CRÍTICA | Assassino por Acaso é o “pipocão bem feito” desse ano
Todo ano tem aquele filme que passa uma sensação gostosa, que transmite carinho por parte da produção e agrada a maior parte do público. Assassino por Acaso é esse filme!
De cara, o filme Assassino por Acaso já fala para seu espectador como ele vai ser, com Gary Johnson, interpretado por Glen Powell (Top Gun: Maverick), apresentando quem é, o que faz e o momento que vai mudar a sua vida. Tudo isso, com uma trilha sonora de fundo bacana, uma pitada de humor nos comentários e uma montagem que apresenta uma boa dinâmica para com o que está vendo.
Sendo assim, a história claramente se entrega como uma comédia diferenciada, onde o protagonista vai se disfarçar de assassino de aluguel para capturar as pessoas que estão pagando para que uma morte seja realizada, entretanto, ao esbarrar com uma mulher que não demonstra psicopatia, opta por deixá-la escapar e fazer outro uso do próprio dinheiro. Mal sabendo que essa atitude vai bagunçar a sua cabeça, incluindo sua própria personalidade.
Assassino por Acaso | Diamond Films
Caso não saiba, Assassino por Acaso é baseado em fatos reais, especialmente por conta a história desse homem que fingiu tão bem ser alguém que não era, mas assume a parte ficcional de acordo com a ideia dele não obedecer as ordens que recebe e sua ação desencadear em paixão, morte e várias revelações. Isso permite que o longa-metragem viaje e brinque com as possibilidades daquele jeito exagerado só o cinema pode proporcionar.
A profissão de Gary está relacionada com psicologia e filosofia, do qual permite que utilize seu segundo trabalho como um estudo para com o modo que as pessoas permitem ser influenciadas, seja pelo que querem acreditar ou pelo que gostariam de ser, o que começa a interligar com suas próprias atitudes, onde ao fingir tanto uma personalidade, acaba permitindo uma transformação que não só chamará a atenção daqueles ao redor, como o levará a tomar medidas questionáveis que seu eu inicial jamais permitiria.
Não a toa, quem ajuda o protagonista a seguir esse caminho é a Maddy Masters, interpretada pela Adria Arjona (Andor), seguindo por uma mentira que desconhece, mas que leva a descobrir certas curiosidades das quais um cidadão comum que já demonstrou interesse por assassinato deveria não saber, e assim, o entrelaçamento do casal acaba seguindo um caminho inesperado, mas que por um motivo inexplicável, te leva a torcer pelos dois, seja pela ótima química ou pelo apego criado durante o andamento do filme.
Assassino por Acaso | Diamond Films
Contudo, é preciso dizer que mesmo soando plausível, o final do filme se deixa levar por um caminho superficial e inconsequente de um jeito que perde a verossimilhança para com o que estava sendo mostrado, onde o principal conflito é resolvido de uma forma simples, em que mesmo o espectador supondo o que foi feito e que caminho os personagens seguiram, a sensação estranha é a que domina com o salto temporal aleatório que não permite sentir um gosto prazeroso de ver sua conclusão.
Ainda assim, é válido dizer que a falta de tempo para os personagens lidarem com tantos acontecimentos em sua jornada não compromete todo o desenrolar incitante, que entende o motivo de estar pontuando certas ações dos personagens para ao final criar uma cena mais tensa ou divertida que a outra, onde perdura o questionamento de “como sair dessa?”, o que torna a experiência bem divertida e prazerosa de se acompanhar.
Assassino por Acaso é um filme que sabe o que quer entregar e como fazer isso, trazendo uma voz não diegética de Gary para que se comunique com o público e o leve a compreender rapidamente o universo em que está sendo posto, mas sem atrapalhar sua narrativa de um jeito que soe explicativa demais, pois ao determinar o básico, o encaminhamento da produção segue de maneira fluída para que nos desliguemos da realidade e embarquemos no que de melhor o cinema pode entregar com tão pouco.
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