Skip to main content

CRÍTICA | FESTIVAL DE CINEMA DE VASSOURAS – Capitão Astúcia consegue ser um filme para toda a família, mesmo abordando um tema delicado

Capitão Astúcia conta a estória do avô de Santhiago, que começa a ter pequenos surtos de aventura com seu neto. Ao mesmo tempo Santhiago passa por uma crise emocional por ter que se lembrar de seu passado como pianista prodígio e ter sua família o pressionando à isso. Mas, ao longo de suas aventuras com seu avô, ele começa a entrar em uma jornada de drama familiar, intrapessoal e muito além do que o mesmo acreditava que poderia chegar.

O filme tem a direção de Filipe Gontijo, e é protagonizado pelos atores Fernando Teixeira e Paulo Verlings. Claro, o filme segue uma proposta inicial que se segue até o fim sem se desvincular no sentido dramático e até mesmo cômico. É uma obra que faz questão de enfatizar, seja nas atuações e na utilização de cores, que Capitão Astúcia faz questão de ser um filme que enquadre todos os públicos. Mas isso não o torna uma obra perdida narrativamente, mas ao contrário.

O filme não só tem a intenção de provocar a discussão sobre como viver a vida dependendo de sua idade, mas também falar sobre a dificuldade de viver como um idoso. Adicionando o fato de como vive um idoso que começa a demonstrar sintomas de doenças como demência, e a visão da família, e próximos sobre isso. Claro que o filme não tenta investir tanto nessa camada, até porquê o filme ficaria muito mais voltado para o público adulto, e a pouco já tivemos um filme que abordasse tal tema: “Meu Pai“(2020).

Capitão Astúcia estava em competição na Segunda Edição do Festival de Cinema de Vassouras, e o ator Fernando Teixeira recebeu o prêmio de Melhor Ator de Longa Metragem de Ficção.
Capitão Astúcia | O2 Play

As interpretações no geral não são o quesito forte do filme, mesmo em alguns momentos exigirem uma elevação no nível da atuação. Mas o filme consegue demonstrar uma boa execução nos efeitos práticos e na edição, mesmo com alguns erros de continuidade em certas sequências. Os efeitos especiais são poucos, mas feitos de forma delicada, o que faz um casamento certeiro com o conjunto estético da obra.

As cenas que tentam mostrar o Capitão Astúcia combatendo o crime, ou brigando com um policial, são cenas que exigiam uma condução na direção para que se tornassem mais simbólicos do que se resultou. Mesmo sendo cenas que aparentemente faziam a função de ajudar ao ápice da conclusão, elas poderiam executar um potencial de carga emocional que foi deixado de lado. Por falar no personagem Policial, o tratamento de sua figura como principal ameaça mais atrapalhou a condução dos personagens do que facilitou para chegar logo ao final dramático. Além da atuação do personagem que é algo caricato a ponto de ser constrangedor.

Nívea Maria, mesmo fazendo uma personagem cativante, mais sobra do que acrescenta algo à obra. Até mesmo sua relação com o Capitão Astúcia é algo que é conduzido e dirigido de forma tão corrida, que não consegue criar nem mesmo uma importância sobre o que vai acontecer com a relação deles no final da obra. Porém, é necessário enfatizar o trabalho nos pontos cômicos da obra, quem em sua maioria funcionam, e muito bem.

Capitão Astúcia estava em competição na Segunda Edição do Festival de Cinema de Vassouras, e o ator Fernando Teixeira recebeu o prêmio de Melhor Ator de Longa Metragem de Ficção.
Capitão Astúcia | O2 Play

Capitão Astúcia, mesmo sendo um filme com problemas pontuais e técnicos, consegue satisfazer o espectador com um discurso belo, abraçando o espectador e a beleza nas relações familiares que, em muitos casos, acontecem nas entrelinhas do tempo, ou até mesmo na nostalgia de um instrumento musical, ou mesmo em páginas abandonadas de quadrinhos.

Nota:3,5/5

Assista ao trailer:

Depois da crítica de Capitão Astúcia, leia também:

Créditos ao autor:

Deixe um comentário