CRÍTICA | Imaculada pode dar susto, mas seu triunfo é outro
Imaculada deixa o terror de lado para presentear o espectador com uma luta pela sobrevivência.
Cecilia é uma jovem que busca se tornar freira e vai para uma igreja que atraiu sua atenção pela oportunidade proposta, indicando um ambiente seguro e acolhedor, contudo, conforme a moça observa com atento ao local que se encontra, mais ela se aproxima de perceber que nunca deveria ter pisado nesse convento.
Dessa forma, a direção de Michael Mohan demonstra preocupação ao contar essa história de um jeito que fuja das conveniências do gênero de terror e adentre no universo que a protagonista se encontra de uma forma atraente, onde várias suposições podem ser feitas imaginando o que vai acontecer, quando a ideia pode se mostrar mais simples do que parece.
Imaculada | Black Bear Pictures
Todo filme de terror tem o monstro e a protagonista indefesa que deve se fortalecer para enfrentar o inesperado. Essa obra não foge disso, entretanto a graça dela se encontra exatamente em tentar entender que tipo de monstro está amedrontando a jovem, visto que o artifício de maquiagem feia e ocorrências sobrenaturais são postas de lado.
Dito isso, o longa-metragem se saí bem ao entender que está lidando com um público veterano e aposta por seguir um caminho psicológico, indicando que o susto virá pelo que a câmera está dando atenção e ferozmente surpreendendo ao imprimi-lo pelo lado que nada indicava. Sem contar a calmaria dada às cenas, deixando de lado o corte seco e abrupto, para amedrontar com planos longos que levam a clamar para enxergar o que não pode ser visto.
Mesmo que não pareça, Cecilia vai descobrir que ser imaculada pode não representar uma qualidade e as ameaças enfrentadas serão inevitáveis, seja pelo abuso psicológico que sofrerá de religiosas radicais que invejam sua situação ou pelo que lhe é proposto a fazer como se não soasse anormal, o que a leva a cometer alguns pecados perdoáveis para fugir desse lugar aterrorizante.
Imaculada | Black Bear Pictures
Por isso, dificilmente dá pra escapar de falar sobre a atuação de Sydney Sweeney, já que esta prende o filme para si, o carregando sem sentir peso ao apresentar veracidade em seu olhar e seus trejeitos, indicando os picos de dúvida, de ingenuidade, de fingir felicidade pela decisão que tomou e de terror absoluto com a situação em que foi posta, deixando pro final um momento que pode não render uma indicação nas premiações, mas que entrega perfeitamente o que a cena exigia.
No mais, os detalhes técnicos do filme se mostram competentes em contar essa luta pela sobrevivência sem tirar a sua força, mas sem entregar algo que leve ao brilho nos olhos de quem assiste. Trazendo uma única cena desnecessária no prólogo que ocorre para mostrar a perversidade dessa igreja, sendo que teria sido mais interessante descobrir isso junto com a protagonista. Mesmo que obviamente, boa parte do público já vá assistir esperando algo assustador.
Imaculada é um desses filmes que mostra como o gênero de terror/suspense ainda tem algo a dizer e causar mesmo com uma trama que soe tão batida, mostrando que a força não está em quantos sustos pode dar no seu público, mas no quão bem trabalhado pode ser sua personagem para que uma empatia seja formada e o decorrer da narrativa dê conta de não viajar demais, finalizando de modo preciso, de acordo com o que foi estabelecido desde seu primeiro ato.
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