Crítica | Urso do Pó Branco não investe tanto no “absurdo” quanto deveria
O filme Urso do Pó Branco consegue capturar o espectador com seu começo, uma introdução satisfatória sobre a época em que a estória está acontecendo, com uma musica de rock anos 70, governo Nixon e o figurino dos personagens, e não demora para mostrar para qual caminho o filme vai tomar quando se trata de proposta.
Porém, mesmo em sua proposta, a diretora se mostra com medo de investir naquilo que o espectador está esperando: que é a violência fantástica que um urso drogado pode causar. Algo que é afetado pelo excesso de narrativas. Por incrível que pareça, é um filme que faz questão de colocar muitos arcos envolta da droga que caiu em tal espaço por acidente.
Mesmo a introdução do filme avisando de forma explicita ao expectador que não é uma obra para ser levada tanto a sério, existe construções de narrativas com fio dramático que não ajudam em contexto nenhum as outras narrativas que são mais cômicas e cativantes ao público. Vide o arco dos personagens Daveed, Eddie e Stache(interpretados por O’Shea Jackson Jr., Alden Ehrenreich e Aaron Holliday) que tem o arco mais cômico de todo filme, mesmo as cenas que o Urso não está presente. Cena que tem a participação do Delegado Bob(interpretado por Isiah Whitlock Jr.)
A direção consegue captar bons planos fotográficos ao longo da narrativa e tem um trabalho funcional em seu conjunto técnico. Mesmo que as sequências que são gravadas a noite sejam feitas de forma desleixada, e bastante escura, algo que distancia o espectador da obra no momento em que tem que forçar a vista, para poder enxergar oque está acontecendo em cena.
A participação do personagem Syd(interpretado por Ray Liotta) e o arco da Sara com a Dee Dee(interpretadas por Keri Russell e Brooklynn Prince) são desnecessários, além de serem o fio condutor dramático desnecessário para essa obra, que em nenhum momento exige isso, atrapalham toda a condução da narrativa que funcionaria naturalmente, e de forma muito mais efetiva, sem ambos.
O personagem Henry(interpretado por Christian Convery) consegue ser um alívio cômico bem utilizado no início da trama, mas que acaba se perdendo pelo arco que foi citado no último parágrafo. E o arco envolvendo a relação pai e filho dos personagens Syd e Eddie é mal desenvolvido e aplicado. Principalmente, pela direção tentar mostrar dramaticidade entre dois personagens que não tem nem tempo de cena juntos para criar alguma carga dramática sequer.
Obviamente, não esquecendo do Urso, as cenas de morte e violência são o ponto chave do filme ser “suportável”, principalmente as cenas envolvendo a ambulância e a Guarda Florestal Liz(interpretada por Margo Martindale) com o grupo de delinquentes na barraca. O filme podia navegar no absurdo que é proposto com as cenas de violência e com o arco dos personagens que estão em busca da Droga, mas ao tentar investir em outros arcos dramáticos e deixar de lado oque o espectador está buscando no filme, torna só mais uma obra mal aproveitada no que poderia ter tido uma fácil resolução.
Urso do Pó Branco tem violência, mas nem tanto; é engraçado, mas envolve um drama mal realizado e tem um trabalho técnico satisfatório, mas apenas isso. Mesmo sendo um filme que consiga tirar algumas gargalhadas, peca ao tentar entreter o espectador, até mesmo com o mínimo. Sendo só mais uma obra esquecível ao espectador, que, de longe, terá sua expectativa correspondida.
Nota: 2/5
Assista ao Trailer:
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.