Andor demora para engrenar, mas quando chega lá, nos arrebata
Amor, sacrifício e revolução tratados de maneira exemplar em Andor.
Andor, criação de Tony Gilroy (dos filmes da franquia Bourne), é uma produção de suspense e espionagem dentro do universo Star Wars. Acompanhado do androide K-2S0 (Alan Tudyk), Cassian Andor (Diego Luna) embarca numa nova aventura, tendo como pano de fundo os primeiros dias da Rebelião contra o Império. A série se passa cinco anos antes dos eventos de Rogue One: Uma História Star Wars (de 2016, pelo mesmo diretor), onde Andor foi piloto e agente de inteligência da Aliança Rebelde, líder da Rogue One, unidade que, naquela ocasião, tentou roubar os planos da Estrela da Morte. O resto é história.
O Cassian Andor de Diego Luna realmente não é um protagonista cativante, sempre sisudo e de respostas curtas e grossas, mas serve como símbolo de um viés que não se curva a nada nem a ninguém e que, se necessário, é capaz de matar para sobreviver ou para realizar a missão do jeito que se deve (como revelado nos primeiros minutos), e pelo qual, todos os demais personagens orbitam.
Com um elenco engajadíssimo, Andor é povoado de personagens marcantes e envolventes, muito bem distribuídos em diversos núcleos com frentes distintas, seja de uma atuação mais direta, seja nas artimanhas políticas. Além de Diego Luna, a produção ainda conta com nomes como Adria Arjona, Kyle Soller, Faye Marsay, Alex Lawther, Varada Sethu, Ebon Moss-Bachrach, James McArdle, Forest Whitaker, além de destaques dos impressionantes Andy Serkis, Genevieve O’Reilly, Fiona Shaw, Denise Gough e o lendário Stellan Skarsgård.
Tratando sobre amor, sacrifício e revolução de maneira exemplar, a obra sabe dosar seus diálogos literários com suntuosas sequências de ação, de espionagem e drama, com uma competência técnica de encher os olhos, tanto no CGi, quanto nos maquinários, cenários e figurino. De texto mais adulto e sem a necessidade dos Jedi, a história não tem tempo para o humor, abrindo mão de seus populares alienígenas, criaturas e robôs, que comumente fazem parte da civilização (eles até existem, mas surgem de maneira tímida aqui e ali), o que pode ser interpretado como certa descaracterização dos elementos comuns de Star Wars (no qual o primoroso Mandaloriano encontra melhor equilíbrio).
Por outro lado, a série encontra na temática da rebelião, o cerne que serviu de ponto de partida para George Lucas mais de quarenta anos atrás quando da criação de Uma Nova Esperança, no qual essa premissa mira, acertando todos os alvos.
Entre os grandes destaques da produção, estão o monólogo de Luthen com um infiltrado, os momentos de Cassian e Kino Loy na prisão, o discurso poderoso de Maarva durante um velório, além do grande caos formado no clímax em Ferrix, que distribui as repercussões daquele evento com ganchos interessantíssimos para o futuro da série.
Andor tem um início lento e moroso, sem grandes avanços, que demora para dizer ao que veio. Portanto, é recomendável que se assista a série da maneira como ela foi apresentada: aos poucos, um episódio por semana. O consumo do enredo fica mais palatável e interessante dessa forma. A partir do sexto episódio, muitos elementos interessantes e fundamentais são apresentados e começam a acontecer. Quando o público percebe, já foi arrebatado. E por mais que saibamos o destino do rebelde que dá título a série, é interessante acompanhar tudo o que o motivou para chegar até ali e de como isso se desenrolou. Em um dos melhores materiais já realizados em Star Wars.
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.