CRÍTICA | Meu Filho, Nosso Mundo valoriza ter um filho especial
Meu Filho, Nosso Mundo debate a forma que uma pessoa com autismo é tratada pela sociedade.
Depois que um comentário sarcástico apavora uma criança com autismo a ponto de fugir e ser atropelada, seu pai decide fugir com ela para uma aventura, em prol de mostrar como aquilo que a torna diferente, também a torna especial, mas não a ponto de precisar ser tratada como tal. O mundo é duro, e é melhor aprender com ele do que viver fora, a ponto de não estar preparado com o que o futuro reservar.
Sendo assim, “Meu Filho, Nosso Mundo” traz um entretenimento familiar de pai e filho se conhecendo, entendendo e crescendo juntos. Lembrando muito aquela obra que rendeu um Oscar para Dustin Hoffman chamado “Rain Man“, onde entre percalços e situações cômicas, o espectador se comove com uma relação conturbada que fica mais poderosa ao final de sua duração.
Meu Filho, Nosso Mundo | Diamond Films
Ainda que não traga uma verdadeira conclusão para alguns tópicos como a amiga que parecia ser mais do que isso e o adulto que falou algo pecaminoso, desencadeando no acidente da criança, o assunto principal envolvendo a família, o motivo do avô trabalhar com algo, a ausência de uma mãe, o problema que o filho tem com certas coisas e a força do pai em se provar perante o que julgam sobre ele. Tudo isso é trabalhado e concluído de modo agradável.
A firmeza no chão apresentada pelo longa é algo que o fortalece ainda mais perante as possíveis facilitações que poderia seguir caindo pro clichê, seja diálogos inspirados demais ou momentos onde a trilha sonora impulsiona o espectador a chorar. Aqui, tudo soa muito… honesto. As conversas transparecem veracidade, algumas ações sofrem consequências e quando menos espera, surgem as cenas que podem comover o público.
Meu Filho, Nosso Mundo | Diamond Films
A forma escolhida para retratar o autismo foi ótima pela visão de quem tem pouca familiaridade com o assunto, pois ainda que seja notável as dificuldades que as pessoas podem passar com alguém que tenha esse transtorno, sabiamente a obra escolhe clarear a visão pessimista com a beleza disso, o que acontece ali que realmente a torna especial, incluindo até mesmo as evoluções encontradas para com certos níveis habituais sendo alcançados ou a inteligência demonstrada com algo que a grande maioria teria maior dificuldade em pensar ou responder.
Vale dizer, acredito que a obra se sair tão bem ao retratar o assunto, vai tanto da interpretação dos atores, no modo como cada um retrata um jeito de tratar um autista, tal qual a presença de William Fitzgerald’s que dá vida ao protagonista e também tem transtorno do espectro autista, mostrando não só a preocupação da produção em falar sobre o assunto, como encontrar uma forma de conversar com cada um que conhece alguém ou sofre do mesmo transtorno.
Meu Filho, Nosso Mundo é um filme adorável, que tem pitadas de comédia, mas que ao trabalhar com um tema deveras complicado, nunca se deixa ficar dramático ou pesado demais. Cada assunto é abordado de um jeito que você se conecte, se identifique e possa conhecer o mundo que seria só deles. A mensagem do longa-metragem é trabalhada com sabedoria, ao destacar que os autistas não podem ser excluídos do nosso mundo e mesmo com o jeito diferente de ver o mundo, devem receber respeito e carinho, sendo recebidos como se fossem seu próprio filho.
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