Crítica | Crush à Altura 2 – sequência decepciona mas ensina lição sobre autossabotagem
Crush à altura 2 é o novo capítulo da história de Jodi, antes vítima de bullying por ser a mais alta da escola, agora realizando seu sonho de ser escolhida como protagonista do musical da escola. E a pressão que a protagonista sente em assumir esta nova responsabilidade , mais uma vez se colocando diante de muitos holofotes, traz mudanças não só no seu relacionamento amoroso como em sua forma pessoal de lidar com estes novos desafios. O filme, desnecessário em termos narrativos por não se aprofundar em nenhum narrativa que não seja a da protagonista, pelo menos deixa uma valiosa lição: Cuide de sua saúde mental.
O primeiro filme “Crush à Altura” nos apresentou a história de Jodi Kreyman( Ava Michelle) e sua interessante jornada pela auto aceitação em uma escola que a desrespeitava e sua característica mais visível: a altura. E mesmo que você não lembre a história contada no primeiro filme, Jodi e seu antes melhor amigo e agora namorado Jack Dunkleman(Griffin Gluck) fazem questão de resumir a história na primeira cena do filme, para que a história siga sendo contada sem que o telespectador esqueça quem é quem. Mas é necessário dizer: essa sequência em nenhum momento convence o telespectador de que deveria existir. Por mais apegadas que as pessoas sejam à história original.
Claro que, pra quem ama assistir comédia românticas, não há toda aquela exigência de que o filme seja realmente necessário. Às vezes a pessoa só quer sentar, assistir a um filme bonitinho e sair com o coração quentinho. E, mais clichê do que o formato narrativo das comuns trilogias de comédia romântica, não há. A protagonista conquista/ é conquistada por seu grande amor, no primeiro filme. No filme seguinte a vida segue e tudo está bem até um Don Juan desconhecido aparecer e testar se o amor do casal formado no primeiro filme é real ou apenas passageiro como uma paixão juvenil.
Lembrou de muitos filmes em uma curta e rasa sinopse exemplificativa? É complicado criticar este filme por isso, é uma fórmula que acerta e funciona na maioria das vezes. Mas até nisso ” Crush à altura 2″ errou. Talvez por tentar proteger demais o personagem de Jack (Griffin Gluck) de um potencial rival ou por focar tanto na protagonista Judi a ponto de só inserir narrativas coadjuvantes aos pedaços pra adornar um foco que parecia ser o único digno de importância. E acredite, não é.
Tommy Torres (Jan Luis Castellanos), o “Don Juan” de ” Crush à altura 2” apresenta sua história em poucas cenas e por mais que se relacione com o sentimento de representatividade já defendido pela protagonista no primeiro filme e converse com a proposta de superar medos e traumas, ele é colocado ali apenas pra enfeitar e é completamente descartado. E ele não é o único a sofrer com essa invisibilidade diante as problemáticas da protagonista.
O roteiro não desenvolve os personagens coadjuvantes já conhecidos pelo público do primeiro filme, apresentado resoluções fáceis a situações que, se trabalhadas com mais atenção, renderiam pontos memoráveis para a narrativa. A luta de Fareeda (Anjelika Washington) para ter seu talento como estilista reconhecido só aparece em algumas cenas também, só pra dizer que estiveram ali, desconsiderando totalmente a importância e a representatividade da personagem para a trama. O antagonismo entre Kimmy( Clara Wilsey) e Judi é freado e ninguém entende realmente o porquê, já que a personagem age de forma diversa da apresentada no primeiro filme, de repente, sem nenhum contexto que justifique.
Mas o que parecia ser um roteiro completamente perdido, encontra um rumo diferente ao mostrar a reação psicológica de Judi em confronto com tudo o que está acontecendo de novo em sua vida. Lembrando a todos nós que nossas inseguranças podem nos aprisionar de uma forma bem poderosa.
O filme Crush à Altura 2 acertou em mostrar que até as pessoas com as família mais estruturadas, com pais amorosos, em uma situação agradável e com muito talento e capacidade podem sofrer com a auto sabotagem. Essa postura em desmerecer os próprios esforços e conquistas, se achar inferior aos outros, ter medo de falhar, ter crises de ansiedade é um sofrimento comum a todas as faixas etárias e é uma discussão importante. Assistir um tema tão delicado ser abordado em uma comédia romântica, incentiva a discussão e a procura por ajuda. O filme só pecou em mostrar só a família como ajuda para a melhora, quando cuidados profissionais também são fundamentais.
O filme Crush à altura 2 não é a melhor sequência de comédia romântica da Netflix mas tem seus méritos por abordar, mesmo que artificialmente, algo que está no dia a dia de muitos jovens e adultos. Pode assistir mas sem muitas expectativas. Como mencionado no início do texto: às vezes só queremos assistir uma comédia romântica sem precisar pensar em muita coisa e poder terminar o filme com o coração quentinho. Talvez funcione pra você.
Crush à Altura 2 está disponível na Netflix.
Nota : 3/5
Assista ao trailer:
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