Batman e Robin é melhor do que você lembra
Já começando: como filme “sério”, “Batman e Robin” não tem nada de aproveitável mesmo, pode ir xingar o George Clooney e a mãe de todo mundo envolvido nessa bomba. Mas, se você já clicou no artigo, deixe eu entrar na sua cabeça e mostrar como esse filme é divertido.
Acho que todo mundo gostava desse filme quando criança, mas aí virou um adulto amargo e não aceitou mais as bat-piadas e o bat- cartão de crédito. Todo mundo ficou impressionado com o poder narrativo de Nolan, ou com a escuridão e profundidade de Snyder. Ninguém mais quer saber daquele Batman colorido, cheio de piadinhas no cinto e que pode alegrar qualquer dia ruim. Esses filmes são sempre lembrados como piada e esquecidos pelos fãs de super-heróis.
Claro que não foi proposital. O estúdio acabou interferindo tanto no filme que o resultado final foi essa palhaçada, contudo, pense que o resultado final já está lançado, você não pode mudar nada, então mude você! Aceite a vergonha e retorne para sua infância.
Abrace a galeria de vilões ridículos e caricatos, uma trama com vários buracos e decisões rápidas, um Batman nada atormentado e atuações meio ruins. Levando pela brincadeira, você entra naquele mundo em poucos segundos e o resultado é uma viagem e tanto. Pode ser a nostalgia falando e olha que ela sempre bate com tudo, mas quando revi esse filme recentemente, o resultado final ficou na minha cabeça por dias: rindo com as piadas e situações bizarras.
O batmóvel parece uma balada ambulante, as roupas são mega extravagantes e o Sr.Frio de Arnold Schwarzenegger (sim, ele mesmo) é perfeito para você dar umas boas risadas. A sexualidade tá sempre presente, com a Hera Venenosa tentando os heróis há cada segundo, com cantadas, feitiços e frases que vão te lembrar das glórias de uma novela das 19h.
Quando questionado sobre o estilo descontraído do filme, o saudoso diretor Joel Schumacher deu uma das respostas mais engraçadas da História do Batman nos cinemas, algo como: “Olha, eu também sou órfão e não saí tanto triste quanto a versão dos quadrinhos de Bruce Wayne. Uma hora ele iria superar e se divertir.” Tem algo mais engraçado que isso?
O estilo frenético e as cores de Schumacher são um brilho constante na tela, sem falar nos raios e luzes dos vilões, que parecem tirados diretamente dos planos malucos de quadrinhos. Certa vez, Alan Moore disse que por mais séria que uma história do Batman seja, como a majestosa “A Piada Mortal”, ainda se trata de um cara vestido de morcego, então tente não procurar profundidade em tudo, ou você mesmo pode se perder um pouco.
Algumas cenas não fazem sentido algum mesmo, mas ainda podem gerar uma vergonha alheia gostosa de assistir (como a infame cena da corrida de moto). Ver com alguém então, só melhora a experiência, trazendo aquelas gargalhadas compartilhadas e os comentários irônicos. Hoje em dia, um filme como esse nunca seria feito: é produto de uma época específico, mergulhado nas especificidades de um diretor, ainda que bastante ridículo, muito original.
O único erro do filme, como já apontado, é tentar ser mais sério em alguns momentos, como se o estúdio não soubesse da bomba que tinha nas mãos. É muito engraçado como algumas partes do filme ainda tentam ser sérios, como a trilha sonora, embalada numa gótica melodia. O filme parece estar sempre em contradição, o que só o deixa mais engraçado ainda.
Se você adorou rever os filmes de Scooby-Doo na Netflix ou gosta de fechar a noite com uma boa comédia besteirol, abraça a vergonha e dá um play no filme. Nenhuma outra obra do morcegão conseguiu captar tão bem o clima festivo e descontraído da série dos anos 60 (que também ainda é maravilhosa).
Ligue a TV hoje e assista “Batman e Robin“, você pode até se arrepender depois das duas horas, mas algumas risadas você vai ter dado, pode confiar. Se o resultado final não emplacar, você sempre pode ir dar play na trilogia do Nolan ou em “Batman vs Superman: A Origem da Justiça“, ambos disponíveis na Netflix. E para finalizar, recomendo você assistir dublado, pois a vergonha só aumenta.
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