Retratando a marginalização e violência nas comunidades do Rio de Janeiro, Alemão 2 estampa a guerra que acontece debaixo dos nossos narizes onde, a grande parte das vítimas, são moradores que só querem um dia de paz
Que uma guerra acontece há anos dentro de um dos maiores morros do Rio de Janeiro, isso já não é novidade para ninguém. Quantas vezes assistimos aos jornais toda a ocupação feita pela polícia, operações e trocas de tiro com traficantes? Será que realmente entendemos o que se passa lá dentro? Alemão 2, segundo filme sobre o morro feito por José Eduardo Belmonte mostra a realidade assistida de dentro, os principais causadores e, infelizmente, as principais vítimas.
A trama acompanha os policiais em uma operação no Complexo do Alemão, com o objetivo de prender o dono do morro, Soldado (Digão Ribeiro), que anos atrás conseguiu escapar de uma operação liderada por Machado (Vladimir Brichta). Com a novata Freitas (Leandra Leal) e o cabeça quente Ciro (Gabriel Leone), Machado terá que lidar com os imprevistos e com um inimigo oculto para conseguir fazer com que as buscas pelo chefe do crime seja o mais limpo possível.
O roteiro do segundo filme, diferente do primeiro, trouxe diversos momentos de reflexão sobre as verdadeiras vítimas dessas operações, os principais responsáveis pelo derramamento de sangue, as burocracias e políticas que não investem o suficiente para defender a população e, em grande momento do longa, apresenta o lado psicológico -extremamente afetado e problemático- dos policiais, onde muitos não estão preparados para enfrentar e lidar com a rotina e pressão oferecidas pelo cargo.
Apesar de não ter sido gravado de dentro do morro, como foi no primeiro, Alemão 2 conseguiu trazer para a tela a sensação de estarmos dentro da comunidade, além de mostrar a dificuldade dos polícias em operar lá dentro, por conta das vielas e lugares de difícil acesso. Isso também dificulta na hora de prestar algum socorro. Mais um item a ser refletido após a reprodução.
Alemão 2 dá gatilho para a exploração de diversos assuntos, que podem ser desenvolvidos em outras produções. O envolvimento policial com o tráfico e a questão mais aprofundada do “o que leva a pessoa a entrar na vida do crime” são ótimos pontos a serem tocados nos próximos filmes de José Eduardo Belmonte.
Por fim, Alemão 2 é um tapa na cara vindo diretamente da realidade que, por muitas vezes parecer distante da nossa, uma hora acaba nos afetando de alguma maneira. Produções que contam a história da triste realidade que muitos brasileiros vivem são muito bem vindas, mesmo que sejam feitas como forma de protesto político ou documentário. Alemão 2 é um ótimo filme, com bons atores e a ação necessária.
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