Crítica | Não Me Mate – filme da Netflix mistura romance e suspense e se perde no enredo
Ao ler a sinopse do novo filme da Netflix “Não me mate”, muitas perguntas permeiam a mente do telespectador. Após morrer de overdose, ao lado do namorado, Mirta(Alice Pagani) ressuscita sozinha e descobre que faz parte de um mundo violento e desconhecido. Ressuscita? Como assim? Podem questionar os curiosos telespectadores que passam pelo título em suas buscas pelo que assistir na Netflix. Essas e tantas outras perguntas, que podem aparecer no decorrer da narrativa, não são completamente respondidas durante o filme. E essa nem é a pior parte.
Que vivemos em um mundo violento e desconhecido isso não é nenhuma novidade. E no contexto da narrativa do filme, apesar do diretor acrescentar elementos fictícios e cenas trash, combinando-as com a apresentação de um relacionamento abusivo em vida e além dela, o mundo violento e desconhecido não é completamente apresentado ao telespectador.
Sem entrar em detalhes sobre os desdobramentos do enredo, é quase impossível apontar exatamente onde o filme de Terror, Romance, Coming of a Age errou. No início é impossível desvincular a imagem de Mirta(Alice Pagani)e Robin(Rocco Fasano) do casal Edward e Bella, da Saga Crepúsculo. As semelhanças estão no comportamento dos protagonistas, em algumas situações e até em certos detalhes da história. Mas, longe do clima romântico da saga de Meyer que fez o maior sucesso no início dos anos 2000, a história de Mirta e Robin é deprimente, abusiva e problemática demais.
A história é repleta de brechas sem explicação suficiente, a relação familiar de Mirta é mostrada de forma tão displicente que até se questiona a necessidade de estarem ali, a organização secreta apresentada posteriormente não convence em suas intenções. Para completar, o filme apresenta algumas atuações caricatas demais a ponto de não convencer e muito menos cativar. E isso pode ter sido feito de propósito, porque Robin não é visto pelos telespectadores através da perspectiva de Mirta, o que nos permite perceber melhor as intenções dele além da cegueira apaixonada da protagonista.
Mas nem todo esforço é em vão no filme “Não Me Mate”. É inegável que, apesar de todos os erros do filme, a atriz Alice Pagani consegue tirar leite de pedra e interpreta sua protagonista Mirta com tanta verdade e de forma tão cuidadosa e genuína que consegue prender o telespectador a ponto de instigá-lo a querer saber o que ela fará com sua “vida” a partir de tudo o que lhe acontece. A atuação dela e de dois coadjuvantes, interpretados pelos atores Silvia Calderoni(Sara) e Giacomo Ferrara(Ago) são o alívio em meio ao caos que é esse filme. Não conseguem salvar o filme por completo, mas ao menos tentam.
Não me mate é um filme que não vale o seu tempo, nem a sua atenção. Mas pelo esforço dos três atores já citados, vale duas estrelas. Se isso é o suficiente para você assistir, vá em frente! Mas garanto que há outras opções mais interessantes no catálogo de streaming da Netflix.
Ps. Pelo final do filme acredito que a plataforma de streaming e o diretor tentem fazer continuações. Deixaram um futuro livre e perguntas demais a serem respondidas, o que deixa uma possível brecha para sequências. Se isso for feito de forma a explicar melhor o que aconteceu diante de nossos olhos nesta frustrante tentativa de começo, podem atrair curiosos ou distraídos. mas, considerando que poucos resistirão até o fim deste primeiro filme, terão que se superar na próxima vez.
Dirigido por Andrea de Sica( Baby) e baseado em um livro best seller chamado “Non Mi Uccidere”, escrito pela falecida autora italiana Chiara Palazzolo(1961-2012), o filme Não me Mate está disponível na Netflix.
Nota: 2/5
Assista ao trailer:
Ps. A tentativa de fazer do filme um novo tipo de “Crepúsculo” se confirma com o clipe de uma música tema pop, cantada pela Chadia Rodriguez, rapper italiana. O clipe possui até trechos do filme. A música e o clipe são melhores que o filme:
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