Crítica | A Menina Que Matou os Pais/O Menino Que Matou Meus Pais
Filmes que contam a história do caso Von Richthofen “A Menina Que Matou os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais” chegaram essa sexta (24) no Prime Vídeo. Os filmes contam diferentes versões de um dos casos mais famosos do Brasil.
Suzane Von Richthofen ficou nacionalmente conhecida após ser declarada culpada pela morte de seus pais em 2002. O caso envolvendo a menina de família rica e importante de São Paulo e os irmãos Cravinhos chamam a atenção tanto pela crueldade, quanto pela forma fria como os acusados agiram após o acontecimento, gerando investigações em cima deles e uma pena de 39 anos.
Não é a primeira vez que um caso famoso ganha as telas do cinema, é comum encontrarmos filmes sobre famosos serial killers americanos, mas essa é a primeira vez que uma história brasileira é levada para as telonas. A notícia de que a história viraria filme não agradou a grande parte do público, que usou a desculpa de que os criminosos receberiam um dinheiro da produção, então, antes da crítica vale lembrar que não, Suzane, Daniel e Christian não irão receber nenhuma verba vinda do filme. Dito isso, deixo aqui a minha crítica das produções “A Menina que Matou Os Pais” e “ O Menino Que Matou Meus Pais”.
A Menina Que Matou Os Pais
A Menina Que Matou os Pais conta a versão de Daniel Cravinhos ( Leonardo Bittencourt), um garoto fascinado por aeromodelismo que se apaixona fervorosamente por Suzane Von Richthofen (Carla Diaz), uma adolescente que pertence a burguesia paulistana, e que usa do seu jeito meigo e doce para conquistar o coração do rapaz.
Com o namoro andando, Daniel começa a conhecer um pouco mais sobre o que acontece na casa dos Von Richthofen, dando ainda mais atenção após as mudanças de comportamento da namorada, que passou de uma pessoa totalmente meiga, pra alguém que manipula, mente e abusa das drogas.
Apesar das confusões dentro de casa e do fato dos pais Marísia (Vera Zimmermann) e Manfred (Leonardo Medeiros) não aceitarem seu relacionamento com Daniel, Suzane faz questões de que as famílias dos dois se juntem em almoços, e que o namorado esteja presente em qualquer comemoração.
Segundo Daniel, as coisas começaram a mudar no segundo ano de relacionamento, quando os pais de Suzane começam a não gostar do namoro dos dois, que aparentemente tem atrapalhado os estudos da garota. O preconceito também era algo que atrapalhava o relacionamento, para Daniel, Suzane contava que seus pais eram super agressivos e proibiam os encontros semanais, o que de nada adiantava visto que a menina matava as aulas para ir aos encontros.
Na cabeça de Suzane, a única maneira dos dois continuarem juntos seria se os pais dela desaparecessem para sempre. E sem levar em conta como o seu irmão Andreas (Kauan Ceglio) iria lidar com tudo isso, Suzane convenceu os irmãos Cravinhos (
Leonardo Bittencourt, Allan Souza Lima) e a entrarem no quarto de seus pais enquanto eles dormem, e lá, com a ajuda de alguns pedaços de madeira, desfilar golpes na cabeça dos dois até que eles parassem de respirar.
Para Daniel, Suzane usou da sua influência que tinha sobre o garoto e todos ao seu redor, para fazer algo que vinha planejando há um bom tempo. Desde o princípio a liberdade da garota era algo que ela buscava, a entrada de Daniel em sua vida foi só uma maneira que ela encontrou de finalmente colocar o seu plano em prática.
O Menino Que Matou Meus Pais
A versão dos fatos contada pela Suzane começa do mesmo jeito, mas apresentando Daniel como um rapaz malicioso e ganancioso desde o começo, que estava mais interessado no dinheiro da família Von Richthofen do que com o seu relacionamento em si.
Daniel, segundo Suzane, era agressivo na hora do sexo e nem um pouco cavalheiro. Não era tão ligado aos sentimentos da namorada, apesar dela ser sua prioridade, e estava decidido a acabar com todo o sofrimento da amada, insinuando sempre que a mansão que a garota morava e sua liberdade só seriam possíveis se os pais dela desaparecessem para sempre.
Em sua versão, Suzane se coloca como extremamente influenciável, dizendo que para ela era “Deus no céu e Daniel na Terra”. A sua paixão era tanta que ela foi capaz de suportar ouvir os gritos de desespero de seus pais, mas a partir do momento que todos descobriram os reais culpados, ela entendeu que a verdadeira motivação para o crime foi o dinheiro, e não o seu tão sonhado final feliz.
Crítica
Apesar de apresentarem versões e situações diferentes para uma mesma história, os filmes são bem parecidos no quesito roteiro, direção e atuação. Os roteiristas Ilana Casoy e Raphael Montes tiveram acesso ao depoimento dos acusados e a documentação do caso, tudo para fazer com que o telespectador sinta que está assistindo um documentário, e não um filme.
A ideia de dividir a história entre as duas versões até que foi inteligente e chamou a atenção,mas não funcionaria se fosse exibido nos cinemas, já que de certa forma um filme complementa o outro.
Gravado em 33 dias com diárias intensas e cansativas e direção de Mauricio Eça, era de se esperar que uma ótima produção fosse feita, e de fato conseguiram produzir algo bom, e que me trouxesse uma sensação de angústia durante as 1h30 de filme (sim, são filmes “curtos”).
O fato de conhecermos a história, os culpados e até mesmo a cena do crime deixa tudo ainda mais intenso. Todos os cenários foram devidamente copiados, tudo muito igual a verdadeira casa onde tudo aconteceu.
O mérito dos filmes serem considerados bons é todo do elenco. As atuações estão impecáveis, Carla Diaz mostrou o seu lado manipulador e egoísta, a dualidade da “personagem” e a frieza são os destaques das duas produções. Leonardo não fica para trás, a interpretação do Daniel em sua versão como um menino desesperado por amor capaz de fazer qualquer coisa, me deixou de boca aberta.
Por fim, acredito que A Menina Que Matou os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais poderiam facilmente ser um filme só. Existe bastante coisa “descartável” nas duas produções, e que em um filme de 2h poderia acabar dando no mesmo. Mas a questão de serem filmes separados chama mais a atenção, acaba sendo até mais legal. Os filmes são bons, não ótimos, o roteiro muitas vezes se perde e acaba perdendo o seu poder, fazendo com que eu me desligue da tela por alguns minutos, mas nada que estrague a experiência.
A Menina que Matou Os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais já estão disponíveis no Prime Video.
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