CRÍTICA | Contra o Mundo vai hipnotizar os fãs do gênero de ação
Contra o Mundo exagera, no melhor sentido, como se fosse baseado numa história em quadrinhos.
Boy é um homem mudo e surdo que perdeu familiares importantes na infância por uma mulher poderosa. Diante de tanta tragédia, felizmente conheceu um homem determinado a treiná-lo para que quando estivesse pronto, pudesse obter sua vingança. Assim sendo, acreditando estar pronto, ele coloca sua missão em prática.
Partindo de uma premissa simples como essa, o diretor estreante Moritz Mohr diverte o espectador com uma trama que não dá tempo de respirar e trás uma cena de luta eletrizante atrás da outra, deixando claro o intuito de apenas empolgar o público com a ação na medida certa, sem dar tempo pra respirar e com a presença de um humor inesperado, mas ainda interessante.
Graças a deficiência do protagonista, o longa-metragem encontra como alternativa entregar um narrador personagem, termo dado àqueles personagens que dialogam com o público contando sua própria história (como acontece em “Como Treinar o Seu Dragão” ou “Eu, Tonya”), do qual se extraí boa parte do lado cômico da obra, com o lutador se expressando perante tudo que acontece, quase passando a sensação de conversar com alguém dentro de si, como o filme “Venom” fez recentemente.
Contra o Mundo | Lionsgate
Entretanto, não dá pra dizer que a ideia funciona sempre, pois mesmo que Contra o Mundo te coloque nessa perspectiva desde o começo, existe uma sensação estranha pairando no ar como se simplesmente não encaixasse, dando quebras nos momentos de tensão ou seriedade. Contudo encaixa perfeitamente com os coadjuvantes que interagem com o Boy e conseguem compreender o que o mesmo diz por expressões, que o espectador só compreende graças a voz fora de cena.
Sendo detalhes como esse que passam a forte sensação de estar assistindo uma adaptação de quadrinhos, onde a história não é o grande foco, mas sim a ação, os vários planos que soam quadros de ilustração ganhando vida, as revelações feitas ao final e a própria voz acima dos diálogos, dando uma perspectiva maior de imersão para compreender o que se passa na cabeça do protagonista, são fatores que podem incomodar pessoas desacostumadas com a leitura de mangás e quadrinhos.
Os habituados com esse tipo de história, tanto pro gênero de ação quanto pelo lado quadrinesco, facilmente vão embarcar na ideia proposta, além de até o final ser conquistado pela interpretação de Bill Skarsgård que entrega puro carisma com um olhar ingênuo, perdido, mas maduro o suficiente em preparação aos perigos que sua jornada o levarão a enfrentar. Ainda que por vezes pareça necessitar da voz esclarecendo o que pensa, a sua fisicalidade pro combate compensa.
Contra o Mundo | Lionsgate
Dito isso, as cenas de luta são insanas de boas, não necessariamente chegando a superar o que a franquia “John Wick” fez, mas sabendo muito bem entregar aquela dinâmica frenética que deixa o espectador com os olhos vidrados compreendendo o que está acontecendo e se empolgando com os exageros críveis realizados. O nível de cada combate é elevado conforme o filme desenrole e pro seu grande clímax, surpreende ao não fazer algo grandioso, mas pessoal e bem coordenado, deixando a coreografia fluir sem um alto número de cortes na montagem para estragar.
Contra o Mundo é o típico filme de ação que todo ano aparece para surpreender o público, vem de fininho como quem não quer nada, parecendo ser mais um entre tantos, mas apresenta originalidade, características que o destaque e não permita que caia no comodismo cujo fã do gênero já se acostumou em ver.
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