CRÍTICA | Lobisomem tem boas ideias, mas não conquista como poderia
Lobisomem é aquele filme que não vai te deixar zangado pela perda de tempo, mas vai te fazer refletir sobre o que faltou.
Lobisomem tem uma premissa simples. Uma criança que cresceu com um pai caçador, entende que existem muitos perigos na floresta, então ao crescer, o abandona e segue pra cidade grande com o objetivo de se distanciar. Entretanto, ao descobrir que depois de anos desaparecido, seu pai foi declarado morto, o filho decide retornar para fazer uma viagem com a família e resgatar seus pertences. Acontece que a floresta não deixou de ser perigosa.
Dito isso, a trama segue por um caminho além do esperado, trazendo revelações e uma narrativa mais contida do que aparentava, dando novas perspectivas sobre como é ser um lobisomem, o que acontece durante essa alteração de DNA e o quanto ainda dá pra se manter humano. A parte mitológica mostra que tem algo a explorar, mas aí é preciso decidir se quer ser um terror ou não.
Lobisomem | Blumhouse
Veja bem, o roteiro da obra segue todos os tópicos para dar um bom filme, que cria empatia para com a família protagonista e traz uma ideia interessante pra abordar o homem que vira lobo na lua cheia. Vale dizer, a lua nem aparece na obra! Isso vai de encontro com a falta de noção sobre o que deseja mesmo abordar.
Como parte do gênero terror, a atmosfera de prender uma família em um local natural é sábia, mas a falta de habilidade pra criar o suspense, a tensão, atrapalha da imersão vir independente do espectador. Os sustos que podem tomar virão por conta do quão do nada ocorrem as aparições “surpresas”. Só que outro fator determinante para atrapalhar tudo, inicia-se pela conveniência dos personagens conseguirem escapar de um ser feroz que deveria ser mais rápido e ágil. E quando não escapam, o mesmo personagem é atingido.
Na parte técnica, é necessário falar sobre a câmera que tenta agir como se estivesse lá, mas que se mexe de modo tão truncado, tão manejada por um tripé, que acaba mais tirando a imersão que provavelmente gostaria de causar, naquele estilo Atividade Paranormal, do que entregando o desejado. Felizmente, essa abordagem aparece pouco, porque se for pra tentar ser artístico e não conseguir, nem tente.
A falta de tentativa fica claro em todos os outros quesitos. A trilha sonora cumpre tabela e umas duas vezes soa mais dramática do que deveria. Os efeitos visuais estão muito bons, em nada quebram a imersão. As atuações estão convincentes, conseguem ganhar a empatia de quem assiste. E todo o resto segue um padrão que fica fácil definir a obra como mediana.
Lobisomem | Blumhouse
Ainda assim, é bacana notar a mensagem central de paternidade, escolhas e ciclos viciosos que devem ser quebrados, no qual o pai demonstra estar seguindo os passos daquele que o criou, onde um conflito interno se deixa notável, enquanto a mãe está distante da filha, apresentando certa passividade com essa situação, da qual a trama levará a uma mudança drástica nesse quesito, mesmo que seja enfrentando o próprio marido.
Lobisomem é um filme que não fere tanto quanto poderia, entrega algo sólido, mas nada além disso também. Encontra um assunto cada vez mais debatido para trabalhar sua trama e tanto um terror quanto uma ficção, uma aventura, poderiam se originar disso. Acaba que a obra se vê em cima do muro e com a ausência da mão certa para fazer dessa nova abordagem marcante.
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