Vagabond | invencível é apenas uma palavra
Se eu tivesse que listar as obras que mudaram minha vida, com toda certeza Vagabond estaria no top 3. Isso se deve ao fato de que desde minha infância consumo mangás, animes e tokusatsu, e a temática que sempre gostei mais foi a de samurais. Afinal, é algo extremamente chamativo: espadas e cabelos grandes, além de histórias extremamente boas. Lobo Solitário, por exemplo, inspirou o gênio Frank Miller a escrever Ronin. Mas a obra que considero a melhor de todas, não só de samurais, mas sim de mangás, é Vagabond.
Vagabond é inspirado na vida de Miyamoto Musashi, considerado o maior samurai e um grande filósofo, escritor de uma obra maravilhosa. É sério, é uma daquelas coisas que mudam o jeito de ver o mundo, o maravilhoso livro dos 5 anéis. O que torna esse mangá ainda mais maravilhoso é o autor, Takehiko Inoue, que também escreveu Slum Dunk, que é divertidíssimo. Sério, eu poderia falar dias sobre o porquê de cada volume desse mangá ser bom, mas por agora, vamos falar: O que è o invencível?
Depois do encontro com Inshun e da despedida dele no volume 5, Musashi sai em busca de um novo dojo com o objetivo de buscar a invencibilidade. Mesmo após controlar toda a sua fúria e descobrir que ele não é tão forte quanto achava, ele ainda tem essa ideia de ser invencível, mas até quando?
A caminho de outro dojo, Musashi encontra Jotaro, que anteriormente havia pedido para ser seu discípulo, mas foi negado por Musashi, que acreditava que Jotaro só o atrapalharia. No entanto, agora que Musashi está mais maduro, ele percebe que pode ter mais pessoas ao seu lado sem desviar do caminho da espada.
Ao chegar ao dojo, há uma passagem maravilhosa em que Jotaro acha que vão rir dele por querer desafiar o lendário espadachim Yagyu, mas Musashi calmamente responde: “Os céus não vão rir”. Meu Deus, que passagem maravilhosa! Ver Musashi amadurecendo e se conectando com a natureza é algo incrível e me fez amar ainda mais essa obra quando li pela primeira vez.
Passando algumas páginas, percebemos que o grande mestre Yagyu está velho demais e já está pronto para passar seu bastão para seu neto, Hyogonosuke, que é tão habilidoso quanto Yagyu. Enquanto isso, Musashi está hospedado em um lugar, esperando a oportunidade de desafiar Yagyu, mas ele nem imagina as condições em que o mestre se encontra.
Musashi acaba recebendo uma flor de Otsu, e o que intriga Musashi é quem cortou aquela flor. Mesmo indo para a floresta cortar algumas, ele não consegue, porque seu corte está destruindo as flores. Aquela flor parecia viva, mesmo sem estar na terra. Vemos que a lâmina de Musashi ainda tem sede de sangue e ele ainda tem sua fúria. O valor da vida e da morte está entrando cada vez mais na cabeça de Musashi.
E ele percebendo que sua lâmina mata a flor, mostra que ele está começando a entender o valor confuso que tem pela vida. Ele entende que ela tem valor, mas aquele ideal de ser invencível o confunde sobre o quão valorosa a vida é. Olha a evolução do personagem alguns volumes atrás, ele só queria saber de morte e violência, e agora está entendendo tudo. Sério, eu amo esse mangá.
Passando algumas páginas, Musashi entra no castelo, enviando uma carta com a flor perguntando quem a havia cortado. Os netos do Yagyo o deixam entrar apenas para saber que tipo de homem ele é. Ele fica animado com a ideia, pois essa seria a oportunidade perfeita para chegar até Yagyo, mesmo que para isso tenha que derrotar todo o castelo. Enquanto ele pensa nisso, ele não para de tremer, usando dois cobertores em um dia quente. Ele entende o quão grandioso é o que ele quer fazer.
No dia seguinte, ele chega ao castelo e fica surpreso porque os netos do Yagyo não queriam lutar de maneira alguma. Mesmo provocando-os, Musashi não consegue fazê-los lutar, o que o deixa confuso, já que ele não conseguiu ferir a honra daqueles samurais, enquanto todos os outros que ele encontrou foram mais fáceis de provocar.
Após Jotaro criar uma confusão, começa a luta de Musashi contra quatro mestres. Isso é sentido, já que aqueles quatro não eram simples soldados, e os quatro mestres também sentem, já que Musashi consegue desviar de todos os golpes, pois agora ele vê através deles. É nesse combate que vemos o que mais tarde se tornaria o lendário Niten Ichi Ryu, o estilo de duas espadas.
E os outros samurais acham que aquilo é um desespero de Musashi, mas o que não esperavam é que Musashi iria usar a espada de madeira como distração, jogando-a na cabeça de um dos samurais. Assim, ele aproveita a oportunidade para correr para uma ponte, onde ninguém poderia cercá-lo. A força de Musashi é posta à prova quando ele quebra a espada de um dos mestres enquanto desvia de todos os seus ataques. Musashi usa tudo o que tem ao seu redor para ajudá-lo, seja pedras, a ponte ou o rio. Musashi não estava sozinho. Sua expressão era calma e focada, algo incompreensível para seus oponentes.
Mas as coisas saem do controle e Musashi cai no rio. Acaba fugindo e está tudo bem. Ele derrotou aqueles inimigos e sabe disso. Além disso, o foco dele é o Yagyo. Após Otsu o esconder, ele encontra Yagyo e o confronto que ele nunca poderá vencer começa. O mestre estava doente e dormindo, mas isso é o que Musashi pensava. No entanto, ele estava enganado.
Enquanto estava prestes a matar Yagyo, Musashi acaba tendo lembranças de seu pai, o homem invencível que fez essa paranoia entrar em sua cabeça. Ele lembra de todas as vezes que tentou matar seu pai e de todos os momentos ruins que passou com ele. Quando ele ia atacar Yagyo, uma cópia de si mesmo o detém, lembrando-o de seu passado violento. E quando ele olha nos olhos do mestre, ele vê uma ilusão de paisagem e ouve seu pai dizendo que ele é o filho do invencível, e que deveria se tornar igual a ele.
Mas o que era o pai de Musashi? Ele era um medroso que tinha medo de tudo e todos, porque se alguém o vencesse, ele não teria mais o título de invencível. Ele até tinha medo de seu próprio filho. Musashi questiona Yagyo sobre o que é ser invencível, e o mestre responde: ‘Invencível é apenas uma palavra.’ Naquele momento, Musashi vê pela primeira vez alguém que tinha uma lâmina no céu e na terra, e de todos os seus oponentes, nenhum era um mestre como aquele tinha sido.
Derrotado, Musashi foge dali, questionando várias vezes o que o mestre disse. A palavra “invencível” estava nublada em sua mente, ela não fazia mais sentido. E quando ele tenta focar sua mente novamente, ele olha para a ponte e vê Otsu esperando por ele. Agora, Musashi sabe que tem coisas mais importantes em sua vida, mas ele se nega a tê-las por medo de morrer e acabar arruinando a vida de Otsu, que o ama demais. Agora, ele reconhece isso e a deixa para trás por esses medos. O capítulo termina com ele partindo para entender o próximo passo de sua jornada.
Sério, ver o Musashi duvidando de sua invencibilidade e quebrando por completo é maravilhoso de acompanhar, e saber que ele só melhora ao longo da história faz dessa obra incrível de todas as maneiras possíveis. Sério, leiam Vagabond, vocês não vão se decepcionar.
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