Crítica | Glass Onion: Um pega-pega com boa montagem e produção
Glass Onion: A Knives Out Mystery não tenta fugir da formula do primeiro filme, mas consegue se diferenciar com uma forma técnica de montagem para contar o novo mistério e com uma produção muito mais vasta no quesito visual que a obra anterior.
Daniel Craig como Detetive Benoit Blanc ainda mantém sua forte presença, com pouca utilização de sua áurea mais cômica, sendo mais sarcástico com os novos personagens. Além de seu desenvolvimento na trama, que é um dos pontos fortes da narrativa que conecta o espectador ao que esta acontecendo no momento.
O filme funciona como uma forte crítica às figuras bilionárias, se passando como figuras fortes e poderosas, mas que se mostram no cenário real como pessoas inseguras, pouco inteligentes, falsamente alternativas e “sanguessugas” das formas mais bizarras possíveis.
Além do trabalho de atuação de Daniel Craig e Janelle Monáe( que interpreta a personagem Cassandra Brand), o resto do elenco, mesmo sendo nomes de peso, não passam nem carisma e nem presença na trama. Existe uma construção de arco para ligar todos eles de uma forma sentimental consistente, mas a relação potente do filme não passa dos dois personagens já citados e do personagem Miles Bron(interpretado pelo ator Edward Norton).
Falando especificamente do personagem Miles Bron: sua construção de personagem dentro da narrativa se mostra como uma forte sátira à um bilionário muito conhecido na atualidade, com ideias absurdas e tentando se mostrar um gênio filantrópico. Sua relação com a personagem Cassandra é um dos motivos do filme funcionar até sua resolução.
O trabalho técnico na direção de arte e na construção de um espaço quase sagrado para bilionários tem um forte impacto dentro da relação dos personagens enquanto estão naquela ilha e oque eles representam. Como tantas mentiras, interesses e outros jogos, que representam tanta sujeira, se apresentam em um espaço tão limpo. Um contraste interessante da imagem que se vende e oque é a verdade entre os arbustos.
Mesmo a obra em seu conjunto geral estando funcionado de forma operante satisfatória, o filme tem uma premissa que começa a desacelerar com o abandono de uma dinâmica mais orgânica entre os atores e do excesso de diálogos investigativos. Principalmente pelo fato de que é, realmente, difícil fazer personagens bilionários insuportáveis continuarem interessantes por 2 horas e 20 minutos.
É de possível entendimento que fazer um filme que funcione no mesmo estilo que Entre Facas e Segredos, dificilmente, traria o mesmo resultado que o filme anterior. Porém, mesmo sendo filme que se desgasta por si mesmo, a obra continua sendo um entretenimento satisfatório para que se interessa pelo estilo investigativo estilo Agatha Christie.
Para outros que não são muito próximos ao gênero, é possível se divertir com o humor satírico que a obra carrega em vários momentos pelo ponto de vista do detetive Benoit Blanc, mesmo tendo um desfecho não tão potente quanto o esperado desde a premissa.
Rian Johnson mostrou em seus últimos filmes seu interesse em misturar narrativas com discursos políticos potentes e o entretenimento investigativo, sendo em Entre Facas e Segredos, Star Wars: O Último Jedi(2017), e agora com Glass Onion.
Porém, sua falta de medida de como misturar tais assuntos se mostra de forma prevalente no presente. Consequentemente, resultando como seu último filme. Um entretenimento, facilmente, esquecível.
Nota: 3,5/5
Assista ao Trailer:
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