CRÍTICA | MIMO Festival – Letrux: Viver é um Frenesi mostra um lado humano cativante da artista além de sua música
O documentário consegue fazer o seu dever quando se trata sobre um artista: torná-lo interessante para além de quem já conhece certo artista. Aquele que vos escreve essa crítica, nunca foi alguém muito próximo da obra de Letrux. Principalmente pelo fato de não ser um grande fã de seu estilo de trabalho musical. Mas, oque importa nesse momento é como esse filme conseguiu me capturar como espectador, mesmo distante de seu trabalho.
Além do filme não ser algo necessariamente biográfico, a narrativa segue Letrux no momento em que começa a pandemia de Covid 19, quando a cantora decide ir para a casa de férias de sua família em São Pedro da Aldeia, onde decide passar seu isolamento. Nesse isolamento, Letrux fala sobre seus registros familiares, lembranças de alguns shows e relatando sobre cada persona que Letícia Pinheiro de Novaes carrega em si.
A direção não faz questão de capturar Letrux como uma figura icônica da música brasileira ou com uma vida conturbada. Faz o oposto, apostando em simplesmente filmar uma mulher artista, que ri dos registros familiares filmados pelo seu tio, que fazia tudo com suas primas quando mais nova e que ama seu trabalho, sem medo de falar sobre isso. Sem contar que Letrux tem uma postura muito cômica para falar sobre muitos pontos, mas não a ponto de ser uma figura infantil. Oque fica balanceado quando Letrux decide recitar textos e com a direção que consegue falar do lado artistico da protagonista com artifícios fotográficos, pipas, entre outros.
Letrux: A Vida é um Frenesi é um documentário que segue uma linha de construção que lembra o estilo de direção de alguns filmes franceses, sejam documentários da Agnes Vardá e da brasileira Renata Pinheiro, não pelo tema tratado, mas como é executado o desenho sobre o tema em especifico. Tornar a protagonista profunda e interessante ao espectador, sem esquecer a necessidade do ambiente em que o personagem principal se encontra.
São Pedro da Aldeia exala na narrativa, e de forma necessária, pelo fato de que a casa em que Letrux se encontra carrega muito de sua história. O espaço ensolarado, e em sua maioria pouco povoado nos momentos filmados, faz parecer que Letrux encontra o paraíso perfeito para sua nostalgia. Oque fica mais forte ao saber que tudo é capturado em meio a uma pandemia, mostrando a ideia de como o contraste do que se passa na tela e oque realmente está acontecendo além do isolamento da cantora, que mostra o fim de seu isolamento com uma filmagem rápida de um show de 2022, tirando a máscara de proteção para a plateia.
O filme mostra o momento em que Letrux faz um jogo de adivinhação junto a outra figura por trás das câmeras, para ir de uma persona a outra que resulta a artista hoje. Não é executado de forma orgânica em conjunto com o resto da obra e parece um artifício até mesmo deslocado em comparação com certo tratamento que o conjunto poético e imagético acaba se resultando.
Letrux: Viver é um Frenesi carrega poesia de forma direta e até mesmo nas suas entrelinhas, constrói uma bela humanidade caótica tragicômica dentro de uma artista musical, e consegue satisfazer espectadores além daqueles que admiram Letícia por sua música. Mesmo com algumas escolhas que desvinculam da beleza propagada pela direção, o documentário continua sendo um grande abraço da tela para quem se encontrava, ou se encontrará, na sala de cinema.
Nota: 4/5
Assista ao Trailer:
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