Crítica | Joias Brutas
Escrito e dirigido pelos irmãos Josh e Benny Safdie, Joias brutas, produção feita da parceria entre Netflix e o estúdio A24, traz Adam Sandler em uma de suas melhores performances, junto a uma trama que prende do começo ao fim.
Howard Ratner (Sandler) é um joalheiro na cidade de Nova York, que acaba de adquirir uma pedra extremamente valiosa, capaz de causar um efeito único e poderoso. A posse desta nova joia é uma grande oportunidade para lucrar e ter sucesso em seu negócio, algo que Howard precisa com urgência, já que ele está sendo cobrado por dívidas passadas, das quais faz de tudo para adiar, e nesse cenário onde ele insiste em continuar prolongando o inevitável, ameaças cada vez mais violentas se tornam parte do seu cotidiano.
Quando a estrela do basquete Kevin Garnett (interpretando ele mesmo) aparece em sua loja, e desperta uma repentina obsessão pela nova joia, que será leiloada em breve, impossibilitando a tentativa do atleta de compra-la. Howard decide fazer um acordo, a pedra ficará com o astro apenas para o jogo da noite, servindo como uma espécie de amuleto da sorte, porém a situação do joalheiro se complica ainda mais, quando Garnett não cumpri sua parte do acordo e não demostra sinais que pretende realmente devolver a joia, desencadeado uma série de eventos e tornando a vida de Howard ainda mais caótica.
Bom comportamento, projeto anterior dos irmãos Safdie estrelado por Robert Pattison, já se mostrava como um trabalho promissor, e revelava a habilidade dos irmãos de desenvolver roteiros intrigantes e uma alta capacidade na direção dos longas metragens. Em Joias Brutas todo esse talento é aproveitado ao máximo, o desenrolar da trama segue de maneira precisa para deixar o espectador inquieto para descobrir o que a próxima cena pode trazer, o resultado disso fica evidente na tela, enquanto observamos o protagonista se perder cada vez mais em seus atos gananciosos, transformando sua já complicada situação em uma bola de neve ainda maior, e cada vez mais fora de controle.
Todo esse mérito deve ser dividido também com Adam Sandler, que carrega a responsabilidade sozinho de fazer com que o público sinta empatia por Howard, que por sua vez não é um personagem que poderia ser interpretado por qualquer um, na medida em que passamos o filme inteiro assistindo o protagonista cometer erros atrás de erros. Se fosse qualquer outro ator na pele de Howard, essas falhas logo se tornariam um motivo para questionar como o personagem pode agir de uma maneira tão estupida, o que prejudicaria o ritmo do longa, quebrando sua imersão.
Sandler tem carisma de sobra para o personagem, e é exatamente este carisma que faz com que a audiência não desista do protagonista, torcendo para que as coisas melhorem para ele, e que exista a possibilidade, mesmo que pequena, de contornar toda está situação. Provando que quando bem dirigido, o ator que muitas vezes é apenas lembrado por seus péssimos desempenhos, tem a chance de mostrar todo seu potencial.
Um ótimo início de carreira para a dupla de diretores, que tiveram êxito em sua estreia, e foram capazes o suficiente para produzir mais uma obra de qualidade, e aos poucos estão construindo um carreira sólida, com chances de se tornarem referências quando se trata de filmes que te deixam com os olhos vidrados na tela. Um filme fora da curva para Sandler, mas é uma ótima surpresa poder ver novamente o ator escolhendo papéis de tanto destaque, desde que trabalhou com Paul Thomas Anderson em Embriagado de Amor, é possível ver essa fagulha que o direciona para projetos mais interessantes, momentos assim não acontecem com frequência, e devem ser apreciados, assim como Joias Brutas, que já está disponível na Netflix, para ser visto e revisto.
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