Skip to main content

CRÍTICA | Música entrega uma melodia de deliciosos clichês com acordes brasileiros

As comédias românticas centradas na vida de jovens adultos normalmente caem na mesma armadilha dos clichês, se tornando mais um em meio a uma prateleira cheia de previsibilidades, especialmente se pensarmos nos lançamento dos últimos anos. Mas quando falamos do novo longa “Música”, estrelado e dirigido por Rudy Mancuso, temos uma surpresa diferente ao nos depararmos com um clichê bem feito e muito gostoso de assistir. 

O filme, inspirado na vida real do diretor, narra a história de Rudy, um jovem estadunidense filho de mãe brasileira, que enfrenta uma rara condição chamada sinestesia. Tal condição faz com que as pessoas afetadas percebam múltiplos sentidos humanos simultaneamente, como tato, visão e audição, por vezes resultando em ansiedade e confusão. Durante o longa, Rudy, que é um talentoso artista apaixonado por música, vê sua vida tomar um novo rumo após o término de um relacionamento de longa data e o encontro com Isabella (interpretada por Camila Mendes), outra jovem estadunidense com ascendência brasileira por parte de mãe.

música

Música | Prime Video

A partir desse encontro, Rudy passa a enxergar a vida de forma mais harmoniosa, mas se vê diante do dilema de escolher romanticamente entre duas pessoas e decidir sobre seu futuro profissional, seguir sua paixão pela arte e pela música ou buscar uma carreira mais segura e estável, tudo isso enquanto lida com o típico controle da mãe brasileira em sua vida, dando palpites a todo momento.

Durante toda a narrativa, “Música” nos traz uma produção com narrativa e atributos técnicos norte-americanos, mas com um sangue brasileiro, presente na trilha sonora, nas falas e expressões em português muito bem trabalhadas no roteiros, na estética e nas críticas sutis à xenofobia que os imigrantes latinos enfrentam ao se mudarem para os Estados Unidos. Toda essa mistura tem um belo resultado, envolvendo o público em uma melodia e trazendo um humor que resgata a essência de algumas comédias brasileiras, como “Minha mãe é uma peça”, com boas referências ao Brasil e ao seu povo. 

Em “Música”, talvez o maior problema sejam as atuações, que deixam um pouco a desejar, em especial com uma certa falta de química no casal principal que, por estarem juntos na vida real, esperava-se um entrosamento melhor. Além disso, toda a obra corre por caminhos previsíveis, de forma que faltam algumas surpresas no desenrolar da trama. Alguns outros pontos, como as críticas ao racismo enfrentado pelos latinos, poderiam ter sido mais elaborados, já que, como produção estadunidense, essa era uma chance de dar voz à causa. 

Em linhas gerais, “Música” não é um filme que trará uma grande reviravolta ou será uma obra revolucionária, porém, mesmo com suas previsibilidades e clichês, o longa consegue nos dar agradáveis surpresas nos seus 92 minutos, se mostrando leve e divertido. Com leveza, honestidade e muito coração, a obra nos dá uma pequena, mas deliciosa, fuga da realidade, além de ser um acalento para o público do Brasil, que teve uma linda, e justíssima, representação por parte daqueles que o conhecem. 

Música está disponível na plataforma de streaming Prime Video.

Leia também:

Deixe um comentário