certa forma, a volta da Dra. Ellie Sattler e do Dr. Ian Malcom até que se complementam, mas Alan Grant fica perdido, limitando o personagem à retomada de um romance clichê que facilmente poderia ter sido cortada do filme.
Dern veste mais uma vez a pele de sua personagem e se mostra bem a vontade e feliz por isso. Apesar dos pesares, quem se destaca nesse retorno é Goldblum que fica responsável pelas melhores tiradas cômicas em momentos apropriados, com seu jeito irreverente quase difícil de distinguir quem é o ator e quem é o personagem; sem dúvidas é o principal personagem de sua carreira.
já no elenco novato, Chris Pratt fica mais perdido que cego em tiroteio, com seu personagem apático que pouco importa e não causa sentimento algum ao espectador. Bryce Dallas Howard é quem se sobressai dando novas camadas à sua personagem que era o oposto em outros filmes, e dessa vez o protagonismo é seu. o resto é classificado como figuração que marca presença pra encaixar pontas soltas na trama.
Excepcionalmente, saindo um pouco do foco crítico e técnico, focando mais no público geral e fazendo uma perspectiva, é importante frisar que para quem busca diversão e entretenimento o filme pode ser uma baita experiência pelas ótimas cenas de ação que o filme tem. Jurassic World: Domínio continua a tradição dos novos blockbusters que se tornam uma experiência e que são feitos para serem assistidos no cinema, de preferência em uma sala especial como IMAX, XPlus ou 4DX.
Jurassic World: Domínio peca em seu desenvolvimento, escolhas criativas, nostalgia gratuita e traz um final sem peso e sem a escala épica que um final de franquia merece, principalmente uma que moldou toda uma geração de cinéfilos e foi responsável por reinserção na cultura cinematográfica de uma nova geração. O longa se salva da frustração pública pela qualidade impecável de sua trilha sonora e dos momentos de ação que são compensatórios. Partindo pra suposição, se o final de ‘Reino Ameaçado’ fosse o final de ‘Domínio’, a história do terceiro filme poderia ter se encaixado melhor, finalizado bem a franquia e com um final que abriria margem para spin-offs e quem sabe uma série.
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