CRÍTICA | O Dublê mostra ação de primeira linha por trás das câmeras
Ação e romance em O Dublê, do diretor de “Trem-Bala”, demora pra empolgar, mas diverte com um olhar por trás das câmeras.
Dublês são extremamente importantes durante a filmagem de filmes, principalmente nos de ação. “O Dublê” do diretor David Leitch fala sobre isso na primeira cena, mostrando momentos de outros filmes em que teve algum envolvimento. Seja para serem jogados para fora de carros, pegarem fogo ou caírem de altíssimas alturas, eles sempre estão lá para dar vida às perigosas cenas que atores não conseguem fazer. Porém, esse sacrifício não é considerado por muitas pessoas da indústria, mesmo que essa cenário esteja melhorando ao longo dos anos. O longa estrelado por Ryan Gosling e Emily Blunt utiliza isso através de uma lente irônica e cômica, que é divertido quando não foca muito em seu lado romântico.
O dublê Colt Seavers, retorna à ativa 18 meses após um acidente durante uma fatídica filmagem o fazer sumir do mapa. Ele começa a trabalhar na ultra produção “Metalstorm”, dirigida por sua habilidosa e furiosa ex-namorada Jody, que não ficou muito empolgada com o sumiço de Colt. Tudo muda quando a produtora do filme o arrasta para uma conspiração, o desaparecimento da estrela principal. Porém, o que uma simples investigação logo se torna uma perigosa rede de informações que podem acabar com as filmagens, e com a vida do dublê azarado.
O Dublê | Universal Studios
Ryan Gosling fez sucesso em seu último trabalho, Barbie, como o boneco Ken. Agora vive um simples e cansado dublê, que sempre dá um ok com os polegares após concluir uma acrobacia. O ator vende muito bem seu papel e faz muitas das cenas perigosas que seu personagem vive. Além disso, muito de seu talento cômico é compartilhado com sua coadjuvante, Emily Blunt, com quem têm bastante química. Porém, mesmo que as motivações do protagonista dependam de sua relação romântica com a personagem de Blunt, o longa tem seus melhores momentos quando extrai o humor do absurdo, um vendaval caótico onde o protagonista vive um filme de ação na vida real.
Ao mesmo tempo, cutuca outras super produções desse gênero, através das incontáveis explosões e capotes de carro, até fazendo uma paródia hilária de um famoso filme lançado recentemente. Além disso, Aaron Taylor-Johnson é muito bem utilizado como um ator ricaço e excêntrico. Faz piadas do fato de seu personagem não ter habilidades para atuar em cenas de ação, sendo extremamente exagerado, quando comparado ao experiente Colt Seavers de Gosling.
O Dublê | Universal Studios
Por se tratar de dublês, as cenas de ação são extremamente autênticas. Uma perseguição frenética pela cidade, envolvendo um caminhão e uma caçamba, se torna o destaque do filme, especialmente pela integração com o cenário, história e trilha sonora. Nesse momento, diversas coisas acontecem ao mesmo tempo. A luta ocorre enquanto a diretora do filme fictício canta uma emocionante música no karaokê, criando um caos intenso e hilário.
Porém as melhores cenas de ação e partes estão presentes na segunda metade, tornando a primeira um pouco arrastada. Além disso, por mais que a dupla principal de atores tenham química juntos, seu relacionamento é criado através de uma rápida montagem de momentos, tornando seu desenvolvimento bem limitado. Também não ajuda a história ser um tanto previsível, replicando diversos clichês do gênero.
Mas mesmo não tendo uma história com tantas reviravoltas imprevisíveis quanto o filme anterior de seu diretor, “O Dublê” é um olhar apaixonado e satírico do mundo dos dublês. Ryan Gosling novamente mostra seu talento cômico com Colt Seavers. Não apenas ele, como todo elenco dá tudo de si e empolgantes cenas de ação culminam em um confronto final épico, cheio de explosões e acrobacias.
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.