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CRÍTICA| Wicked pega algo bom e evolui a um nível glorioso

Unindo um dos melhores musicais da Broadway, e o melhor que a sétima arte consegue proporcionar, Wicked é gigante na medida certa.

Baseado no musical da Broadway, que é baseado no livro homônimo de 1995, escrito por Gregory Maguire, que é baseado no filme O Mágico de Oz, que por sua vez é baseado no livro homônimo de L. Frank Baum. Wicked se tornou um sucesso milionário ao longo dos anos, estando a mais de 20 anos em cartaz na Broadway, porém, uma produção cinematográfica parecia longe de acontecer, apesar de seu contexto ser extremamente cinematográfico.

Jon M. Chu ficou encabeçado pela direção, e cada plano do filme, demonstra o amor que o cineasta apresenta pela produção e por toda a história, a ponto de ter cultivado 9 milhões de tulipas para construir Munchkinland, ao invés de simplesmente ter optado pelo CGI, algo constante no filme, porém, com um grau de personalidade perdido após tantos filmes de super heróis.

Com o título oficial de Wicked: A História Não Contada das Bruxas de Oz, a produção conta a amizade e iminente separação de Glinda, a bruxa boa do Sul, e Elphaba, a bruxa má do Oeste, antes dos eventos que levaram à derrota da última pelas mãos de Dorothy.

Um acontecimento ocorrido na sessão, define as vantagens de Wicked com maestria. Após a performance da música The Wizard And I, a plateia inteira aplaudiu e gritou, porém, um homem gritou no fundo da sala que ali não era um teatro. Apesar de apresentarmos esta consciência, Jon M. Chu construiu sua adaptação como uma experiência que não ignora as qualidades do icônico musical, mas sim as amplia, tornando algo glorioso e especial para fãs.

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Ariana Grande em cena de Wicked- Divulgação Universal Pictures

Os melhores truques usados por Jon M. Chu são: direção de fotografia, design de produção e principalmente elenco.

A direção e a direção de fotografia se somam, por meio de diversos planos sequências e detalhes, o filme proporciona uma experiência que nenhuma performance teatral, por mais grandiosa que seja, jamais conseguiria proporcionar. No teatro, estamos distantes dos personagens, o cinema permite uma maior aproximação. Um pé empinado na performance de Popular, um abraço que a câmera está mais próxima do que nunca deste amor fraternal, um plano sequência que acompanha Defying Gravity, entre outros momentos que nos tiram o fôlego. Por meio de um universo fantástico e meticulosamente cuidado, Wicked consegue cativar até mesmo aqueles que não gostam de musical.

O design de produção é estrondoso, O Mágico de Oz é um dos filmes mais importantes da história do cinema, e isto é relembrado a cada plano idealizado por Chu e companhia. A criação estética da produção é assustadora, jogos de luzes, figurinos maravilhosos, construções idealizadas somente para o filme como um trem de 16 toneladas que realmente anda, efeitos práticos em momentos essenciais, e efeitos digitais que se somam dentro deste universo fantástico e lúdico que é Oz.

Além de tudo isto, o principal ponto a se considerar em Wicked, e sua maior força como um todo, é o elenco estelar escolhido a dedo: Ariana Grande é fantástica como Glinda, roubando a cena toda vez que aparece, trazendo uma Glinda perfeita como contraponto à Cynthia Erivo, o verdadeiro brilho da produção.

Idina Menzel eternizou Elphaba na primeira versão teatral de Wicked, porém, após Cynthia Erivo, não me surpreenderia se futuras interpretações da personagem, sejam feitas por mais atrizes negras. Cada música, cada tom, cada performance brilhante, consegue levar a audiência ao chão e nos faz refletir sobre o quanto a público e a audiência desvaloriza certas atrizes.

Cynthia Erivo e Ariana Grande em cena de Wicked

Cynthia Erivo e Ariana Grande em cena de Wicked- Divulgação Universal Pictures

Todo o crédito à Ariana Grande, sua performance está excelente e seu estrelato como uma das maiores cantoras pop da atualidade, com certeza trará milhões de pessoas ao cinema, somente por ela, porém, é Cynthia Erivo que realmente domina o filme todo, apesar do duplo protagonismo de ambas. Levando em conta que ambas cantaram ao vivo, é algo assustador o que se construiu.

Como um todo, Wicked é espetacular, agradando gregos e troianos, os fãs de musicais e somente os apreciadores de bom cinema. Por 2 horas e 40, somos maravilhados por beleza atrás de beleza, até terminar na joia da coroa que é a performance de Defying Gravity, prometendo grandes coisas para a sequência programada para 2025.

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