Crítica | “Air” faz com que o espectador sinta emoção ao comprar um tênis Nike
Air começa captando o espectador à tela para os anos 80 nos Estados Unidos. Seja com clipes de rap, com acontecimentos que marcaram a história e com bastantes momentos que marcaram a cultura pop. Além disso, conecta todos esses pontos com as diferentes marcas que o filme faz questão de cutucar de forma irônica: Com a Adidas e a Converse.
A obra lembra, seja nos movimentos de câmera até na construção do espaço em que a história se passa na maior parte do tempo (escritório da área de basquete da Nike), o filme Argo, que também foi dirigido por Ben Affleck. Entretanto, o filme consegue ter um tom e um diálogo com o espectador de forma completamente diferente de sua outra obra citada a pouco.
Um dos pontos que chama a atenção no filme, é como o humor tem timing e acidez na medida certa que a história se propõe a fazer, além de não idealizar tanto os responsáveis pela criação de um dos tênis mais famosos da história da Nike, o Air Jordan.
O espetador que estiver esperando ver um filme sobre o Michael Jordan vai, provavelmente, se decepcionar. Até pelo fato de que a história não é sobre ele. E sim, sobre a aposta de uma marca sobre um atleta, sabendo dos riscos que pode pagar com tal decisão. Decisão que é o principal fio condutor para a jornada e desenvolvimento de todos os personagens com maior espaço de tela.
O jogo de cena dos 4 personagens que fazem parte dessa tentativa de fazer o Air Jordan acontecer, ou não, que são Phil Knight, Sonny Vaccaro, Howard White e Rob Strasser (interpretados pelos atores Ben Affleck, Matt Damon, Chris Tucker e Jason Bateman) consegue acontecer de forma efetiva. Algo que surpreende o espectador que está acostumado com os outros trabalhos de Affleck, e que não espera uma criação de relação entre personagens de forma tão afetuosa e carregada de humor. Além de sentir empatia pelos quatro personagens, o espectador investe seu emocional de toda aquela tentativa aconteça.
O trabalho de Viola Davis, como Deloris Jordan, mostra uma relação de mãe com uma presença de seriedade notável, que consegue não chegar ao nível de algo estereotipado, oque é muito presente em filmes sobre esse estilo de narrativa. Sem contar o fato de que é uma personagem que não apresenta tanto diálogo na narrativa. Todavia, sempre que Viola aparece, sabe-se que sua presença faz muita diferença em tal cenário, até mais do que a do filho Michael Jordan.
Claro que o filme decaí em certos momentos abordando a ideia ilusória de uma empresa perfeita, com seus ideais e o discurso do sonho americano que o espectador com mais bagagens sobre o estilo de filme proposto já previa que fosse acontecer. Mas, tem o lado positivo de o filme não forçar tanto essa imagem, e se aprofundar mais nas relações entre os personagens, do que os ideais fantasiosos norte-americanos.
O filme também tenta algumas coisas diferenciadas com movimentos de câmera em apenas uma cena, que é a única sequência onde Marlon Wayans aparece(como o personagem George Raveling) que tem um diálogo com o personagem Sonny. O diálogo funciona, mas a direção por volta dele se diferencia de forma pouco eficaz com o resto da obra.
Mesmo com essas pequenas problemáticas, o filme funciona como se fosse uma linda poesia que seduz o espectador ao universo Nike. O espectador, principalmente os fãs de basquete, vão assistir à esse como uma narrativa que entrega a satisfação que esperam tanto receber no final das contas. Um filme que faz o espectador queira voar, como Michael Jordan conseguia com seu tênis Air Jordan.
Nota: 4/5
Assista ao Trailer:
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