Crítica | Babilônia tenta ser um épico Hollywoodiano, mas se perde no caminho
Damien Chazelle já é conhecido, mesmo com apenas 3 longas executados, como um forte apreciador do cinema clássico hollywoodiano e do gênero musical Jazz. A estética de Babilônia não foge dos quesitos citados, e são fortemente utilizados como fio condutor da obra.
O diretor tenta criar uma conexão da música, com a estética de figurinos das décadas de 20 e 30, cores saturadas sem sair da medida e com uma montagem frenética. Montagem que começa a ficar de lado conforme a jornada dos 3 personagens protagonistas.
O filme começa com uma sequência frenética em uma festa que representa de forma eficaz aquilo que estamos prontos para ver na tela, uma aventura por trás das câmeras e sem escrúpulos. Porém, o diretor tenta se mostrar habilidoso em vários sentidos, esquecendo de tentar capturar o espectador para a jornada dos três personagens. Fazendo com que o filme se prolongue mais do que o necessário.
Falando sobre o ator Diego Calva, que interpreta um dos três protagonistas, Manny Torres: seu personagem é a principal conexão do espectador com a estória mostrada, sendo um indivíduo imigrante e que esta fascinado em saber como é viver e trabalhar por trás do espetáculo cinematográfico mudo. É um personagem que funciona na maioria do longa, até o momento que mostra sua jornada romântica e pautas sociais. Momentos nos quais o diretor não mostra saber muito bem oque fazer com ele na obra.
Brad Pitt é o ator, que interpreta o personagem Jack Conrad, que mostra estar mais se divertindo no filme. Fazendo um ator famoso que cai em decadência ao começar a era do cinema falado. Não atoa, seu personagem tem singularidades com o protagonista do filme O Artista(2011). É uma pena que seu desfecho na obra tenha sido executado de forma triste e preguiçosa.
Margot Robbie chama a atenção em cenas mais frenéticas e de dança. Porém, Chazelle utiliza da imagem exagerada da personagem como instrumento sexual para o filme, deixando de lado o desenvolvimento de assuntos pautados durante a obra sobre a relação dela com o pai, jogo e drogas. Se tornando apenas mais uma forma básica de narrativa para conduzir a estória do personagem Manny.
Os personagens Sydney Palmer e Anna May Wong, interpretado pelos atores Jovan Adepo e Li Jun Li, são utilizados pelo diretor para abordar termas sociais, como racismo e homofobia, nos Estados Unidos nos anos 30. Porém, eles são pouco aprofundados na tela e mostram os temas citados da forma mais rápida possível.
Como se o diretor quisesse se justificar por ter colocado Ryan Gosling, um homem branco e heterossexual, como o salvador do Jazz em Lala Land. E agora, simplesmente, mostra o assunto. É como se Chazelle falasse que está ciente de que preconceito existia na época, porém, não desviem o olhar do resto.
A trajetória envolvendo a personagem de Margot Robbie, Manny Torres, e o personagem do também produtor Tobey Maguire, James McKay, é extremamente desnecessária. Além de fazer o espectador se cansar do discurso inicial da trama. A beleza dos bastidores, a loucura que era fazer cinema e a precarização por trás dos sets, que é trabalhada de forma humorística na obra.
No final das contas, Chazelle mostra que sabe dirigir, mostra sua paixão pelo cinema clássico, sua paixão pelo mesmo, e sabe conduzir um filme. Mas o diretor ainda se mostra imaturo para trabalhar certos temas, medir suas pirotecnias técnicas, e foco em sua narrativa. Ao sair da sessão, me remeti a uma ideia que bato na tecla faz bastante tempo sobre o audiovisual: as vezes menos, é mais. Tentou entregar um épico, e foi nos dado apenas uma cansativa carta de amor ao cinema.
Nota: 2,5/5
Assista ao Trailer:
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