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CRÍTICA| Amor da Minha Vida mira no real e acerta a comédia romântica

Estrelada por Bruna Marquezine, Amor da Minha Vida surpreende em sua construção

Este sou eu agora. Escrevendo a crítica de uma série que não esperava muita coisa. Apesar de apreciar comédias românticas, e ter adorado a série de Todas As Mulheres do Mundo (2020, Jorge Furtado), Amor da Minha Vida não me prendeu nem pelos trailers e nem pelos diálogos, que inicialmente aparentavam extremamente falsos e irreais.

Logo na primeira cena, eu me vi atraído por uma Bruna Marquezine extremamente confortável no papel de Bia, não a toa ela também produziu, auxiliou no roteiro e foi co-diretora em alguns episódios da produção. Ao longo da série acompanhamos Bia, Bruna Marquezine, e sua relação platônica com Victor, Sérgio Malheiros, em um papel bem menos complexo do que Bia. O elenco de coadjuvantes inclui, João Guilherme, atual namorado de Marquezine e Sophia Abrahão, atual namorada de Malheiros, ou seja, de alguma forma o projeto acaba sendo de família.

A fotografia e arte são exemplares, principalmente em momentos mais oníricos como o final do episódio 5, aonde a edição da série realmente se supera, ao demonstrar uma espécie de “imaginação/ realidade” que deixa a cena de (500 dias) com Ela (2009, Mark Webb) no chinelo. A direção é bem simplista, seguindo todos os traços clássicos de comédia romântica e embelezando seus personagens de uma maneira que somente a câmera de cinema consegue. O amor envolvido na construção da série é nítido, porém, o maior problema que permeia durante toda a produção de Amor da Minha Vida é o roteiro.

bruna

Comentando incialmente os diálogos, uma crítica contundente à produção, é o uso constante de monólogos internos, em sua grande maioria iniciados com “Este sou eu agora”. Além disto, é construído uma estrutura de tão nível filosófico, que os personagens constantemente aparentam narrar um livro, ou declamar uma poesia, ao invés de falar como pessoas normais. O que pode irritar o espectador que não compreender a principal intenção de Amor da Minha Vida, algo presente também na produção de Todas as Mulheres do Mundo.

O objetivo da série não é ser realista, e sim construir algo belo e lúdico, que apresentam traços de realidade, por conta disso, construindo algo teatral e com diálogos dramáticos demais em certos momentos. Assim, apesar de os personagens não apresentarem reais em seus modos de falar, e até mesmo de agir, todos apresentam um fundo real, melhor ou pior construído, com um destaque, obviamente, para Bia.

Amor da Minha Vida mostra as relações fluidas da atualidade com uma normalidade pouco vista em séries atuais. Não monogamia, trisais, relacionamentos casuais, relacionamentos monogâmicos, traições, garotas de programa, tudo isto aparece de uma forma ou outra, demonstrando o enorme leque que os relacionamentos atuais se encontram. Esta bagunça atua como gasolina para o fogo que a série tenta aquecer durante toda a sua duração, porém, apesar de tentar, ainda mais com uma classificação etária de 18 anos, não consegue alcançar, focando no belo, no seguro e no simples, o que não é um problema inicialmente, até começar a ser.

Amor da Minha Vida apresenta 10 episódios e diferentes locações e acontecimentos, focando principalmente no Rio de Janeiro, porém, também incluindo Brasília e uma quantidade muito grande de bares e casas para festas. Ao longo desta jornada, vemos os altos e baixos da amizade de Bia e Victor, e vemos o inevitável, que o público consegue prever no primeiro episódio, eles se amam, mas são complicados demais para ficarem juntos.

Amor da Minha Vida

Fernanda Paes e Bruna Marquezine em cena de Amor da Minha Vida- Divulgação pela Star +

Esta enrolação de ambos continua durante toda a produção, na medida que saem com outras pessoas como Fernanda Paes, que contracena uma calorosa cena de sexo com Marquezine que viralizou na internet, Sophia Abrãao, entre outras, porém, nenhum dos outros ficantes acaba tendo camadas, sendo cascas vazias que auxiliam na construção de Bia e Victor. Ao final, ambos percebem que sempre foram feitos um para o outro, se separam novamente, para se unirem, traírem seus respectivos namorados/namoradas, até chegar ao final que, para a surpresa de ninguém, ambos ficam juntos de vez, após ficarem bravos por passarem exatamente o que eles fizeram os outros sofrerem.

Bia em diversos momentos é imatura e egocêntrica, Victor é uma criança em forma de adulto funcional. Os secundários não merecem tanto destaque assim, porém, apesar de todos estes problemas estruturais, Amor da Minha Vida merece muito valor por conta de sua construção, não a toa se tornou a série nacional Disney + de maior sucesso de 2024, apresentando um gancho e potencial para uma segunda temporada que provavelmente ocorrerá.

Levando em conta o que se propõe, a série alcança seu objetivo: construir um conforto para românticos e casais, trazendo uma estética bela e bem construída, com boas atuações de seus protagonistas e algumas reflexões sobre a vida, o universo e suas relações complicadas, o que já é mais do que muitas produções atuais entregam.

Amor da Minha Vida com certeza será um pulo em sua carreira, ele está brilhante e a série foi construída para ela brilhar. Como um todo, a produção tenta trazer realidade e quebrar esteriótipos de comédias românticas, porém, ao final, acerta bem no alvo daquilo que tentou fugir, o que pode ser bom ou ruim dependendo do espectador, para mim, foi uma grata surpresa.

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