CRÍTICA | Herói de Sangue poderia ser um grandioso filme de Guerra, mas se acomoda nos ombros de Omar Sy
Herói de Sangue não foge do esperado vindo de filmes de época ligados à Primeira ou Segunda Guerra Mundial. Tendo uma vasta produção, e uma qualidade técnica que enfatiza a narrativa, o filme poderia desenvolver muitas camadas sobre as questões históricas envolvendo a França no continente africano e da utilização de homens inocentes como armas de guerra e instrumentos para sua vitória em combate, mas não se aprofunda tanto quanto poderia.
Tal problemática acontece também por conta do desenvolvimento do personagem Thierno, que é o filho do protagonista Bakary. Os conflitos internos de Thierno são algo que chegam a beirar o absurdo. Como um personagem que é retirado de sua família de origem, e é usado para lutar uma guerra que não tem nada a ver com ele ou seu país, briga com seu pai para lutar ao lado daqueles que são os seus verdadeiros inimigos? Além de não fazer o menor sentido, chega a ser desrespeitoso com aqueles que foram mortos na Primeira Guerra Mundial nas mesmas circunstâncias.
Mesmo o filme carregando esse discurso contraditório e confuso de não saber se quer “homenagear” a pátria francesa ou criticá-la, a obra tem atuações e uma produção efetiva. Além de ter um lado positivo da obra mostrar que a França não foi nenhuma figura puritana em certa época, o filme consegue ter sequências fortes de conflito armado e de ação, sem ser algo exagerado como o de costume e com uma construção de espaço e momento completamente sóbria.
Quando digo sóbria, respondo que é como se o filme conseguisse mostrar a época e o momento de forma exata, sem a utilização ou construção de planos e sequências que necessitam explicar tal momento. A direção é direta e seca ao querer mostrar que o importante em toda a narrativa é a relação pai e filho e os conflitos entre eles que vão em uma crescente pelo que cada um acredita, ou quer para o outro.
O filme tem um conjunto técnico de sucesso e consegue com a simplicidade da direção fotográfica captar a atenção do espectador, mesmo com seus problemas narrativos. A direção tenta agregar certos simbolismos à obra, mas nada consegue disfarçar o caminhar do discurso proposto na narrativa. Até mesmo a ideia do “oprimido querer ser o opressor” é algo aplicado aqui de forma muito apressada e sem o tempo necessário de construção de tal personagem sobre o espaço e o momento que o tornam assim.
Necessário acrescentar que o filme se sustenta pela atuação de Omar Sy, que consegue se mostrar como um pai atencioso, mas nunca esquecendo suas origens e a vontade de voltar para a casa. Além do fato de que os conflitos são potencializados pela atuação do mesmo, pois os restos das atuações funcionam em tal cenário, mas não conseguem ocupar a mesma presença que o trabalho de Omar Sy.
Herói de Sangue é apenas mais um filme de Guerra esquecível, que não serve nem para critica a França pelo que ela fez a homens inocentes de outro continente, nem como uma provocação para discutir sobre os ocorridos da Primeira Guerra, ou até mesmo uma conversa mínima e sustentável da conexão com a realidade atual que tenta ser abordada no final. Porém, é um filme que tem cenas de ação e conflito eficazes e que servem para colocar a obra com um mínimo de entretenimento.
Nota: 2/5
Assista ao Trailer:
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