CRÍTICA | MIMO Festival -Manhã de Domingo podia ser muito mais do que um filme morno, mas não é
Manhã de Domingo conta a estória de uma professora de piano, que está se preparando para um recital. Mas acaba tendo um sonho com sua mãe e ela tenta se conectar ao passado de alguma forma. A ideia da narrativa é algo sedutor ao espectador, porém sua execução deixa a desejar no pouco tempo que a obra tem.
Mesmo o filme tendo uma direção técnica madura e funcional, o trabalho além do técnico não é algo que instiga o espectador a querer entender, ou até mesmo, ter o tempo para se simpatizar com a situação da protagonista. O mais complicado, se encontra no fato de que não se sabe se o roteiro mesmo esta perdido na sua condução, ou se a montagem é problemática. Oque também não ajuda a obra, pelo simples fato de que o filme é composto, em sua maioria, de planos longos e parados. Algo que não se faz necessário, uma montagem aguçada para tal obra.
O filme consegue criar um cenário depressivo e melancólico em certas sequências a noite. Algo que se tem grande dificuldade de executar, mas o curta consegue com boas escolhas de enquadramento e iluminação, além de um trabalho de captação de som, especificamente na trilha, que funciona. Mesmo a direção madura para construção de planos do diretor Bruno Ribeiro, o filme não se mantém na beleza imagética, muito menos na execução do roteiro e nas atuações.
O roteiro tem uma ideia que necessita de uma profundidade na atuação, na construção de personagens, e que fisgue o espectador a querer entrar nesse descobrimento familiar da protagonista, mas que nunc acontece. Algo que não se pode culpar a atriz principal, ela não tem nem tempo de tela para poder executar algo fora do que a própria condução da narrativa propõe. O diretor parece se perder em contar uma narrativa instigante e, ao mesmo tempo, querer fazer algo que conecte tal ideia narrativa com a contemplação do espaço em que a protagonista faz parte.
O roteiro não é carregado de diálogos, oque é algo positivo, e não trabalha com tantos personagens em sua condução narrativa. A relação Mãe e Filha com aquilo que pode ter sido um sonho, ou não, instiga o espectador a se perguntar sobre aquilo que aconteceu em certo plano estático, oque depois é abandonado pela resolução da protagonista, com um efeito de nostalgia e luto misturados. Mas que não impacta o espectador a esse ponto, pois o como foi criado tal laço de sentimentos para serem digeridos por aqueles que assistem a obra, não funciona. Não pela ideia, muito menos pelo quesito técnico, mas na direção de como levar tal narrativa.
Pela falta de uma escolha decisiva sobre a linha do roteiro, o filme parece, até mesmo, inacabado. Não digo que seja um trabalho displicente, existe delicadeza na construção atmosférica proposta pelo diretor, mas que em sua forma de fisgar o espectador a uma narrativa que não sabe se quer ser algo voltado para a ideia de um terror psicológico, ou até mesmo um drama, faz com que o filme falhe tristemente com sua proposta.
Manhã de Domingo é uma execução satisfatória no quesito técnico, mas que se perde naquilo que é o mais importante para quem se encontra dentro da sala de cinema: É a relação da narrativa com o espectador. Algo causado, pela falta de organização e condução ou sobre o roteiro, ou sobre oque a direção realmente tinha vontade de capturar com a câmera.
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