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Crítica | Jexi – Um Celular Sem Filtro

Comédia irreverente da conhecida dupla de roteiristas responsáveis pela trilogia “Se Beber, Não Case”, Jon Lucas e Scott Moore, “Jexi – Um Celular Sem Filtro” chega aos cinemas sob fortes comparações com o conhecido “Her” (2013), porém, com o status de uma quase paródia.

Obsessivamente dependente de seu telefone celular, Phil (Adam Devine) é um jovem adulto não realizado profissionalmente que não tem amigos ou qualquer tipo de relação amorosa. “Privado” do mundo real por sua relação com seu aparelho móvel, ele vê sua vida tomar um rumo completamente inesperado quando é forçado a atualizar o seu telefone. Apresentado a um inovador recurso de inteligência artificial, “Jexi” (Rose Byrne) torna-se uma espécie de coach e assistente de Phil ao tentar ajudá-lo a melhorar sua vida. Contudo, defeituosa desde o início, a nova companheira virtual dele se transforma em um real pesadelo tecnológico ao ficar obcecada pelo protagonista.

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Jexi – Um Celular Sem Filtro / Diamond Filmes

O objetivo primordial do longa de Jon Lucas e Scott Moore é claro e bem definido desde o início. Utilizando-se de um tom satírico e constantemente atrevido, a crítica social direcionada à comunidade contemporânea e ao vício das novas tecnologias é clara e bem feita. O exagero constante nas situações da trama e sua extremista “fuga da realidade” são o meio encontrado pela produção do filme de atingir o tom pretendido e transmitir ao espectador a realidade absurda que a sociedade de consumo tem se tornado. O fundamento da ideia de “Jexi” é inteligente e bem-intencionado, ainda que o filme tente se passar, nada sorrateiramente, por uma comédia bruta e sem propósito para alcançar a sua finalidade.

Inicialmente interessante, o filme perde seu ritmo e sua construção torna-se um problema. A previsibilidade do roteiro e a incômoda simplicidade dos acontecimentos fílmicos que servem apenas para dar algum rumo aceitável para os absurdos em tela incomodam. O potencial da história é perdido e assistimos apenas um software defeituoso que fica obcecado pelo protagonista. Sem peso dramático algum ou sem qualquer linha básica e aceitável de raciocínio para dar fluidez à trama, encaramos o filme por 84 minutos esperando que ele se torne algo que simplesmente não consegue.

No conhecido filme de Spike Jonze, “Her”, somos apresentados à Samantha (Scarlett Johansson) e Theodore (Joaquin Phoenix) em uma cativante história ficcional de amor entre um humano e um software. A proximidade com a trama apresentada em “Jexi” é inegável. Contudo, tecer comparações entre essas duas produções chega a ser inadmissível. Apesar de “Her” ser claramente uma história dramática e romantizada, enquanto o filme estrelado por Adam Devine um claro e eterno pastelão, a construção dos dois filmes está em caminhos extremamente opostos e o segundo não consegue agradar completamente o espectador, nem em seus melhores momentos.

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Jexi – Um Celular Sem Filtro / Diamond Filmes

Comparações à parte, um tópico interessante sobre “Jexi” é a escalação de Adam Devine como protagonista. Personagem recorrente no circuito de comédias de Hollywood, o ator é comumente visto em papéis secundários e bastante interessantes, de maneira que vinha conquistando o seu espaço e se destacando neste tipo de produção. A visibilidade do mesmo lhe rendeu esse protagonismo no filme de Jon Lucas e Scott Moore e o resultado é, infelizmente, um pouco decepcionante. A culpa, contudo, não é inteiramente de Adam, mas também da dupla de roteiristas que realmente não o ajudaram nessa difícil missão de encontrar o seu destaque e demonstrar todo o seu talento, apesar de o ator, mesmo nessa situação, ser um bom e despretensioso comediante.

O elenco de Jexi conta, também, com Michael Peña, que rende certos momentos engraçados, e com Alexandra Shipp, que desenvolve uma boa química com Adam Devine e oferece uma história inocente e leve entre os dois personagens.

“Jexi: Um Celular Sem Filtro” é inesperado. Definitivamente uma comédia sem ambições, a trama abordada carrega uma mensagem importante e uma crítica necessária para a sociedade contemporânea. Desperdiçando grande parte de seu potencial, o filme não deixa de ser um entretenimento interessante, mas ficará marcado por sua falta de estrutura e por sua construção preguiçosa e insuficiente para constituir uma obra um pouco mais do que passageira e esquecível.

Nota: 5/5

Assista ao trailer:

https://www.youtube.com/watch?v=MoFnanuRu_A&feature=emb_title

Créditos ao autor:

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