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Crítica | Duna – Um grande épico em um ano razoável

Com a retomada dos cinemas em meio a uma pandemia, estreias sem muito peso e outras decepcionantes, Duna se consagra como o grande épico de 2021, com grandes chances de deixar filmes com maior apelo popular para trás nas bilheterias.

Sinopse: O cineasta indicado ao Oscar, Denis Villeneuve (“A Chegada”, “Blade Runner 2049”), dirige Duna, adaptação para o cinema do best-seller seminal de Frank Herbert, uma produção da Warner Bros. Pictures e Legendary Pictures.

Uma jornada do herói mítica e emocional, Duna conta a história de Paul Atreides, jovem talentoso e brilhante que nasceu com um destino grandioso, para além até da sua própria compreensão, e precisa viajar ao planeta mais perigoso do universo para garantir o futuro de sua família e de seu povo. Enquanto forças malévolas levam à acirrada disputa pelo controle exclusivo do fornecimento do recurso mais precioso existente no planeta – capaz de liberar o maior potencial da humanidade, apenas aqueles que conseguem vencer seu medo vão sobreviver.

Crítica | Duna - Um grande épico em um ano morno
Duna | Warner Bros. Pictures

Já de antemão gostaria de deixar avisado aos leitores dessa crítica que a opinião a respeito desse filme é de um espectador que não teve nenhum contato com qualquer material de Duna em outras mídias, tanto os livros, quanto o filme de 1984 dirigido pelo cineasta David Lynch, com entendimento apenas da premissa básica da obra. A intenção dessa crítica é apenas direcionar a opinião ao filme como uma produção isolada.

Sem mais delongas, Duna se mostra a produção mais épica e grandiosa do ano prometendo agradar o grande público (que assim como eu) não teve qualquer contato com qualquer outro material, seja livro ou filme. A escolha de Denis Villeneuve em transformar o longa em algo “mais pop” (de acordo com palavras do próprio diretor) abrange a obra para um nicho que nunca se ‘preocupou em buscar outras fontes de Duna, e a partir dessa produção correr atrás. É simplesmente genial. A própria escalação de elenco já era um indício disso, exatamente pelas preferências por atores que estão em alta no cenário da cultura pop.

A ideia de abranger a produção também para um público mais juvenil pode ter sido uma pressão dos próprios estúdios que co-produzem o longa (Warner Bros. e Legendary), mas todo o mérito, com certeza, é de Villeneuve e os co-redatores Jon Spaihts e Eric Roth pela belíssima execução de metamorfosear Duna sem tirar sua identidade.

Crítica | Duna - Um grande épico em um ano morno
Denis Villeneuve e Timothée Chalamet nos bastidores de Duna | Warner Bros. Pictures

Sobre a escolha de elenco, “impecável” seria uma palavra um tanto quanto simplória para expressar o trabalho magnífico feito pela equipe artística; cada um teve seu momento, mas ainda sim todos souberam aproveitar muito bem. O destaque fica para os membros da casa Atreides. com foco óbvio em Timothée Chalamet quem brilha levando o filme em suas costas, o que não poderia ser diferente. Apesar do jovem ator se sobressair, ele não ofusca aqueles que estão a sua volta. Oscar Isaac consegue transpor toda a imponência de seu personagem, enquanto Rebecca Ferguson consegue destrinchar cada camada de sua personagem atraindo a empatia do público.

Do outro lado da trama, temos o impecável Stellan Skarsgård que traz um dos melhores papéis de sua carreira, com um vilão que lhe cai super bem, apesar do pouco tempo de tela. Ainda nos destaques está Zendaya que mesmo com pouco tempo de tela consegue gerar uma grande expectativa para o futuro de sua personagem. O papel da atriz nessa primeira parte de Duna pode gerar uma grande controvérsia por parte do público por conta da sua pequena (minúscula) participação.

O único ponto que deixa a desejar nesse quesito, mas que também não chega a ser nada negativo, são alguns personagens esquecidos no churrasco e alguns que não se diferenciam muito de outros trabalhos dos seus interpretes. Jason Momoa continua interpretando praticamente o mesmo personagem, assim como Josh Brolin. Já o personagem de Dave Bautista chama mais atenção por ter sido deixado de lado, mas seus poucos momentos deixam um gosto de quero mais.

Crítica | Duna - Um grande épico em um ano morno
Duna | Warner Bros. Pictures

A construção de mundo de Villeneuve e seus roteiristas transformam Duna em uma produção atrativa pelos inúmeros detalhes minuciosamente trabalhados, que vão desde seus personagens até as linguagens. As partes técnicas da produção também não deixa nada a desejar e refinam a produção para algo muito além do visual, mas também dá sentimento.

Com uma equipe de dar inveja a qualquer produção, o longa conta com grandes nomes vencedores de Oscar e indicados. A equipe de fotografia e efeitos visuais dão grandeza aos cenários que compõem Duna, enquanto o trabalho de figurino e cenografia detalham e nos situam do que poderia facilmente ser confuso, como por exemplo dar identidade a cada casa e família.

Porém, o maior destaque fica por conta da grandiosa trilha sonora composta pelo veterano Hans Zimmer, que entrega em Duna um de seus trabalhos mais memoráveis. Visceral e penetrante, a trilha de Zimmer causa um misto de sentimentos ao espectador por potencializar e dar mais intensidade a tudo que está acontecendo em tela.

Crítica | Duna - Um grande épico em um ano morno
Duna | Warner Bros. Pictures

Duna ganha com folga o título de filme mais épico de 2021 e tem tudo para ser uma das estreias desse ano que mais será lembrado nas premiações que compõem a temporada 2021/22. A paciência de Villeneuve em contar sua própria história sem pressa é alo extremamente positiva. Duna tem uma trama muito detalhista que requer calma para ser contada para que tudo seja devidamente explicado e que sua obra chegue à perfeição ou o mais próximo disso futuramente.

Cativante, emotivo e muito bem executado, Duna se consagra como uma das melhores estreias dessa retomada dos cinemas e merece muito reconhecimento. A “popularização” do longa não afeta a sua origem, mas abre as portas para a nova geração expandindo a grandiosidade e instigando todos a entrar nesse universo fantástico, sem nenhum tipo de “exclusão intelectual”.

Nota: 5/5

Assista ao trailer:

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