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CRÍTICA| Sonic 3 encerra a trilogia com o seu melhor filme e abre caminhos para muito mais

Dirigido novamente por Jeff Fowler, Sonic 3 amadurece seu universo em aventura divertida e emocionante

O que eu acho mais divertido em toda a franquia Sonic, é o amor que os realizadores apresentam. O que deveria ser obviamente um flop por conta de uma escolha equivocada do design inicial de seu protagonista, acabou se tornando uma das poucas, senão a única, franquia de adaptação de videogame realmente bem sucedida, tanto em público quanto em crítica.

Sonic 3 repete a fórmula que fez seus antecessores um sucesso, acrescentando novas camadas, principalmente por meio de uma facilidade que seus roteiristas apresentam: após dois filmes, e uma série derivada, o público já conhece estes personagens com a palma da mão, assim, eles podem ir direto para ação, o que é exatamente o que acontece desde a cena inicial, aprendendo com os erros de seu filme antecessor e não focando demais em personagens humanos que sequer lembramos os nomes.

Sonic 3 trabalha uma fanfic extremamente bem estruturada, que já foi usado em seu filme antecessor com a inclusão de Knuckles, brilhantemente dublado por Idris Elba, e de Tails. Desde então o universo só aparenta crescer, e a Sega, juntamente com a Paramount, sabem muito bem a mina de ouro que têm nas mãos desde muito antes de um certo vídeo viralizar na internet, em que um menino demonstra seu amor pelo grande vilão do filme de agora: Shadow.

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Shadow em Sonic 3- Divulgação Paramount Pictures

A escolha de Shadow como o principal antagonista de Sonic 3 é antes de uma escolha narrativa, uma escolha completamente mercadológica, afinal, depois do ouriço azul, Shadow é um dos personagens mais conhecidos e amados de todo o lore de personagens. Um personagem difícil de adaptar dentro de um filme blockbuster PG-13, pois, mostrar a brutal morte de Maria de maneira eficiente é essencial para a construção de seu personagem, felizmente, o roteiro é construído de tal forma que após uma rápida montagem e uma linda frase sobre estrelas, já choramos com a morte da personagem.

Do mesmo modo que nos dois primeiros filmes, dentro dos primeiros 10 minutos de Sonic 3, algum personagem expõem verbalmente de maneira bem clara qual é a mensagem do filme, neste caso específico, o filme gira em torno da dor não mudar quem nós somos, jamais tirando o bom que existe dentro de nós. Construindo um espelho claro entre Sonic e Shadow e gerando uma nova camada na medida que somos introduzidos à Gerald Robitink.

Jim Carrey é um tesouro americano, percebemos em seu olhar o quanto o Doutor Eggman representa, e faz bem para ele, não a toa se tornando o único personagem de sua longeva carreira, que regressou 3 vezes, e desta vez, no melhor estilo Eddie Murphy, contracenando consigo mesmo e mostrando seu verdadeiro potencial como ator em mudanças sutis de gestos e comportamentos entre Ivo Robitinik e seu avô Gerald.

Shadow, Gerald e Ivo Robitinik são os três principais vilões de Sonic 3. O primeiro é um ouriço que somente conheceu dor a vida toda; o segundo é um homem que deixou o seu rancor e ódio tomar conta, acreditando que um genocídio é a melhor maneira de ter paz; o terceiro é o antagonista que acompanhamos ao longo de dois filmes anteriores e presenciamos sua lenta, mas, satisfatória transformação, em um dos maiores vilões de videogame de todos os tempos.

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Ivo Robotinik, Gerald Robotinik e Shadow em foto de divulgação de Sonic 3- Paramount Pictures

Sonic e Robotinik são um espelho negativo um do outro, isto faz com que o embate entre ambos seja tão potente. Desde o primeiro filme, Sonic representa a força da amizade enquanto Robotinik representa os perigos da solidão, na medida que sua vida fez enxergar a amizade e a família como fraqueza, por conta disso, amando tão profundamente suas máquinas, ao inserirmos Gerald Robotinik no jogo, Sonic 3 ganha muito mais força, pois enaltece ainda mais a sua temática.

O roteiro de Pat Casey constrói a temática da raiva, da angústia e da dor, presente em todos os seus personagens principais: Shadow, Ivo Robotinik, Gerald Robotinik e obviamente Sonic, os fazendo apresentar quatro jornadas distintas, mas, ao mesmo tempo muito significantes e complementares. Cada um deles está em algum espectro dentro da dor, alguns sem chance de retorno, outros ainda com esperança.

Sonic 3 é o clássico filme pipoca, com profundidades diversas em certos momentos e cenas marcantes, porém, o que realmente o faz algo especial é a consciência que ele é justamente isso: uma forma de entretenimento para as massas.

Eu assisti o filme em uma sala lotada, em seu dia de estreia, 25 de dezembro. Logo após a ceia, diversos pais e crianças com camisas do Sonic, bonecos, pelúcias, chapéus, combos superfaturados de marcas de cinema, todos sentaram em harmonia para assistir Sonic 3. A sala gritava em harmonia quando Shadow apareceu pela primeira vez, ficou em silêncio durante a morte de Maria, riu com uma performance artística de Jim Carrey, gritou em alguns eventos gloriosos como o retorno da esmeralda do caos e em uma cena pos-creditos que promete um quarto filme tão grandioso quanto.

Esta é a força que Sonic 3 e a franquia como um todo apresenta. O roteiro é bem construído, a fotografia limpa, os efeitos visuais surpreendem em diversos momentos, os atores estão excelentes, e ele passa uma mensagem importantíssima não somente para as crianças, mas para adultos também. Ele nunca pretendeu ser um filme de Oscar, apesar de seu roteirista fazer campanha para uma indicação de Jim Carrey, e não pretende filosofar e sair de sua zona de conforto, ao contrário, usa a zona de conforto e cativa o público por meio de uma diversão leve e descompromissada.

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