CRÍTICA | Oppenheimer – Uma realização cinematográfica como poucas vezes vimos
Chega aos cinemas de todo o Brasil nesta quinta (20), Oppenheimer, o mais novo épico do aclamado diretor Christopher Nolan.
Sintetizar Oppenheimer a apenas mais um filme de guerra é uma enorme simplificação, no longa Nolan de fato enxerga e transmite uma das histórias mais importantes da humanidade, a criação da bomba atômica.
Uma tragédia anunciada sobra a natureza humana, o impulso inato de provar que podemos sim controlar o incontrolável, mostrando vulnerabilidade, emoção e humanidade tão crus que traz a tona um certo ar de empatia para com o personagem principal.
Vemos a história de Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), que foi o diretor do Laboratório Nacional de Los Alamos durante a Segunda Guerra Mundial e normalmente é creditado como o “pai da bomba atômica” por seu papel no Projeto Manhattan, o empreendimento de pesquisa e desenvolvimento que criou as primeiras armas nucleares.
O filme desconstrói sua mentalidade e seu personagem de uma forma que é tão naturalmente fascinante e cheia de camadas, abordando as implicações morais de suas ações e o tormento que ele sofreu como resultado de sua criação.
Nas telas vemos o melhor desempenho da carreira de Cillian Murphy, ele hipnotiza o público a cada fala de seu personagem, realmente vive o personagem e o seu peso para a história. Em geral temos excelentes atuações, com Robert Downey Jr. liderando o grupo de coadjuvantes, em um papel que deve lhe render uma indicação merecida ao Oscar, tão esplêndido quanto Murphy, faz muito com o que poderia ter sido apenas mais um personagem. Sem esquecer da deslumbrante Emily Blunt vivendo o papel de esposa de Oppenheimer, Kitty, que quando acionada entrega com louvor.
Isso também se aplica a todo o restante do elenco, são tantos nomes, inúmeras histórias, é literalmente um desfile de talentos. Todos os atores transmitem complexidade infinita e emoções tão variadas, profundas e sinceras, há tantos momentos em que você genuinamente esquece que está assistindo atores e está apenas vendo esses humanos tão danificados, tão vulneráveis na tela e o que eles alcançam aqui é simplesmente transcendental.
Oppenheimer é um deleite visual, um dos mais impressionantes que já vi (em IMAX a sensação é estonteante), você realmente sofre com o que está vendo, há momentos que o filme gera uma tensão tão pura e descarada que deixa o público completamente em choque.
Cada aspecto técnico está no auge absoluto de sua arte, fazendo de Oppenheimer uma obra prima, é impressionante como este filme é complexo em todos os aspectos, desde os cenários, som de cair o queixo até a edição e cinematografia impecáveis.
Ludwig Göransson (Pantera Negra, Creed) mais uma vez prova que ele é um dos nossos melhores compositores na indústria, com outra trilha extraordinária que está entre as suas melhores, se não a melhor, facilmente uma das melhores partes do filme.
A cinematografia magnífica de Hoyte van Hoytema (Interstellar, Ela), a edição notavelmente complexa e atenção aos detalhes em cada aspecto da narrativa, de Jennifer Lame (Hereditário, Frances Ha) se juntam novamente a Nolan, para demonstrar o melhor trabalho que já fizeram em suas carreiras e realmente contribuem para a experiência visceral do começo ao fim.
Nolan mais uma vez mostra todo o seu domínio absoluto da arte e da ciência do cinema e lembra a todos que ele realmente é um dos melhores que já existiu, seu roteiro está repleto de excelentes diálogos e é estruturado de uma forma bem ritmada e coesa que parece quase hermética. Contando com uma precisão quase sem precedentes que realmente faz você dimensionar tanta emoção em cada e absolutamente todos os quadros do início até o final.
Oppenheimer tem pouquíssimas falhas que passam longe de impedir o longa de ser uma obra-prima genuína, quase não seu tempo de execução de 3 horas passando, houve alguns momentos, especificamente no início do terceiro ato, que comecei a sentir um pouco, mas foi só.
Oppenheimer é demais para se digerir, seja pela sua duração de 3 horas e um minuto, seja pelo peso da história sendo contada, um épico extenso que aposta tanto no peso dos diálogos e em seus personagens que chega a ser arbitrário. Felizmente temos Nolan na cadeira de direção que dá ao público uma experiência cativante e consistente do início ao fim, entregando um dos melhores filmes do ano.
Mais uma vez Nolan brincou de fazer cinema!
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