CRÍTICA | Conclave apresenta segredos do poder da Igreja, sob o teto da Capela Sistina

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Edward Berger entrega um thriller visualmente deslumbrante que examina a fé, a moralidade e o poder na Igreja Católica.

Após o sucesso de “Dois Papas” (2019), o cinema volta a explorar o universo papal, agora de maneira mais sombria e crítica, com “Conclave”. Dirigido por Edward Berger (“Nada de Novo no Front”) e baseado no livro homônimo de Robert Harris (“O Oficial e o Espião”), o filme mergulha no processo de escolha de um novo Papa após a morte de seu predecessor. O resultado é um suspense claustrofóbico, que discute fé, ética e poder, ambientado inteiramente dentro do Vaticano.

A trama se desenrola na Capela Sistina, onde o Conclave serve de pano de fundo para explorar intrigas e disputas dentro da Igreja Católica. Ralph Fiennes (“O Jardineiro Fiel”) brilha como o Cardeal Lawrence, encarregado de organizar o Conclave e lidar com os segredos que surgem durante o processo. Sua performance é o eixo moral do longa, enfrentando dilemas internos e externos enquanto busca o “homem ideal” para o mais alto cargo da Igreja.

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Conclave I Focus Features


Os coadjuvantes também se destacam, especialmente Stanley Tucci (“A Grande Noite”), cuja presença magnética acrescenta profundidade ao enredo. Mas não só ele, cada ator contribui para a crescente tensão, refletindo a hipocrisia, os dilemas morais e as disputas de poder no clero.

A direção, de Edward Berger, é precisa, com uma atenção meticulosa aos detalhes que tornam a experiência imersiva. A recriação da Capela Sistina, sob o design de produção de Suzie Davies (“Saltburn”), é impressionante, transportando o público para o coração do Vaticano.

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Conclave I Focus Features


O roteiro, de Peter Straughan (“O Espião Que Sabia Demais”) e Robert Harris (“Munique”), respeita a obra original, tratando o Conclave como um microcosmo da Igreja, onde fé e razão colidem em um ambiente fechado. Assim como na direção, evita-se qualquer interação externa, enfatizando o isolamento e a gravidade das decisões tomadas dentro da Capela Sistina.

Embora o ritmo do filme seja lento em alguns momentos, o clímax compensa, com reviravoltas que certamente gerarão reações intensas, principalmente entre o público mais conservador. O texto não poupa críticas ao conservadorismo, expondo contradições e questionando os ideais defendidos pela Igreja.

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Conclave I Focus Features


Na técnica, a fotografia, de Stéphane Fontaine (“Capitão Fantástico”), reforça a atmosfera de suspense, evocando a tensão de um thriller de espionagem. Junto dela, a trilha sonora, de Volker Bertelmann (“Marinheiro de Guerra”), intensifica cada momento, tornando a experiência ainda mais impactante.

No final, “Conclave” é um suspense cativante, com atuações impecáveis, uma ambientação minuciosa e um roteiro que provoca reflexões profundas. Edward Berger mais uma vez demonstra sua habilidade em criar narrativas viscerais, onde cada detalhe importa.

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