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CRÍTICA I “O Aprendiz”: Uma Sátira Polêmica sobre a ascensão de Donald Trump

O Aprendiz” traz um retrato controverso da vida do bilionário republicano, em tempos de eleição.

“O Aprendiz”, sob a direção de Ali Abbasi (“Shelley”), exibido no Festival de Cannes 2024, se concentra na complexa trajetória de Donald Trump, numa cinebiografia que entrelaça eventos históricos com provocações políticas. Anunciado em 2018, o filme ganhou notoriedade ao ser lançado durante as eleições presidenciais nos Estados Unidos em 2024, intensificando as controvérsias que cercam a figura do ex-presidente. Mais do que uma crítica simplista, “O Aprendiz” investiga diversas facetas do protagonista, revelando nuances de sua personalidade e ambições.

Desde o início, a produção enfrentou polêmicas, especialmente relacionadas ao financiamento de Dan Snyder, um bilionário que acreditava estar apoiando uma representação positiva de Trump. Contudo, ao visualizar o corte final, Snyder processou a produtora, alegando ter sido enganado. Além desse contratempo, apoiadores de Trump ameaçaram ações legais, evidenciando a tensão em torno da figura do ex-presidente e o impacto que a obra poderia ter em sua imagem pública.

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Força Bruta I Diamond Films

Ainda assim, apesar das controvérsias, “O Aprendiz” não se restringe a uma visão negativa de Trump. O filme analisa a relação do ex-presidente com o desenvolvimento econômico de Nova York, destacando sua habilidade em identificar e aproveitar oportunidades. A narrativa se concentra em como o jovem Donald Trump (Sebastian Stan), começou sua trajetória empresarial na cidade durante as décadas de 1970 e 1980.

Sebastian Stan (“Capitão América: O Soldado Invernal”), entrega uma performance impressionante, capturando a evolução do discurso e comportamento de Trump. Ele retrata habilmente a transformação do personagem, desde a juventude até sua ascensão ao poder. No elenco de apoio, Jeremy Strong (“Os 7 de Chicago”), interpreta Roy Cohn, advogado e mentor de Trump. Cohn, cuja rede de contatos e insegurança são elementos cruciais, desempenha um papel fundamental na construção do carisma e do sucesso do empresário.

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Força Bruta I Diamond Films

A relação entre Trump e Cohn, por sinal, emerge como um dos pontos centrais do filme, ressaltando como as conexões políticas foram determinantes para a ascensão de Trump. O roteiro, escrito por Gabriel Sherman (“Independence Day: O Ressurgimento”), aborda momentos históricos significativos, como a saída de Nixon da presidência. A forma como Trump explorou o caos político da época também é enfatizada, mostrando sua capacidade de navegar em tempos conturbados.

A parte técnica do longa é igualmente impressionante. A fotografia de Kasper Tuxen Andersen (“A Pior Pessoa do Mundo”), se destaca ao utilizar um granulado que confere um ar quase documental às imagens. Essa abordagem, combinada com a maquiagem de Brandi Boulet (“O Regresso”), aumenta a imersão na Nova York dos anos 70 e 80, transportando o público para aquela época vibrante e tumultuada.

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Força Bruta I Diamond Films

Ali Abbasi utiliza sua direção para criar um clima de espionagem e tensão. A câmera frequentemente se aproxima de Trump, intensificando a sensação de obscuridade e mistério em suas ações. Essa escolha estilística ajuda a construir uma narrativa que não apenas informa, mas também instiga a curiosidade do espectador.

Além das questões políticas e empresariais, o filme também explora a vida pessoal de Trump. A tumultuada relação com sua primeira esposa, Ivana, interpretada por Maria Bakalova (“Borat: Fita de Cinema Seguinte”), é revelada, oferecendo um lado menos conhecido e mais emocional do protagonista. Essa dimensão humana acrescenta profundidade à narrativa, mostrando que por trás da figura pública existe um ser humano com conflitos e vulnerabilidades.

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Força Bruta I Diamond Films

A interação de Trump com a mídia, elemento crucial para sua ascensão, é apresentada de forma intrigante. O filme ilustra como ele manipulou essa relação a seu favor, explorando a cobertura midiática para construir sua imagem.

No final, apesar de algumas oscilações no ritmo, “O Aprendiz” se revela uma cinebiografia audaciosa e bem estruturada, equilibrando crítica e análise de maneira instigante. A sátira proposta provoca reflexões profundas sobre a política e a sociedade, sem perder o viés de entretenimento. A obra oferece uma crítica social inteligente e pertinente, convidando o público a reconsiderar a figura de Donald Trump e seu impacto na política americana contemporânea.

Com uma narrativa rica e envolvente, “O Aprendiz” se destaca como uma reflexão oportuna sobre o fenômeno Trump, consolidando-se como uma produção digna de atenção, tanto para seus fãs quanto para seus detratores. A obra não apenas informa, mas também provoca discussões relevantes, destacando a complexidade do personagem e as implicações de sua trajetória na sociedade atual.

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