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Crítica | Urso do Pó Branco não investe tanto no “absurdo” quanto deveria

O filme Urso do Pó Branco consegue capturar o espectador com seu começo, uma introdução satisfatória sobre a época em que a estória está acontecendo, com uma musica de rock anos 70, governo Nixon e o figurino dos personagens, e não demora para mostrar para qual caminho o filme vai tomar quando se trata de proposta.

Porém, mesmo em sua proposta, a diretora se mostra com medo de investir naquilo que o espectador está esperando: que é a violência fantástica que um urso drogado pode causar. Algo que é afetado pelo excesso de narrativas. Por incrível que pareça, é um filme que faz questão de colocar muitos arcos envolta da droga que caiu em tal espaço por acidente.

Mesmo a introdução do filme avisando de forma explicita ao expectador que não é uma obra para ser levada tanto a sério, existe construções de narrativas com fio dramático que não ajudam em contexto nenhum as outras narrativas que são mais cômicas e cativantes ao público. Vide o arco dos personagens Daveed, Eddie e Stache(interpretados por O’Shea Jackson Jr., Alden Ehrenreich e Aaron Holliday) que tem o arco mais cômico de todo filme, mesmo as cenas que o Urso não está presente. Cena que tem a participação do Delegado Bob(interpretado por Isiah Whitlock Jr.)

Urso do Pó Branco é dirigido pela diretora e atriz Elizabeth Banks e é o último trabalho do ator Ray Liotta, que faleceu em 26 de maio, do ano passado(2022).
Urso do Pó Branco | Universal Pictures

A direção consegue captar bons planos fotográficos ao longo da narrativa e tem um trabalho funcional em seu conjunto técnico. Mesmo que as sequências que são gravadas a noite sejam feitas de forma desleixada, e bastante escura, algo que distancia o espectador da obra no momento em que tem que forçar a vista, para poder enxergar oque está acontecendo em cena.

A participação do personagem Syd(interpretado por Ray Liotta) e o arco da Sara com a Dee Dee(interpretadas por Keri Russell e Brooklynn Prince) são desnecessários, além de serem o fio condutor dramático desnecessário para essa obra, que em nenhum momento exige isso, atrapalham toda a condução da narrativa que funcionaria naturalmente, e de forma muito mais efetiva, sem ambos.

O personagem Henry(interpretado por Christian Convery) consegue ser um alívio cômico bem utilizado no início da trama, mas que acaba se perdendo pelo arco que foi citado no último parágrafo. E o arco envolvendo a relação pai e filho dos personagens Syd e Eddie é mal desenvolvido e aplicado. Principalmente, pela direção tentar mostrar dramaticidade entre dois personagens que não tem nem tempo de cena juntos para criar alguma carga dramática sequer.

Urso do Pó Branco é dirigido pela diretora e atriz Elizabeth Banks e é o último trabalho do ator Ray Liotta, que faleceu em 26 de maio, do ano passado(2022).
Urso do Pó Branco | Universal Pictures

Obviamente, não esquecendo do Urso, as cenas de morte e violência são o ponto chave do filme ser “suportável”, principalmente as cenas envolvendo a ambulância e a Guarda Florestal Liz(interpretada por Margo Martindale) com o grupo de delinquentes na barraca. O filme podia navegar no absurdo que é proposto com as cenas de violência e com o arco dos personagens que estão em busca da Droga, mas ao tentar investir em outros arcos dramáticos e deixar de lado oque o espectador está buscando no filme, torna só mais uma obra mal aproveitada no que poderia ter tido uma fácil resolução.

Urso do Pó Branco tem violência, mas nem tanto; é engraçado, mas envolve um drama mal realizado e tem um trabalho técnico satisfatório, mas apenas isso. Mesmo sendo um filme que consiga tirar algumas gargalhadas, peca ao tentar entreter o espectador, até mesmo com o mínimo. Sendo só mais uma obra esquecível ao espectador, que, de longe, terá sua expectativa correspondida.

Nota: 2/5

Assista ao Trailer:


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