CRÍTICA | Matador de Aluguel não faz nada que o torne especial
Em Matador de Aluguel, remake do filme de 1989 com o mesmo nome, acompanhamos um ex-lutador de UFC que é convocado por uma moça para trabalhar como segurança de uma taberna para dar um jeito em alguns encrenqueiros. Tudo isso, para descobrir que tem um podre bem mais fundo pra ser resolvido.
A partir disso, o filme dirigido por Doug Liman nos leva de volta a clássica história do homem branco carrancudo que é chamado para resolver os problemas de qualquer pessoa e presenteia o espectador com muita cena de luta. O que já leva o filme a cair num clichê bem exprimido por Hollywood que te leva a se questionar do motivo para um remake de uma obra que fazia sentido décadas atrás, mas que atualmente se encontra ultrapassada, principalmente por estar clara a busca do público por filmes do gênero com um universo que soe diferente e traga coreografias de luta vibrantes, como é o caso da franquia John Wick. Sendo esta, uma oportunidade perdida de reinventar mais a roda em qualquer aspecto.
Não haverá comparações para com a obra original por conta deste que vos fala nunca ter conferido ela, então de acordo com o que foi visto nessa atualização de Matador de Aluguel, é triste notar que haja uma falta de simpatia e criatividade para trabalhar seu protagonista em meio à situação que se encontra. Além de criar a ideia de um lutador que vai conseguir enfrentar qualquer combate, falta na obra uma humanização para nos importarmos com ele, destrinchar o protagonista com medos e anseios, em vez da superficialidade de cenas pequenas onde tenta se matar, fala que não presta pra uma mulher e interage com uma garota mais nova pra nos levar a entender que é um cara bacana. É compreensível a existência desses momentos pela ação que vão influenciar nele, mas isso apenas influencia em entendermos pra que caminho a obra seguirá.
Com isso, a participação do lutador Conor McGregor como antagonista atrapalha ainda mais a profundidade do longa-metragem com seu exagero agoniante de alguém que quer chamar atenção, não liga pra nada e surge pra irritar todos ao seu redor, incluindo quem assiste, já que além do corpo forte, não transparece um pingo de veracidade em suas reações perante o que lhe acontece. Diferente de Jake Gyllenhaal que, mesmo soando forçado ao parecer que quer ser descolado e visto como um Rambo, apresenta trejeitos, sorrisos e respostas que o deixam palpável e agradável de acompanhar, ficando notável que ele sente cada golpe que dá e recebe.
O que leva ao ponto mais positivo da obra, já que ela realmente precisava ser atrativa em algum ponto que a diferenciasse do comum, e se tratando da coreografia de luta e da movimentação da câmera nas cenas de ação, é difícil você não se sentir parte daquilo, já que ela se mexe como se estivesse acompanhando cada ato realizado pelos lutadores, trazendo poucos cortes rápidos que dificultam um entendimento do que está acontecendo como se buscasse esconder falhas de um combate mal feito. Felizmente, essas partes são divertidas de acompanhar, lembrando bastante o que o James Wan realizou no sétimo filme da franquia Velozes e Furiosos.
Matador de Aluguel acaba sendo mais um daqueles filmes que recebe uma repaginada e falha em conquistar um público mais novo, trazendo na verdade apenas a vontade de conferir a primeira versão dessa história para comparar e talvez encontrar erros neste, já que normalmente é o que acontece. Mesmo que a fotografia traga planos que exaltem a beleza do local em que foi gravado e a direção traga uma câmera próxima dos personagens, a falta de um roteiro esforçado para ajudar o público a se importar com o que ocorreu leva a um esquecimento quase instantâneo após os créditos finais subirem.
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