CRÍTICA | What If traz um final infeliz ao demonstrar tudo que poderia ter sido em sua 3º Temporada
What If buscava apresentar todas as possibilidades que o multiverso nos proporcionava, mas em sua conclusão apresenta um desgaste sem sentido.
Não existe uma sinopse certa para definir as temporadas de What If, pois além de cada episódio trazer uma história diferente, o final de cada uma busca trazer um problema divergente e totalmente inesperado, pelo menos até se aproximar do final quando os capítulos finais começam indicar para onde vai.
Dito isso, durante as 2 primeiras temporadas, ainda que eu não gostasse do que fosse feito e preferia algo mais próximo de StarWars Visions, houve uma concordância de trama em que cada episódio abordava um mundo paralelo, com acontecimentos diferentes, e o protagonista de cada capítulo era utilizado de alguma forma no final da temporada, seja fazendo uma referência ou aparecendo para ajudar no problema central em que o multiverso sofria risco de existência.
What If | Disney Plus
Sendo assim, impressiona de modo negativo, que a terceira temporada não apenas opte por apresentar jornadas que não terão relevância nenhuma ao final, como nos últimos episódios traga um grupo de heroínas formado por duas personagens apresentadas/trabalhadas nas temporadas antecessoras e por duas que não conhecemos, não vimos crescer, não vimos um desenvolvimento e tem um vínculo com as outras duas que não entendemos como começou ou chegou naquilo. Por sua vez, nos distancia e deixa perdido.
Como se não bastasse esse erro inexplicável, que deixa o todo vazio, o final do seriado traz uma apresentação rápida de diversas possibilidades de universo, com personagens e alterações mais intrigantes do que boa parte daquilo que foi visto durante toda a animação, basicamente chamando o espectador de palhaço e deixando claro o potencial que poderia ter sido alcançado, brincando com mudanças realmente atrativas, e não com uma realidade onde apenas o Guardião Vermelho conheceu o Soldado Invernal.
What If | Disney Plus
Sobre os episódios, é a mesma coisa do que já foi visto, só que a última temporada de What If parece apenas mais fraca. Mesmo nos episódios mais interessantes, com brincadeiras tipo um grupo de Vingadores que forma um Megazord, simplesmente tudo soa sem graça, sem sal, sem um vigor que atraia os olhos. Contudo, existem as exceções nos episódios 4 e 5, onde um viaja na maluquice das possibilidades e o outro apresenta um mundo pós-apocalíptico com uma heroína inesperada que consegue ser bom a ponto de empolgar pra série solo que a personagem ganhará ainda em 2025.
A estética da animação se mantém do que foi apresentado desde o começo, mas particularmente não me incomoda. No entanto, é interessante notar como parece que o visual fica mais atraente e bem trabalhado nos episódios que contam uma história melhor, deixando tudo mais interessante. A trilha sonora, no episódio 5 chama a atenção por apresentar um trabalho mais profundo e melancólico que dá o tom certo para imergir aquele que assiste.
What If como um todo é uma série animada infantil. Isso fica claro não só pela raridade em trazer um capítulo com final catastrófico ou uma jornada mais pesada, como pela lição de moral que o Vigia entrega ao final de cada conclusão, sempre trazendo aquela sensação fofa que serve de aprendizado para as crianças. Acontece que isso não justifica a preguiça do roteiro em viajar pouco nas possibilidades infinitas do multiverso, como construir histórias que atraiam tanto o público adulto quanto infantil, coisa que as produções da Pixar sabem fazer muito bem.
Longe de ser a pior produção da Marvel, mas fácil a que menos aproveitou todo o potencial que tinha. Sua 3º temporada consegue ser tanto a mais fraca quanto a que mais falha como produção, do que estabeleceu e explorou nas anteriores, mas que parece ter perdido o fôlego. E ainda que possa empolgar com seu final, quase como se pedisse para o espectador pedir por mais, a lição que deixa é do contrário, de que isso não pode acontecer, porque ela esclareceu o que poderia ter feito e sido, e mesmo assim não o fez, então que afunde com as consequências disto.
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