CRÍTICA | Godzilla e Kong: O Novo Império exagera na medida certa em seu universo de monstros
Desde 2014, o chamado MonsterVerse (universo de monstros) tem deixado sua marca no cinema atual seja para o bem ou para o mal, apresentando separadamente dois seres famosos dentro da indústria cinematográfica para uni-los de um jeito que seria difícil não empolgar o espectador que curte uma surra de gigantes. Para agora, quando parecia que não tinha mais o que fazer, encontrar novos elementos a serem trabalhados e apresentados para dar continuidade de uma forma inesperada e instigante.
Sendo assim, o longa-metragem dirigido pelo Adam Wingard continua do ponto de partida do que aconteceu no evento anterior, com os protagonistas vivendo em mundos distintos enquanto a personagem da Kaylee Hottle já crescida se vê deslocada da realidade que a cerca. Então, após um combate para se salvar, Kong desperta a atenção de algo poderoso o suficiente para impactar na Terra e levar os humanos a invadirem essa Terra Oca para impedir que um novo problema chegue até eles.
Godzilla e Kong: O Novo Império | Warner Bros. Pictures
Então, com uma narrativa simples como essa, fica claro que os criadores ouviram as reclamações dos fãs sobre os primeiros filmes darem maior atenção para os humanos ao invés dos monstros e aqui, o intuito se mostra realmente trazer uma nova etapa para os gigantes, dando mais tempo de tela para seus sentimentos e para o espectador ter a oportunidade de acompanhar suas realidades tão distintas e atrativas. Tanto Godzilla quanto Kong se encontram em novos papéis graças aos seus feitos, descobrindo novos adversários, ao mesmo tempo que um motivo pelo que lutar, nos deixando passar um tempo considerável sem ouvir uma conversa humana, apenas compreendendo o que está acontecendo a partir de reações faciais e corporais, demonstrando certa coragem narrativa que atende as expectativas e quase incorpora ideias vistas recentemente na franquia Planeta dos Macacos.
Entretanto, mesmo que com uma participação reduzida e compreensível de existir dentro da história, são pontos específicos como uma ação exagerada dentro de uma situação crítica para gerar humor e os diálogos cafonas e preguiçosos em busca de apenas dar uma razão para a participação de cada um que as pessoas da obra conseguem gerar os momentos mais desinteressantes ou vergonha alheia, ainda que os atores estejam bem em seus respectivos papéis, a química existe, e o Brian Tyree Henry brilha com seu humor inocente e apaixonado até demais. Infelizmente a Kaylee, que interpreta a garota Jia, acaba sendo a única que soa destoante por soar verde e superficial, não sabendo muito bem fazer outra expressão além daquela parecendo que mastigou uma cebola.
Godzilla e Kong: O Novo Império | Warner Bros. Pictures
No fim, a diversão é garantida. Godzilla e Kong: O Novo Império praticamente não te permite descansar e a todo o momento apresenta algo de valor que vai impulsionar em um acontecimento mais importante que o antecessor, sabendo muito bem como fluir e viajar entre a trama do gorila, do monstro e dos humanos. Sendo difícil te tirar da imersão graças ao ótimo trabalho de efeitos visuais em que mesmo fantasiando bastante, consegue fazer tudo ecoar real e belo de comtemplar. Porém, o embate final que acontece em um local familiar, acaba soando superficial demais conforme a destruição se intensifica, dando a sensação dos monstros serem reais, mas o cenário não. Da mesma forma, que levemente me desapontou não aproveitarem o fato de tudo ser animado, sem qualquer intervenção humana, para trazer planos longos e deixar o conflito mais compreensível e prazeroso de se acompanhar. Não se deixando cair na armadilha de um Transformers do Michael Bay em ter múltiplos cortes seguidos, mas também não se permitindo uma coreografia louvável como no Avatar de James Cameron.
Ainda que a obra corra para fechar sua história e não indique continuação com uma cena pós-créditos, mesmo tendo fôlego para tal, o saldo acaba sendo bem positivo para quem comprou a proposta de viajar na maionese com elementos absurdos e uma pancadaria muito louca, já quem for esperando sair emocionado ou reflexivo sobre as ideias debatidas durante as duas horas vai se decepcionar pelo quão superficial consegue ser neste aspecto.
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