Crítica | Missão Presente de Natal – Produção da Netflix é uma mensagem sobre amor e empatia
Apostando no clima natalino, a líder dos streamings faz de Missão Presente de Natal uma reflexão sobre abnegação, enquanto conta uma história que utiliza a velha cartilha do “eles brigam tanto que isso acabará em namoro“.
O lado apaixonado do natal, sistematicamente, fica ao encargo das comédias românticas que se propõem a contar uma história de amor ambientada no clima natalino. A maioria desses filmes optam, no entanto, em deixar a data como um pano de fundo, ou como um elemento de relevância passageira. Mas, a Netflix fez um pouquinho diferente em Missão Presente de Natal: nada de neve, grossos casacos ou Nova York! O longa concede ao Natal uma importância a nível de protagonista, baseando-se numa ação humanitário verídica para discutir o poder da empatia, e como o “pouco” pode significar “muito” para algumas pessoas.
Sobre Missão Presente de Natal:
Buscando ser promovida, Erica Miller, uma assistente parlamentar, viaja para uma base aérea no Pacífico a pedido de sua chefe, furando o Natal com sua família. No local, ela precisa decidir se a base será fechada para corte de custos ou não.
O nascimento do amor entre duas pessoas tem sido contado desde os primórdios do cinema. Não tardou para que a Sétima Arte buscasse inspiração teatral e levasse para as telas as comédias românticas. No decorrer das décadas de 1990 e 2000, esse gênero criou longas que até hoje permanecem na mente de muitos como 10 Coisas que Eu Odeio em Você, Como Perder Um Homem Em 10 Dias, Um Lugar Chamado Notting Hill e Uma Linda Mulher. Quem tem abocanhado uma boa fatia desse nicho é a Netflix. Com frequência, a empresa investe nessa receita, usando um ingrediente indispensável: o clichê.
A Barraca do Beijo e Para Todos os Garotos que Já Amei são filmes que surgiram dessa empreitada e conquistaram um público fiel. Já, o filme em questão, Missão Presente de Natal, está alocado em uma categoria especial: comédia romântica natalina.
O diretor Martin Wood transforma o choque de realidade em combustível para construir a relação entre os protagonistas. Ainda que sua mão direcione a relação dos personagens para algo mais simples, sua intenção é dividir o tempo de tela entre o casal que se apaixonará e uma singela homenagem a operação natalina que o Departamento de Defesa dos EUA faz desde 1952; entregando suprimentos essenciais para os moradores de ilhas remotas. Logo, Wood usa modestamente seus 90 minutos para explorar esse romance de natal e mostrar alguns heróis da vida real.
Erica, vivida por Kat Graham (a inesquecível bruxa Bonnie, personagem da série Diários de um Vampiro), é a pessoa de fora que chega como uma “ameaça”. A atriz se sai bem quando depende do carisma, mas é mal explorada no quesito drama, culpa do roteiro que apresenta um conflito inicial interessante, resolvido mais tarde nos “quarenta e cinco do segundo tempo” de forma preguiçosa. Nada que afete a história ao extremo, todavia pode incomodar aqueles que esperavam algo nesse quesito, uma falha recorrente em filmes românticos da Netflix.
Alexander Ludwig, conhecido por dar vida ao Björn na série televisiva Vikings, vive o “mocinho”, conhecido como Capitão Andrew. Seu papel é o que mais abraça o lado cômico, misturando ironia e charme sem temer as consequências. Ludwig também transforma seu carisma em um pilar para tornar sua jornada algo que desperte nessa curiosidade. Diferente da sua colega de elenco, ele consegue mais tempo para expor as nuances de seu personagem, expondo um lado dramático equilibrado com o tom do filme.
Ambos, Alexander e Kat, conseguem fazer um bom trabalho como dupla, mas a química entre eles não é potente a todo momento. Quando estão separados, trocando olhares, sorrisos ou expressões indecifráveis, eles não funcionam. Em contrapartida, quando os dois estão juntos, trocando farpas e fazendo bom uso dos diálogos, a interação cresce e a química do casal convence. A beleza singela desse relacionamento é que o amor deles evolui, criando laços com a missão humanitária. Outros reflexos do amor ganham espaço no enredo: o amor ao próximo, o amor a família, o amor a profissão e o amor as raízes.
Há uma avalanche de acontecimentos previsíveis, de fato, e você pode comprar ou não as reações de personagens coadjuvantes. Missão Presente de Natal da Netflix é como aquele embrulho enfeitado com esmero que fica abaixo da árvore natalina, cujo conteúdo reforça as ramificações do amor e a prática da empatia. Em suma, é uma comédia romântica com boas intenções e uma premissa requentada, porém necessária.
O saldo positivo em Missão Presente de Natal também é justificado na ambientação de uma história que foge do frio urbano nova-iorquino que permeia boa partes das comédias românticas. O clima quente, com praias e paisagens litorâneas traz um ar de familiaridade para nós, que estamos acostumados com um Natal que flerta com o Verão.
Enfim, ainda que entregue uma história de namoro passageiro, Missão Presente de Natal funciona ao fixar sua mensagem positiva na mente do telespectador. No desfecho, quando a edição nos brinda com uma pequena amostra da história real que inspirou este filme, somos inspirados a pensar no próximo.
Recheando a tela com os efeitos gerados pela corrente do bem, o filme da Netflix presta continência a abnegação. Além disso, reforça um conhecido provérbio popular: “Fazer bem e não olhar a quem“. Incentivar gestos altruístas é uma ação que merece exaltação.
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