CRÍTICA | Robô Selvagem é tudo menos o seu título
Robô Selvagem vale ser prestigiado no cinema só pela incrível técnica de animação.
Ao acordar em um local desconhecido, que não apresenta a espécie humana para ajudar, sendo este um objetivo pelo qual foi criada, a robô decide ficar na selva quando encontra um ganso sobrevivente de um acidente que matou sua família e necessita de auxílio para continuar vivo.
Conforme a obra se desenrole, novos animais vão surgindo, ganhando presença e todos os problemas que precisam ser recebidos, vão ganhar sua conclusão até a reta final. Ou seja, os clássicos arquétipos vistos na maioria das animações se encontra aqui, seja uma mensagem bonita para sua conclusão ou a luta final que dá no que você espera.
Robô Selvagem | Dreamworks
Robô Selvagem é clichê, mas de modo algum deve ser desmerecido por isso, visto que a maioria dos filmes são assim atualmente e sua jornada, ainda que óbvia, consegue ser extremamente prazerosa de se acompanhar. Os personagens são carismáticos, as vozes estão boas, a trilha sonora de Kris Bowers é linda, do tipo que sai da sala com ela na cabeça, e a direção de Chris Sanders é competente.
Agora, a animação desse filme é realmente o que o torna grande e atrativo. Da mesma forma que Avatar tinha uma história batida e sempre foi vangloriado pelos seus efeitos visuais, o modo como foi produzida a arte desse longa-metragem, em conjunto com o cuidado dado para a direção de arte e fotografia, é aquilo que o faz ser um chamariz para ir ao cinema.
A mistura de 2D com 3D é uma escolha que tem se mostrado cada vez mais acertada para o gênero de animação recentemente, então já tendo seguido este caminho em “Gato de Botas 2: O Último Pedido“, a nova produção da Dreamworks se estiliza da mesma forma, só que aposta mais em uma arte que remete à uma pintura. Tornado este caso um espetáculo visual!
Robô Selvagem | Dreamworks
A única situação da narrativa que pode quebrar a imersão vem da infeliz escolha de nada parecer realmente um risco. O robô e os animais se metem em umas situações que na cena seguinte são superadas, tirando o senso de perigo e urgência que são necessários para se comover mais com o todo.
Todavia, vale dizer que a mostra verdadeira do mundo selvagem dá um gás interessante para um desenho feito direcionado para o público infantil, porque os animais morrem direto na natureza, e no filme se escuta acontecendo, do mesmo jeito que o tal caso recorrente chega a ser feito de piada, que em sua grande maioria funciona, então traz uma veracidade que costumava ser incomum em animações antigas que apenas citavam a ideia do ciclo da vida.
No mais, trazer um robô cuidando de um animal e se sentindo solitário, ao mesmo tempo que fica procurando concretizar aquilo que foi feito pra fazer… ajudar, acaba por investir em uma reflexão sobre objetivos, o que fomos criados pra fazer e o que talvez pareça prejudicial de primeira, vai encaminhar para uma jornada que envolverá mais gente e mudará cada uma de um jeito positivo.
Sendo assim, ao trabalhar mensagens como gentileza, comunhão e amor, Robô Selvagem acaba sendo uma animação positiva, com um visual estonteante, um ritmo contagiante e um universo interessante que ainda pode ser explorado no futuro, mesmo que não precise. Indo contra o medo proposto pelo título, a oportunidade de desfrutar algo caloroso por uma hora e meia não deve ser perdida.
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