Crítica | Desalma – 1ª Temporada
Produção brasileira original do Globoplay, “Desalma” é um horror sobrenatural sobre uma cidade de interior amaldiçoada por uma bruxa vingativa. Apostando alto em uma trama sombria, a série de Ana Paula Maia reúne grandes nomes do audiovisual nacional, mas se perde em suas escolhas e oferece um produto apático e pouco convincente.
No enredo de “Desalma“, o desaparecimento da jovem Halyna (Anna Melo), durante a tradicional festa de Ivana-Kupala, choca a população de Brígida, em 1988. Banida do calendário oficial devido à tragédia, a celebração é retomada na cidade sulista trinta anos depois do ocorrido, à medida que eventos misteriosos voltam a acontecer e a noite mais escura do ano se aproxima.
Perseguidos por uma poderosa maldição, os envolvidos no enigmático passado da cidade são obrigados a enfrentar as consequências de seus atos, ao mesmo tempo em que são perseguidos por almas das trevas que caminham entre os vivos e lidam com os poderosos rituais da bruxa Haia (Cássia Kis). Nesse sentido, impulsionados pelo suicídio de um parente e amigo próximo, os cidadãos de Brígida temem por suas vidas e buscam as respostas para cada enigma assombroso que insiste em rodeá-los.
“Desalma“, exibida primeiramente no Festival Internacional de Cinema de Berlim, é a aposta do Globoplay para o ano de 2020. Inicialmente programada para estrear em abril, o lançamento da série foi adiado e, em outubro, o grande público teve acesso aos 10 episódios do streaming. A fábula ficcional, aclamada por sua fotografia e sonoplastia, é um produto, a princípio, diferente do comum. Oferecendo um encantador espetáculo visual e um tema pouco explorado pelo cinema brasileiro, o thriller sobrenatural sobre bruxas e possessões tem potencial e conteúdo de sobra para se destacar dentro do gênero explorado. No entanto, isso não se concretiza.
Fruto das escolhas impróprias de direção e roteiro, a história de Brígida e seus mistérios é transformada em uma narrativa maçante, forçada e pouco envolvente. Desde o início recheada por diálogos artificiais e atuações histéricas, o espectador é apresentado a uma realidade folclórica rica, mas a uma série decepcionante. Por conseguinte, diante de uma gama de personagens pouco profundos ou relacionáveis, a produção de Ana Paula Maia peca em suas escolhas e não consegue fugir do ordinário. O conto de horror começa com o pé direito, mas se perde no caminho e não cultiva o interesse.
Finalmente, “Desalma” é uma tentativa pouco proveitosa de inovar no cenário nacional. Carregada de pontos positivos que se recusam a desenvolver, a série do Globoplay é uma decepção incômoda e, ainda que conte com a presença de grandes nomes como Cássia Kis e Cláudia Abreu, pouco nela funciona. Dessa forma, cerceada pela expectativa do público de encontrar um material, no mínimo, prazeroso, a produção do streaming não consegue fugir do superficial e esquece de aproveitar a oportunidade de se tornar algo especial.
Desalma já está disponível no Globoplay.
Nota: 2,5/5
Assista ao trailer:
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