CRÍTICA | Longlegs – Vínculo Mortal, um terror agonizantemente bom
Chega aos cinemas nesta quinta-feira, 29 de agosto, Longlegs – Vínculo Mortal, o tão aguardado terror que vem causando alarde ao redor do mundo.
Longlegs – Vínculo Mortal é um filme de suspense e terror de Osgood Perkins (A Bela Criatura que Mora Nesta Casa Sou Eu) que traz o vencedor do Oscar Nicolas Cage como o principal antagonista. Ele acompanha a história da agente do FBI Lee Harker (Maika Monroe, de Corrente do Mal), que está tentando rastrear o serial killer Longlegs. O caso toma outro rumo quando a detetive descobre uma conexão pessoal macabra com o assassino e tenta pará-lo antes que ele faça mais vítimas.
O elenco ainda conta com Blair Underwood (Impacto Profundo), Alicia Witt (Lenda Urbana), Michelle Choi-Lee (Loucas em Apuros) e Kiernan Shipka (O Mundo Sombrio de Sabrina).
Do visual sinistro a performances incríveis, Longlegs é de fato o melhor filme de terror do ano até aqui. Perkins trouxe o pesadelo sobrenatural em alguns detalhes bem elaborados e alguns momentos brutais de perversidade. O diretor soube extrair até a última gota para tirar o melhor de seus personagens, reforçado pelas boas atuações de todo o seu elenco, com destaque para Maika Monroe e Nicolas Cage que de fato está irreconhecível no papel, todos os demais tiveram um alto impacto nos personagens principais e eventos que desenrolam o longa.
Longlegs – Vínculo Mortal | Diamond Films
A primeira metade do longa é estática, completamente tensa e marcante. O diretor trabalha muito bem a mística do suspense de Serial Killers e agentes do FBI, trazendo toques sobrenaturais, diálogos cafonas, sem graça e por alguns momentos maçante, ele está sempre no limiar entre o que é paranormal e o que não é e por isso funciona tão bem.
Quando Longlegs chega a sua parte final, seu ritmo alucinante vem a tona, fazendo com que seus 100 minutos de duração pareçam pouco, rapidamente alternando de sua forma mais abstrata para o palpável. Respostas claras com pouco espaço para diferentes interpretações, usando um discurso como um disfarce para metáfora onde não há nenhuma.
Maika Monroe é absolutamente incrível, o público estava vivendo o mesmo que ela, bem como dentro de sua cabeça, seu desespero, sua falta de ar, sua melancolia crescente ao longo do filme, o que o torna tudo muito mais assustador. Um ótimo trabalho de personagem, que lembra Clarice Starling de O Silêncio dos Inocentes, bem escrito e profundamente distorcido.
Longlegs – Vínculo Mortal | Diamond Films
Nicolas Cage apresenta uma das atuações mais memoráveis, arrepiantes e enigmáticas como o herege serial killer Longlegs. Conforme o filme avança, começamos a descobrir o mundo estranho de Longlegs através de Lee Harker, alguns episódios psicodélicos, as emoções perturbadoras do limbo em que vive, o ritmo imaculado e a conexão das evidências, o diretor sabia como fazer um filme que pudesse levar o público para caminhar lado a lado com seus personagens.
O semblante caótico e quase derretido do assassino de Cage, ficará gravado em muitas mentes, algumas cenas específicas das quais eu legitimamente não consigo esquecer. Embora ele seja apresentado com moderação, sua onipresença permanece. A decisão de omitir sua aparição de todo o marketing foi brilhante, porque a primeira revelação de seu rosto é de fato horripilante.
Em entrevista ao Entertainment Weekly, Cage revelou que sua inspiração para este papel foi sua mãe, que sofreu com esquizofrenia. “Foi um tipo de performance profundamente pessoal para mim porque eu cresci tentando lidar com o que ela estava passando. Ela falava em termos que eram uma espécie de poesia. Eu não sabia como descrever de outra forma. Tentei colocar isso no personagem Longlegs porque ele é realmente uma entidade trágica. Ele está à mercê dessas vozes que estão falando com ele e fazendo-o fazer essas coisas”, disse o ator.
Longlegs – Vínculo Mortal | Diamond Films
Apesar das atuações, nada neste filme é como O Silêncio dos Inocentes, muitos o comparavam a ele, além de alguns conceitos superficiais. Apesar dos comportamentos semelhantes de Clarice Starling e Lee Harker, em Longlegs seu relacionamento com o assassino é muito menos íntimo, dificilmente vemos o assassino nisso, sua falta de presença é o que torna o caso mais aterrorizante.
A cinematografia de Andrés Arochi foi excelente, arrastando os elementos assustadores e perturbadores em cada quadro. Ao lado do diretor eles inundam quase a tela com um desconforto arrepiante, empregando os zooms lentos dos anos 70, as proporções de aspecto 4:3 para aumentar o pavor e claro o filme de 35mm é a cereja do bolo.
O design de som é único, não depende de jumpscares, mas usa de maneira inteligente o silêncio e a música, o que elevou a narrativa ao topo. Gosto da edição por vezes fantasiosa, de como cada cena parece vinhetada, mas ainda assim conectada, flui extremamente bem. O design de produção e os locais eram tão assustadores e caóticos quanto a própria narrativa.
Longlegs – Vínculo Mortal | Diamond Films
Longlegs traz o horror que se esconde à vista de todos, exibindo a terrível indiferença em sua representação abafada do nosso mundo, ele brinca muito brilhantemente com a mistura de elementos básicos do gênero para não tentar algo novo. Ao contrário dos mistérios de detetive que ele visualmente reproduz, não há mistério para resolver, nenhuma verdade para deduzir, as perguntas são respondidas nas cenas em que são propostas.
O longa tem muitos pontos positivos, mas apesar de toda a sua atmosfera soberbamente comercializada e trabalhada pelo forte investimento no marketing que investiu os mesmos 10 milhões que foram gastos para realizar o filme, no final das contas não corresponde completamente às suas inspirações e aspirações. Eu realmente amei, no entanto, embora nem de longe o quanto eu queria ou esperava, o que claro é culpa minha, mas ainda assim fiquei completamente envolvido por sua terrível utopia.
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